A W Series foi uma categoria criada para dar mais visibilidade para as mulheres no automobilismo. Sabemos que ter uma carreira de sucesso no automobilismo não é algo fácil, ainda mais quando se é um pilota e falamos da falta de investimento e por consequência elas não tem visibilidade e nem a famosa: oportunidade.
A primeira temporada da W Series foi disputada em 2019, quando a categoria surgiu várias pessoas ficaram em dúvida, principalmente sobre a sua importância para o automobilismo. Porém, ela se provou uma categoria importante e conforme foi ganhando um pouco mais de espaço, deu a possibilidade para que as mulheres recebessem mais convites.
Muitos questionavam a necessidade de uma categoria exclusiva feminina, se essa não seria uma forma ruim de dividir ainda mais as mulheres, mas a realidade é que ainda existe pouco incentivo na base. A W Series surgiu como uma categoria que apoia as mulheres, não apenas nas pistas mas também fora delas e isso acaba gerando uma cadeia que proporciona a visibilidade.
Jamie Chadwick é bicampeã na categoria, com os seus feitos na W Series foi contratada pela Williams para ser pilota de desenvolvimento. Jessica Hawkins se tornou embaixadora na Aston Martin, Alice Powell passou a fazer parte do programa de desenvolvimento de jovens talentos da Alpine, dando assistência para Abbi Pulling. Beitske Visser que tinha competido em GTs, disputou a 24 Horas de Le Mans na classe LMP2 com a Richard Mille, dividindo o carro com outras mulheres, outras mulheres que estão na categoria também tiveram oportunidades, esses são apenas alguns exemplos.
Visibilidade, é algo extremamente importante para a carreira das pilotas, principalmente quando elas estão competindo contra homens por vagas. Infelizmente, muitos patrocinadores e olheiros no automobilismo ainda dão prioridade aos homens, pois ainda é um esporte visto como algo masculino. Para as mulheres ainda é necessário quebrar uma barreira do preconceito, este é um dos motivos para muitos acreditam que ainda nos próximos cinco anos, quem sabe até mesmo dez, uma mulher ainda não estará no grid da Fórmula 1.
Diante desse cenário e ainda com a visibilidade que a W Series proporcionou, principalmente ao dividir pista com a F1 em seu segundo ano de campeonato – ainda vemos que existe um caminho muito longo para percorrer. Jamie Chadwick mesmo como bicampeã da categoria, dominando as pistas não conseguiu uma vaga para disputar o campeonato de F3 da FIA ou a F2, agora a pilota busca os Estados Unidos para dar continuidade ao seu desenvolvimento e carreira no automobilismo.
A imprensa internacional aponta que talvez o GP de Singapura que será disputado neste fim de semana, seja a última corrida da temporada da W Series. A categoria enfrenta problemas financeiros o que levaria o encerramento precoce do campeonato.
Depois da prova disputada na Hungria, a W Series entrou em férias, retornando em Singapura, a corrida em Marina Bay foi escolhida para apresentar a categoria para a Ásia. Depois dessa rodada, o calendário da W Series ainda tem pela frente o GP dos Estados Unidos e uma rodada dupla no México para ser realizada.
As contas mais recentes apresentadas pela W Series em 5 de setembro, revelou que em 31 de dezembro de 2021, a W Series devia £ 7,5 milhões aos seus credores. Com os dados apresentados pelo The Telegraph, é possível acreditar que a categoria feminina não conseguirá concretizar a terceira temporada.
O GP de Singapura tem tudo para decidir o Campeonato, Jamie Chadwick é a atual líder e como abriu uma diferença impressionante para a segunda e terceira colocada, está próximo de conquistar o seu terceiro título neste fim de semana.
O encerramento da segunda temporada da W Series já foi um desafio, como a CEO da W Series Catherine Bond Muir já tinha apontado. Nesta última quarta-feira, ela apontou que a crise financeira global e a desvalorização da libra tornou o seu trabalho ainda mais difícil, mas ela ainda expressou confiança quando a sobrevivência da categoria.
“Estamos tento muitas conversas no momento e estou muito otimista, tivemos que lutar desde o primeiro dia. Sempre foi uma luta, mas somos guerreiras. Estamos analisando os nossos orçamentos e continuamos confiantes na arrecadação do dinheiro”, informou Bond Muir.
Ainda existe a questão quanto ao prêmio que a W Series fornece sendo um dos pontos também atrativos para correr na categoria. Mas até mesmo o pagamento da premiação está sendo posto em dúvida tanto para a campeã, como as demais competidoras. A campeã da temporada deveria receber US$ 500 mil.
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Várias empresas relacionadas a W Series estão aguardando há vários meses o pagamento. O The Telegraph ainda aponta que a raiz do problema se dá por um negócio com um investidor americano tem fracassado logo depois da assinatura do contrato.
Para a etapa de Singapura, a categoria contará com uma equipe reduzida de trabalho. A Velocity Experience, que administra a hospitalidade da W Series, também enfrentou uma redução na equipe para a etapa.
A W Series é uma categoria independente, mesmo dividindo a pista com a Fórmula 1, ela não tem qualquer ligação com a FIA, desta forma, todo o material que é fornecido para as pilotas é provido pela categoria.
Toda a situação da W Series é revelada em um momento chave para a categoria, pouco depois de algumas pilotas participarem de testes com a Fórmula 3 em Magny-Cours, onde a categoria da FIA mostra que está se preparando para em breve ter um grid com pilotas mulheres. Este também foi um ano que a W Series tinha comemorado o aumento do público acompanhando a categoria e despertou o interesse em mais pessoas.
Sem a W Series, sendo uma categoria que ao menos viabiliza a exposição das pilotas e dá alguma oportunidade e chance delas se desenvolverem, é difícil de acreditar em uma mudança nos próximos anos que favoreça as mulheres no automobilismo. Espero que a categoria encontre investidores sérios e que também ajudem na manutenção da W Series e na manutenção do Campeonato.