Estamos se aproximando do final da temporada 2021, um ano que nos deparamos com um campeonato extremamente disputado entre os pilotos, mas algumas surpresas também se fizeram presentes ao longo do caminho. Ainda temos seis etapas pela frente, algumas pistas que são uma incógnita quando ao desempenho das equipes, mas vão contribuir com a batalha que se estende até aqui.
A Turquia retornou para o calendário da Fórmula 1 no ano passado, mas foi um circuito desafiador para as equipes, principalmente por conta da falta de aderência. Nesta temporada os times se depararam com um circuito mais fácil de guiar, mas também viveram o dilema quanto ao acerto ideal do carro.
Analisando a última passagem da categoria, identificamos a dificuldade de a Red Bull configurar o carro, desta vez não foi diferente, eles também encontraram um desafio em pista seca, mas para a pista molhada o time austríaco conseguiu lidar melhor. Desta forma concluíram o GP da Turquia com um pódio duplo.
Vamos ao Raio-X da etapa, mas focado nas disputas do Campeonato de Construtores.
Mercedes Vs. Red Bull
433.5 pontos x 397.5 pontos
Apenas 36 pontos estão separando a Red Bull da Mercedes, no Campeonato de Construtores as coisas estão ainda mais favoráveis para a equipe alemã, mas no campeonato de pilotos, o cenário mudou mais uma vez, agora é Max Verstappen que está mais uma vez na ponta (262.5 vs 256.2 de Hamilton).
Para a Red Bull conquistar os construtores é algo bem interessante, mas para isso eles precisam ter uma sequência de resultados superiores aos obtidos pelo time alemão, além de outros fatores para reduzir a distância.
Na Turquia a Mercedes conquistou 36 pontos com a vitória e volta mais rápida obtida por Valtteri Bottas, além da 5ª posição conquistada por Lewis Hamilton. Resultado superior ao do time austríaco que deixou a Turquia conquistando 33 pontos, mas mesmo com o pódio duplo, obteve menos pontos que os rivais ao título.
O saldo para a Red Bull é positivo tento em vista que nesta pista o prejuízo poderia ser maior, justamente por conta da dificuldade que tiveram para configurar os seus carros durante os treinos livres. Com o circuito molhado, a dupla conseguiu apresentar um trabalho melhor, Max Verstappen se classificou na 3ª posição, mas herdou o 2º lugar por conta da punição de Lewis Hamilton. Enquanto Sergio Pérez não teve uma classificação incrível, mas conseguiu se beneficiar da punição de Pierre Gasly e o problema da largada de Fernando Alonso, mas ainda realizar uma ultrapassagem em Charles Leclerc que contribuiu para o seu resultado.
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A Mercedes deu preferência pelo conservadorismo e realizou a troca dos pneus de Hamilton quando restavam oito voltas para o final, resolveram não arriscar, correndo o risco de não terminar a prova por conta de um furo do pneu. O inglês que começou a prova do 11º lugar, concluiu ela em 5º lugar.
Nesta etapa a Mercedes também precisou realizar a troca de um elemento do motor de Hamilton, forçando o piloto começar a corrida do 11º lugar por conta da punição – depois de exceder o limite de motores do ano. Hamilton fez uma corrida de recuperação, o time não quis fazer uma troca completa do motor, enviando o seu piloto para a última posição. Com relação ao motor da Mercedes, teremos que observar as próximas etapas e verificar se a Mercedes realizará a troca de outros componentes.
Valtteri Bottas fez uma corrida consistente, herdou a pole, mas soube conservar a ponta, ajudando a Mercedes na conquista de mais uma vitória, mas também por ter evitado outra vitória da Red Bull na temporada.
McLaren x Ferrari
240 pontos x 232.5
A disputa pela terceira posição do campeonato perdura, desta vez tivemos uma performance da McLaren mais apagada, depois de grandes corridas realizadas após o retorno das férias da Fórmula 1.
O ritmo da dupla da McLaren nunca foi muito bom durante todo o fim de semana, eles também lideram com a falta de aderência da parte frontal do carro, onde só conseguiram ‘limitar os danos’. Daniel Ricciardo passou por uma classificação ruim, troca de alguns componentes do motor e, terminou a corrida fora da zona de pontuação.
