A Fórmula 1 busca cada vez mais levar entretenimento para os espectadores, a audiência do campeonato cresceu significativamente nos últimos anos, conseguindo angariar um novo público.
No último ano a categoria conseguiu introduzir as provas Sprints, uma ideia que surgiu após o GP do Brasil de 2019. A proposta de modificar o fim de semana da categoria em alguns eventos ao longo do ano, acaba fornecendo mais entretenimento para o público, pois sempre está acontecendo em pista uma sessão ‘que vale alguma coisa’.
Com a Sprint o formato de classificação dividido em Q1, Q2 e Q3 é realizado, enquanto a prova Sprint é disputada no sábado e a corrida principal segue acontecendo no domingo. Por outro lado, a categoria consegue eliminar um treino livre.
Essas sessões onde os times testam peças e preparam os seus carros, não são tão atrativas para o público de modo geral, pois mesmo que os times levem novas peças aos seus carros, isso não é suficiente para fazer algumas pessoas assistirem e não é um produto comercial para a TV.
A bonificação por voltas rápidas nos treinos livres, ou formas de gerar mais pontos, é algo que as categorias norte-americanas utilizam, principalmente para dar um dinamismo na competição, um exemplo são as voltas lideradas na corrida que acabam gerando pontos ao piloto.
O Presidente e CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali acredita que é preciso levar mais emoção aos finais de semana da categoria e atualmente estuda a possibilidade de introduzir uma pontuação nos treinos livres e menciona a possibilidade de corridas com o grid invertido.
Em entrevista ao Corriere.It, Domenicali reforça que a F1 é a combinação de um show e esporte: “É um esporte e também é um espetáculo. Os dois elementos são combinados.”
O presidente menciona que é necessário mudar, mesmo sempre existindo desculpas para não realizar esse tipo de alteração: “Porque é preciso tentar, há sempre muitas desculpas para não fazer. É um princípio da vida. Existem os puristas que sempre torcem o nariz, mas ao longo dos anos a F1 mudou a forma de classificação dezenas de vezes. É uma necessidade que não pode ser adiada, ter ainda mais espetáculo.”
E é em busca dessas mudanças e na forma de angariar um público maior, que a Fórmula 1 vai ganhando pinceladas de entretenimento. A Sprint Race é vista como uma adição, algo que colaborou para melhorar o fim de semana da categoria e fornecer mais disputas.
“Em um fim de semana normal, aquele que consiste nos treinos livres 1 e 2 na sexta-feira, cada sessão deve dar pontos, ou voltas de classificação únicas ou uma classificação para uma corrida de sábado diferente, mais curta, ao em vez de um terceiro treino livre. Talvez o mecanismo de grid invertido.”
O grid invertido na Fórmula 1 várias vezes foi cogitado, mas também vem acompanhado de diversas ressalvas. Esse mecanismo acaba criando uma solução muito artificial para a categoria, principalmente com a disparidade de desempenho dos carros. A F1 está longe de ter um grid que se comporte de forma parelha. O grid invertido pode até mesmo colocar carros que normalmente não estariam na frente naquela posição, mas rapidamente carros como Red Bull, Ferrari e Mercedes (no cenário atual), conseguem recuperar as posições em poucas voltas e a corrida volta a ficar ‘morna’.
“Estamos colocando muitas coisas na mesa. Muitos dizem que não, mas já vimos em algumas ocasiões (largadas com punições, como no GP da Bélgica) a beleza de ter um grid remanejado, mais ultrapassagens. Temos a obrigação de testar”, segue Domenicali.
Atualmente aqueles que excedem o número de trocas de peças do motor, acabam perdendo várias posições no grid e em alguns momentos começam as provas do final do pelotão. Carros mais potentes e mais bem construídos escalam o grid rapidamente, enquanto vemos equipes de meio e final de pelotão, permanecendo praticamente na mesma posição que largaram.
Corridas com o grid invertido são muito utilizadas em categorias de base, mas nelas os carros são iguais. Além disso, essa é a mágica para realizar mais corridas no fim de semana e dificultar a vida dos postulantes ao título, porém, não deixam de ser mecanismos artificiais em busca de dar mais entretenimento.
Para o próximo ano a categoria começará a avaliar a possibilidade de reduzir o número de pneus fornecidos para as equipes de F1, também como uma forma de modificar as estratégias e fazer os times quebrarem a cabeça.
Nos últimos anos, os treinos livres são usados pelas equipes principalmente para a avaliação dos seus carros e a realização de testes, já que a categoria reduziu o número de testes e a possibilidade de avaliar os carros em sessões privadas. Mesmo para o público essa parte do evento não sendo interessante, muitos times defendem esse programa, para que possam continuar o desenvolvimento e aperfeiçoamento de suas tecnologias.