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Raio-X do GP da Hungria – Aquele com vitória da Red Bull e derrota da Ferrari

Em novo embate da temporada, Ferrari desperdiça oportunidade de descontar ponto e novamente tem resultado ruim

O GP da Hungria foi palco da 13ª etapa da temporada 2022, mesmo em um circuito travado tivemos várias disputas. A Red Bull contabilizou mais uma vitória, mas a prova realizada no Hungaroring também marcou a incompetência da Ferrari quando precisa tomar decisões.

Optei por dividir o Raio-X dessa prova, focando em times específicos e no texto de hoje falo sobre Red Bull, Ferrari e Mercedes, pois foram os times que novamente roubaram a cena neste fim de semana.

A Ferrari chegou na pista como o time favorito, todos apostavam as fichas na equipe italiana. A Red Bull acreditava que seria um duelo intenso, além disso, a Mercedes não contava com uma boa classificação, mas as coisas mudaram rapidamente.

O clima mudou bastante ao longo dos três dias, tivemos pista quente na sexta-feira, enquanto no sábado as temperaturas abaixaram e a chuva tomou conta do TL3. A mesma chuva era esperada para a classificação, mas a sessão foi realizada em pista seca, com apenas os pneus macios sendo trabalhados. No domingo uma garoa fina e os fortes ventos estiveram presentes durante toda a prova, mas os times não precisaram trabalhar com os pneus de chuva.

RED BULL

Mesmo com uma classificação ruim, a Red Bull conseguiu reverter o jogo e conquistou mais uma vitória com Max Verstappen – Foto: reprodução Red Bull

A Red Bull deixou a Hungria com uma certeza: não precisa se esforçar muito nas próximas corridas, mesmo com ainda nove corridas pela frente, Max Verstappen pode ir administrando o Campeonato.

Na sexta-feira o time austríaco contou com uma nova asa traseira para verificação. Os pilotos partiram para trabalhar o ritmo de classificação e corrida, mas por diversas vezes Verstappen reclamou da atuação do carro. Geralmente o holandês é um dos pilotos que mais sente dificuldade na condução do carro no início das atividades, o time ainda está testando algumas coisas, enquanto busca o equilíbrio ideal para o carro.

Todos contavam com a chuva no sábado, mas as coisas mudaram, em pista seca, o RB18 não conseguiu render durante a classificação. Sergio Pérez não conseguiu encaixar uma boa volta no Q2, o mexicano tentou avançar, mas teve uma volta excluída por conta dos limites de pista. Após a avaliação das imagens, o tempo foi devolvido ao piloto. Pérez usou um segundo jogo de pneus macios, que também não foram efetivos e geraram a sua eliminação. O piloto conseguiu apenas o 11º lugar para a largada.

Com Max Verstappen não foi diferente, o piloto holandês não conseguiu um bom ritmo no Q3 e na sua segunda tentativa de volta rápida começou a lidar com falta de potência do motor. A Red Bull aproveitou a nova regra de troca de motores em parque fechado, para realizar a sua última troca dentro do que é permitido pelo regulamento.

No domingo o holandês começou a prova da décima posição e junto com Pérez foram escalando o grid. Verstappen conquistou a 8ª vitória da temporada 2022, um resultado que parecia improvável no começo da prova. O holandês precisou realizar duas ultrapassagens em Leclerc, pois após a primeira tentativa rodou – Pérez foi fundamental neste momento, pois atrasou George Russell.

Com o encerramento da prova o piloto não acreditava no resultado que conquistou, principalmente pela prova ser realizada na Hungria, que é um circuito difícil de ultrapassar. O piloto contou com um bom ritmo fornecido pela nova unidade de potência, mas também com as estratégias traçadas por Hanna Shimitz. A estrategista foi calculista, mas trabalhou dentro da margem que era esperado, desta forma o holandês avançou para a sua vitória.

Sergio Pérez não conseguiu o mesmo ritmo que o seu companheiro de equipe, mas terminou à frente de Charles Leclerc, conquistando o quinto lugar. O mexicano sentiu mais dificuldade no trecho final da prova, principalmente quando a pista começou a ficar mais fria e o Virtual Safety Car foi acionado, deixando os pneus dos pilotos mais frios.

A Red Bull poderia ter jogado a corrida no lixo se tivesse apostado nos pneus duros, mas perceberam que eles não eram ideias, principalmente por conta das condições de pista. Mesmo com uma Ferrari rápida, a Red Bull foi capaz de alcançá-los, contando com um ritmo forte e a boa estratégia que possibilitou as ultrapassagens.

FERRARI

A Ferrari conseguiu um bom resultado na classificação, mas prejudicou a corrida dos seus pilotos e encerrou o GP da Hungria com um resultado ruim – Foto: reprodução Ferrari

Novamente a Ferrari começou o fim de semana em uma boa performance, realmente tendo um desempenho dentro do que era esperado. Conseguiram trabalhar na afinação das configurações, algo extremamente útil para as outras sessões do fim de semana.

No TL3, com pista molhada, os pilotos avaliaram mais uma vez o seu carro, Charles Leclerc quase ficou com a liderança da atividade, mas foi surpreendido por Nicholas Latifi. A classificação foi realizada em pista seca, mas a dupla da Ferrari perdeu a pole para George Russell, enquanto Carlos Sainz superou Charles Leclerc.