Enquanto a Ferrari aproveitou o momento para mostrar uma boa performance, Charles Leclerc contou com a nova unidade de potência instalada no GP da Rússia, mas a equipe italiana também fez a troca do motor de Carlos Sainz na Turquia. Durante todo o fim de semana eles tiveram ritmo, algo que até frustrou o piloto espanhol, que acreditava que poderia ter um resultado melhor se não fosse a troca do motor.
A estratégia de colocar Sainz para participar de parte da classificação foi bom, pois o piloto largou do 19º lugar, depois da troca do motor de Ricciardo ser realizada pós classificação. A Ferrari esteve andando à frente durante todo o fim de semana. Com o motor atualizado, é esperado que os italianos tenham resultados melhores e possam desafiar a McLaren contando com mais competitividade nas próximas corridas do ano.
Charles Leclerc esteve próximo de terminar a corrida no pódio, mas teve que se contentar com o P4, o momento de realizar a parada o monegasco não foi muito boa – ele quase terminou a corrida sem paradas. Leclerc foi ultrapassado por Sergio Pérez nas últimas voltas. O resultado foi frustrante para o piloto, principalmente após a grande largada, administração do P3 até a volta 36, a possibilidade de vencer a corrida quando arriscou não parar, mas as outras decisões fizeram o piloto terminar fora do pódio.
Alpine x AlphaTauri x Aston Martin
104 pontos x 92 pontos x 61 pontos
Ainda temos este duelo pela 5ª posição do Campeonato de Construtores, ainda que a distância da Aston Martin para a Alpine tenha ampliado neste momento do campeonato.
Devemos levar em consideração que a Alpine está conseguindo coletar bons pontos com os seus dois pilotos, enquanto AlphaTauri e Aston Martin passaram por algumas corridas sem obter novos pontos.
Na Turquia, Fernando Alonso apresentou um bom ritmo, começou a corrida entre os cinco primeiros. Esperávamos que o espanhol dificultasse a corrida de Hamilton, mas o toque com Pierre Gasly no começo da corrida, tirou as chances da Alpine de conquistar mais pontos. Alonso rodou, caiu para o final do pelotão e ainda foi penalizado por um toque com Mick Schumacher. O que era para ser um outro bom resultado do piloto espanhol, ficou só na vontade, sorte para as equipes que estão rivalizando diretamente com a Alpine.
Desta forma a equipe francesa deixou a Turquia com apenas um ponto, pois Esteban Ocon terminou a corrida no décimo lugar, depois que eles optaram por completar a corrida com o mesmo pneu da largada. O piloto francês correu o risco de ser ultrapassado no final, pois estava com os pneus bem desgastados e Antonio Giovinazzi reduziu bem a diferença entre eles no outro giro.
Para a Aston Martin foi a oportunidade de capitalizar dois pontos com Lance Stroll, pois o canadense terminou a corrida na nona posição, mas acabou realizando uma corrida apagada. O erro do seu time, também impossibilitou um resultado melhor com Sebastian Vettel e possivelmente mais dois pontos. Eles apostaram na instalação dos pneus médios, mas Vettel perdeu completamente a aderência, não conseguindo trabalhar o aquecimento dos compostos e como precisou de uma segunda parada, não pode mais brigar por posições.
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A AlphaTauri também esteve perto de pontuar com os dois pilotos nesta etapa. Pierre Gasly apresentou mais uma vez um bom trabalho, liderou um treino livre, esteve sempre tentando ficar entre os dez e se classificou bem quando conquistou o P5, mas largou de P4. O que comprometeu a sua corrida, foi o toque com Fernando Alonso na largada – depois do sanduíche com Sergio Pérez – além da punição de cinco segundos recebida. De qualquer forma ele terminou na zona de pontuação, ficando com o P6.
