Interlagos tem algo de mágico. Para quem corre, para quem assiste, para quem sonha. E neste sábado (12), no calor do asfalto paulistano e no embalo das 6 Horas do WEC, quem transformou essa magia em vitória foi Marçal Müller. O piloto da Stuttgart Motorsport manteve a escrita perfeita em 2025 e venceu mais uma — agora, diante de um público que já chegava em clima de festa no Autódromo José Carlos Pace.
Pilotando o Porsche 911 GT3 R com a precisão de um metrônomo suíço e a confiança de quem está em plena forma, Marçal largou na pole e só teve um pequeno susto nos metros iniciais, quando foi superado por Turco Melik e seu Lamborghini. Mas a resposta veio na sequência, logo na entrada do S do Senna, onde reassumiu a liderança com autoridade e não olhou mais para trás.
“Foi confuso no começo. A luz vermelha apagou depois que eu passei, então mantive o ritmo para não queimar a largada”, contou ele, em tom tranquilo, mas ainda ofegante. “Depois, a Ferrari chegou forte no fim e tive que acelerar de verdade. Cuidar do carro, pensar na estratégia, manter a calma — tudo isso em 40 minutos que pareceram uma eternidade.”
Na arquibancada, aplausos e olhos grudados na pista. A corrida, que serviu como aperitivo para a etapa brasileira do Mundial de Endurance, teve de tudo: ultrapassagens de tirar o fôlego, acidentes e emoção até os segundos finais. O safety car foi acionado após o Porsche 718 Cayman GT4 RS Clubsport de Jacques Quartiero rodar na Junção após toque de um GT3 mais afoito. Quartiero, que vinha protagonizando uma bela disputa com o Mercedes-AMG de Samuel Orige pela liderança da GT4, saiu ileso, mas viu sua chance de vitória escorrer pelas mãos.
Apesar do incidente, o clima nas garagens e arquibancadas era de celebração. Ver um brasileiro no topo do pódio, no coração de Interlagos, reacende a paixão por corridas que está no DNA do torcedor nacional. E Marçal Müller, com seu estilo sereno e eficiência germânica ao volante do Porsche, tem tudo para ser um dos grandes nomes da temporada — e, quem sabe, um novo ídolo para os fãs que vibram a cada curva do autódromo mais emblemático do Brasil.
A próxima etapa já se desenha no horizonte, mas por ora, Interlagos pertence a Marçal. E os motores, ainda ecoando pelo bairro de Cidade Dutra, parecem sussurrar: “ele venceu de novo.”