Inspirados pela Associação de Pilotos de Grande Prêmio de Fórmula 1 (GPDA), os pilotos e copilotos do Campeonato Mundial de Rali da FIA se reuniram para manifestar o descontentamento com as regras de linguagem imprópria definidas no início do ano.
A novela foi iniciada na Fórmula 1, por conta de um atrito entre o presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem e os pilotos da categoria. Não é apenas o uso dos palavrões, mas o presidente já tentou controlar muito mais do que isso, o uso de joias, manifestações e até mesmo a roupa íntima dos pilotos.
Quanto o uso de palavrões, Ben Sulayem acredita que o automobilismo é um esporte mais evoluído e por isso não cabe o uso de tal linguagem nele. O presidente também se mostra desconfortável com como essa linguagem bombardeia as famílias, quando elas estão acompanhando o esporte, e é uma responsabilidade dos pilotos manter a integridade.
No início deste ano, foi publicada uma alteração do Código Esportivo Internacional, endurecendo ainda mais as regras relacionadas ao uso de palavrões, bem como de outras manifestações que os pilotos poderiam realizar.
Embora exista uma certa diferenciação entre as categorias da FIA, tanto com relação à aplicação da multa (valores) como a suspensão, as regras abrangem todas as categorias de chancela da FIA.
A Fórmula 1 não retornou, mas no ano passado Max Verstappen e Charles Leclerc receberam punições pelo uso de palavrões. A temporada 2025 do automobilismo já foi iniciada, com isso tivemos o primeiro piloto punido. Adrien Fourmaux, que representa da Hyundai no WRC foi punido pelo uso de um palavrão em uma entrevista após o encerramento da etapa.
O piloto teve uma multa de € 30 mil aplicada, mas apenas € 10 mil foram cobrados, deixando € 20 mil suspensos pelo período de 12 meses, que só serão cobrados se o competidor repetir a atitude.
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Para a aplicação de multas e penas, os comissários vão levar em consideração a ‘ordem’ da categoria, na Fórmula 1 elas têm a tendência de serem mais severas, pois serão multiplicadas por quatro.
Mesmo com as novas regras, os comissários avaliarão a situação, levando em consideração vários fatores, como o momento que palavrão foi usado, se tinha a intenção de ofender alguém, a língua nativa do piloto, seu histórico, entre outros critérios.
No ano passado os pilotos da GPDA já tinham sinalizado a insatisfação, com como a FIA estava os tratando. Levando a publicação de uma carta aberta questionando vários fatores, inclusive a utilização do valor das multas (como eram aplicadas), além desse controle extremo sobre a linguagem que vem sendo usada. Porém, não era esperado por eles que a FIA poderia ser ainda mais severa.
Portanto, com o primeiro piloto punido no WRC, fez com que ocorresse uma manifestação de descontentamento, seguindo o que já foi feito na GPDA.
“Os pilotos de rali e copilotos da WORDA, inspirados por seus colegas da GPDA, se unem para expressas suas opiniões, buscar clareza e cooperar para um futuro brilhante”, começou a nota redigida pelos pilotos do WRC sobre a “Má conduta dos pilotos”.
“Primeiramente, gostaríamos de declarar que, como é o caso em todos os esportes, os competidores devem obedecer à decisão do árbitro. O respeito a esse princípio não é uma questão.”
“Não somos todos profissionais em tempo integral, mas todos enfrentamos as mesmas condições extremas com a mesma paixão implacável. Seja navegando por florestas densas, por pistas congeladas na calada da noite ou pela poeira em trilhas de cascalho traiçoeiras, nós nos esforçamos ao limite – contra elementos, conta o relógio e contra nossos próprios limites”.
“Além das corridas, nosso papel se expandiu. Hoje, pilotos de rali e copilotos não são apenas atletas, mas também artistas, criadores de conteúdo e figuras constantes da mídia. Dos smartphones dos espectadores às câmeras oficiais do WRC, espera-se que estejamos disponíveis o tempo todo, antes durante e depois da competição, do amanhecer ao anoitecer.”
“A WORDA sempre reconheceu nossas responsabilidades e comprometimento em colaborar de forma construtiva com todas as partes interessadas, incluindo o Presidente da FIA, a fiam de promover e elevar nosso esporte de destaque para o benefício de todos.”
“Nos últimos meses, no entanto, houve um aumento alarmante na severidade das sanções impostas por lapsos de linguagem menores, isolados e não intencionais. Isso atingiu um nível inaceitável.”
“Acreditamos fortemente que: – O coloquialismo comum não pode ser considerado e julgando como equivalente a um insulto genuíno ou a um ato de agressão. – Pessoas que não falam a língua materna podem usar ou repetir temos sem plena consciência de seu significado e conotação. – Segundos depois de um pico extremo de adrenalina, não é realista esperar um controle perfeito e sistemáticos sobre as emoções.”
“O Rali é Extremo: o nível de risco para os atletas, intensidade do foco, duração dos dias… todos os limites são atingidos.”
“Em tal caso, questionamos a relevância e validade de impor qualquer tipo de penalidade. Além disso, as multas exorbitantes são vastamente desproporcionais à renda média e ao orçamento em ralis.”
“Também estamos preocupados com a impressão pública que essas quantias excessivas criam na mente dos fãs, sugerindo que esta é uma indústria onde o dinheiro não importa.”
“Isso também levanta uma questão fundamental: para onde vai o dinheiro dessas multas? A falta de transparência só amplifica as preocupações e mina a confiança no sistema.”
“Certamente as impressões negativas em torno dessas penalidades superam em muito o impacto de qualquer lapso de linguagem.”
“Apelamos para uma comunicação direta e envolvimento entre o Presidente da FIA e os membros da WORDA para encontrar uma solução urgente e mutuamente aceitável.”
— Sébastien Ogier (@SebOgier) February 24, 2025
A nota termina com o nome dos pilotos.
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Os competidores também levantaram o questionamento sobre a aplicação do valor dessas multas. O descontentamento do que tem sido feito com o esporte é mútuo, além disso, ele pode afetar a competição de várias maneiras, principalmente quando levamos em consideração que suspensões de membros podem acontecer com o campeonato em desenvolvimento.
Para completar, na última semana a FIA já entrou em contradição, quando os comissários não puniram Dan Ticktum pelo rádio trocado com sua equipe durante a etapa da Fórmula E, na Arábia Saudita.
As medidas para atitudes semelhantes mais uma vez ajudam nas desconfianças levantadas quanto a integridade das competições.
Vamos ver quanto tempo a FIA ou o presidente da instituição leva para rebater a nota.
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