Há algum tempo não conseguíamos ver um bom resultado de Yuki Tsunoda, mas o japonês fez uma classificação excepcional, chegando ao Q3. Na corrida ele chamou a atenção, principalmente por ter defendido muito bem a posição dos ataques de Hamilton. A corrida teve seguimento e Tsunoda comeu um erro, rodou sozinho e foi ultrapassado por Giovinazzi. Depois da sua parada, o piloto que já estava abaixo do Top-10, permaneceu por lá. No entanto, o GP da Turquia serviu para restaurar a confiança do piloto.
O próximo embate é nos Estados Unidos, a Aston Martin depende de um resultado positivo, mas também de problemas dos concorrentes para se aproximar mais uma vez da batalha. A AlphaTauri tirou proveito desta vez, principalmente após Fernando Alonso ficar fora da zona de pontuação. É uma das batalhas mais interessantes, principalmente porque o cenário acaba mudando, pois além de contar com os seus desempenhos, eles precisam ficar atentos com equipes como Ferrari e McLaren, mas também a Williams, para negociar um espaço no Top-10.
Williams
23 pontos
A Williams se consolidou na oitava posição do campeonato, portanto corre por fora nesta disputa do final do pelotão. A equipe apresentou um bom crescimento, sabendo se aproveitar das oportunidades para pontuar, portanto desde o retorno das férias, o GP da Turquia é a primeira vez que vemos a Williams esteve apagada.
O fato de não ter chuva na classificação, não contribuiu para a dupla da Williams avançar no pelotão, mas no domingo, com a neutralização dos desempenhos, a dupla de pilotos não teve a oportunidade de avançar no grid. Também não tivemos abandonos nesta corrida, circunstâncias que ajudam o time nos seus resultados.
Eles conseguiram superar a dupla da Alfa Romeo nas últimas provas, ‘criaram gordura’ para assegurar o oitavo lugar. Desta vez a dupla da Williams foi superada pela Alfa Romeo em corrida, por conta do embate de Russell com pilotos como Ocon e Alonso no início da prova, o piloto perdeu terreno. Russell terminou o GP da Turquia em P15, enquanto Latifi foi P17.
A equipe busca conquistar mais alguns pontos até o final da temporada, pois agora estão melhores na capitalização de pontos, sabendo se aproveitar melhor das classificações realizadas com chuva.
Alfa Romeo
7 pontos
A Alfa Romeo não encontrou espaço para pontuar no GP da Turquia, agora não é uma questão de se defender da Williams ou ultrapassar o time de Grove, mas obter pontos para terminar a temporada superando a pontuação do ano passado (8 pontos).
Antonio Giovinazzi e Kimi Raikkonen não tiveram uma boa classificação, mas na corrida o piloto italiano fechou a prova em P11, com o finlandês em P12. A dupla largou muito bem, brigou por espaço, Giovinazzi protagonizou um bom ataque quando ultrapassou Daniel Ricciardo, se aproveitando da dificuldade que o australiano enfrentava. Na última volta da corrida ele esteve perto de ganhar o P10 de Ocon, mas não teve tempo hábil para brigar pela posição.
São outra equipe do grid que contam com adversidades do pelotão da frente para obter pontos, desta vez chegaram perto. A Alfa Romeo tinha melhorado um desempenho melhor em classificação, mas ainda existem alguns circuitos onde os problemas e questões do carro acabam falando mais alto.
Aguardamos ainda a confirmação do piloto que será companheiro de Valtteri Bottas em 2022, a Alfa Romeo ainda não fez o seu anúncio.
Haas
0 pontos
Mick Schumacher foi um destaque da classificação, o piloto levou a Haas para o Q2, depois de derrotar a dupla da Alfa Romeo. O piloto fez uma boa largada, tinha a oportunidade de conseguir um resultado interessante (mesmo que fora dos pontos), mas o toque com Fernando Alonso empurrou ele para o final do pelotão, ficando mais uma vez próximo do companheiro de equipe.
O importante para a Haas foi ter deixado o GP da Turquia sem danos nos carros, algo que eles vão precisar administrar até o final da temporada. Depois que optaram por fazer a temporada sem atualizações e voltados para o campeonato do próximo ano, só resta para o timo lidar com adversidades na corrida e comemorar os pequenos feitos, mas que para eles são relevantes.
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