A Ferrari precisava traçar uma meta para o domingo, nada muito drástico, pois eles tinham uma vantagem boa para a Red Bull, com os seus pilotos largando do meio do pelotão. A grande questão do domingo foi a estratégia adotada pelo time italiano.

No carro de Russell a Mercedes instalou os pneus macios, enquanto a dupla da Ferrari começou com os médios. Sainz partiu para o ataque na largada tentando brigar pela ponta com o piloto britânico, mas o adversário foi duro. Nas voltas seguintes o ritmo de Sainz e Leclerc eram bem parecidos, eles foram poupando pneu, mas Russell conseguiu estabelecer uma distância para o segundo colocado.

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A Ferrari realizou dois stints de médios, mas na primeira parada de Sainz, o piloto ficou mais tempo do que deveria nos boxes, com a Ferrari ‘segurando’ o espanhol, pouco depois Leclerc ganhou a posição do companheiro de equipe. A segunda parada de Sainz foi igualmente desastrosa, com um problema para trocar o pneu traseiro esquerdo.

O estrategista apostou todas as fixas na corrida de Leclerc, mas realizou um stint mais curto com o segundo jogo de pneus médios e arriscou um jogo de compostos duros na segunda parada. O monegasco não tinha aderência alguma na pista e ficou completamente vulnerável na pista. Os pilotos não compreenderam a decisão tomada pelo time, principalmente pelo ritmo com os pneus médios ser bom.

A realidade é que as escolhas estratégias da Ferrari comprometeram a sua corrida, Leclerc fechou o domingo na sexta posição, enquanto Sainz foi o quarto colocado, onde de uma possível vitória, acabaram superados por Red Bull e Mercedes.

Mattia Binotto, chefe de equipe da Ferrari ainda tentou não responsabilizar a estratégia adotada, informando que o ritmo do carro não era bom na Hungria, minimizando um novo erro do time quando claramente os pilotos tinham capacidade de conquistar um bom resultado no domingo, mesmo sendo superado por Russell na classificação.

MERCEDES

Mercedes deixa a Hungria com mais um pódio duplo – Foto: reprodução Mercedes/Daimler

O que nos leva a abordar o fim de semana da Mercedes na Hungria. O time não tinha muitas expectativas com a pista, pois acreditavam que o modelo do seu carro não seria compatível com a pista. No início das atividades Russell reclamou um pouco do baucing, enquanto Hamilton danificou o assoalho do seu carro no TL2. A participação da Mercedes na sexta-feira foi um pouco mais apagada, com até mesmo a McLaren surgindo e revelando um ritmo melhor.

A classificação foi satisfatória para George Russell que conquistou a sua primeira pole da carreira, melhorando o tempo conquistado por Carlos Sainz. Lewis Hamilton que conta com oito poles no circuito também era um forte candidato a conseguir uma nova pole, mas o problema no seu DRS fez o piloto perder a ‘potência’ necessária para encaixar uma boa volta rápida no traçado, desta forma começou a corrida da sétima posição.

A Mercedes deixou a Hungria com mais um resultado incrível, Lewis Hamilton se recuperou durante a prova, conseguindo o 2º lugar, enquanto George Russell fechou a prova na 3ª posição.  Hamilton avançou rapidamente no início da corrida, usando uma estratégia parecia com a da Ferrari, mas sem incluir os pneus duros. O piloto conseguiu ganhar a posição de Sainz e depois ultrapassou Russell, seu carro tinha muito ritmo para talvez brigar com Max Verstappen no final da prova, mas o Virtual Safety Car provocado pelo abandono de Valtteri Bottas atrasou os seus planos.

Hamilton fez o último trecho da prova com pneus macios e com o carro mais leve e a garoa final, conseguiu controlar o carro até a linha de chegada. A Mercedes deu um grande salto desde a sexta-feira quando estavam lutando com as suas configurações.

E o retorno das Férias?

A imagem antes das férias é a recuperação da Mercedes e o da força da Red Bull, sem uma Ferrari no pódio por conta de erros – Foto: reprodução

A Ferrari cometeu vários erros nessa primeira fase do Campeonato, as estratégias problemáticas, assim como os problemas no motor, não deixam nenhuma expectativa para uma mudança na próxima fase da temporada. O time italiano acreditava ter plena capacidade de vencer as próximas provas, mas se continuar no mesmo embalo, pode até mesmo ser derrotada pela Mercedes.

O time alemão se recuperou, o carro está bem melhor e sua dupla de pilotos coletou pontos importantes, não deixando escapar as oportunidades. A Mercedes tem tudo para ser um adversário difícil na próxima fase, principalmente com as últimas duas dobradinhas conquistadas.

A Red Bull segue com uma temporada muito consistente e mesmo não precisando se esforçar muito nesse retorno das férias, eles certamente vão com tudo, buscando mais uma sequência de bons resultados focados em ampliar a sua diferença para os adversários. O time austríaco provavelmente conquistará o título, merecendo-o ao final da temporada, por ter feito um trabalho consistente de desenvolvimento do RB18.

Talvez a única falha da Red Bull seja o decaimento de desempenho de Sergio Pérez depois que as últimas atualizações foram instaladas nos carros e que merece uma atenção até Abu Dhabi, para que eles possam capitalizar a maior quantidade de pontos possíveis.

O time italiano fica marcado exclusivamente por suas falhas, mesmo contando com uma boa dupla de pilotos e um carro excepcional, o que falta na equipe é organização e principalmente eles admitirem os erros, antes de promover mudanças.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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