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Pilotos, Coaches e Engenheiros

Muitas vezes podemos observar as conquistas da combinação de pilotos com engenheiros, por exemplo Gordon Murray/Nelson Piquet, Ross Brawn/Michael Schumacher e outros exemplos podem ser listados. Quando pensamos nos profissionais na Fórmula 1, eles são a elite no desempenho de suas funções. Seguindo o exemplo que vem do topo, equipes nas competições de base buscam os benefícios da tecnologia para derrotar os adversários. De tal forma que hoje temos engenharia sendo aplicada em categorias de base onde os pilotos adolescentes ainda são estudantes.

Quando olhamos para a formação acadêmica, um piloto adolescente é aquele aluno que gostaria de estar na pista quando tem que ficar em salas de aula. Já o estudante de engenharia para se formar precisa aprender cálculo, equações diferenciais, cálculo numérico e todas as fórmulas necessárias para conseguir o melhor desempenho de recursos disponíveis. Pilotos e engenheiros devem estudar de acordo com os objetivos que tem na vida. A ideia não é comparar vida acadêmica de pilotos adolescentes e engenheiros.

Em termos tecnologia aplicada em motorsports eles não são preparados da mesma forma para lidar com números, tabelas e gráficos gerados com os dados da telemetria para avaliar desempenho na pista. Desde criança pilotos ao volante de monopostos aprendem como lidar com a inércia em mudanças de direções, acelerações e freadas. Não há simulador que consiga dar ao engenheiro as sensações experimentadas nas disputas nas pistas.

Podemos então ver o quão diferentes são pilotos e engenheiros que trabalham juntos em categorias de base. Para conciliar as diferenças e maximizar os resultados da combinação de pilotos e engenheiros nas categorias de base temos os coaches de pilotos. Eles usam experiência prévia em motorsports para atuar como intérprete entre as sensações na pista e as informações de engenharia.

Tive a oportunidade de acompanhar o trabalho de Beto Monteiro com Kiko Porto nos testes de pré-temporada 2021 da USF 2000 na Road to Indy, quando também pude falar com Roberto Moreno sobre o trabalho de coaches. É interessante como um coach experiente pode dizer o que esperar do comportamento do carro após modificações de acerto solicitadas por um engenheiro. Por mais que o engenheiro possa dizer ao piloto que pode acelerar logo após o apex de uma curva específica, o coach pode falar ao piloto para sentir o carro após o Apex para não perder a traseira na saída da curva.

Um piloto não pode fazer loucuras repetidas vezes para andar rápido sob o risco de perder o controle do carro. Ele apenas precisa sentir confiança no carro para se comprometer com a velocidade necessária nas curvas acreditando que vai manter o carro sob controle mesmo quando pilotando no limite. Confiança no carro é um aspecto subjetivo que não é garantida por números que indicam o que pode ser alcançado. Daí a importância dos coaches

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Rubens Gomes Passos Netto

Editor chefe do Boletim do Paddock, me interessei por automobilismo cedo e ao criar este site meu compromisso foi abordar diversas categorias, resgatando a visão nerd que tanto gosto. Como amante de podcasts e audiolivros, passei a comandar o BPCast desde 2017, dando uma visão diferente e não ficando na superfície dos acontecimentos no mundo da velocidade. Nas horas vagas gosto de assistir a filmes e séries de ação, ficção científica e comédia. Atuando como advogado, também gosto de fazer análises e me aprofundar na parte técnica.

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