RECADO IMPORTANTE:
Enquanto eu produzia esse texto saiu a notícia, até certo ponto esperada, do rompimento do acordo entre a Motorsport Games e a IndyCar, portanto a empresa não detém mais os direitos sobre a marca, seja para produção de jogos ou para organização de campeonatos oficiais.
Com isso em mente, vamos seguir com o texto, e no final dele trago maiores detalhes sobre isso, bem como explico o porquê de ainda não ser uma notícia definitiva.
Twitch do Rafael Celloni: twitch.tv/rcelloni
Continuando o texto sobre os jogos da IndyCar e seus licenciamentos (que você pode encontrar aqui), vamos entrar agora no que realmente importa, o momento atual que vive a categoria e seus jogos, bem como a situação da atual detentora dos direitos da categoria para jogos e campeonatos virtuais, a MotorSport Games.
Vale lembrar também que apesar de trazer informações complexas, por vezes procurei simplificar apenas para não tornar o texto pesado, pois diversos detalhes de transações e acordos não são relevantes para o contexto.
Então vamos lá começar a longa jornada que na verdade só tem dois anos…
Um resumo
No dia 15 de julho de 2021 a Motorsport Games, fez o anúncio do licenciamento exclusivo da marca IndyCar. O acordo previa licença para produção de jogos e de campeonatos virtuais, com lançamento do primeiro jogo com previsão para 2023, para Xbox, Playstation e computadores, bem como também eventos de lançamento com campeonatos. Em agosto, vale citar um relatório da companhia que citava a conclusão da aquisição do Studio397, companhia responsável pelo jogo rFactor 2, outro renomado, e muito querido, simulador.
INDYCAR 🤜 🤛 Motorsport Games
We are delighted to announce a long term license to produce the official game of @IndyCar!
See you in 2023! pic.twitter.com/sJGTCj5Auu
— Motorsport Games (@MSportgames) July 15, 2021
O anúncio foi recebido com grande entusiasmo pelos fãs de automobilismo virtual, pois a Motorsport Games já era muito conhecida por produzir os jogos da série Nascar Heat, que sempre foi tida como uma referência, não chegando a ser exatamente um simulador, mas um bom jogo que trazia alguns aspectos de simulação, e agora também com a tecnologia advinda do rFactor 2.
O jogo ao longo dos anos teve informações e fotos divulgadas, o que atraia cada vez mais a atenção dos jogadores, que vinham ansiosos pela volta dos jogos da série, e de fato, as fotos estavam lindas e o jogo parecia muito promissor.
Tudo parecia perfeito, até chegar 2023, e o jogo que já tinha previsão de lançamento, teve, incialmente um adiamento, até chegarmos no início desse texto, onde no dia 7 de novembro houve a informação da suspensão do jogo de forma indefinida, com alegações de redução de despesas e remoção de projetos que estão performando abaixo do esperado ou que não possuem previsão de geração suficiente de receitas.
Isso já seria o suficiente, toda empresa por vezes faz isso, mas como eu citei no início do texto, vamos agora entrar a fundo nessa história, traçar uma linha do tempo e tentar entender os pormenores e pensar em alguns desfechos para esse jogo e, por que não, da própria companhia.
Vale ressaltar que as informações foram todas retiradas dos comunicados ao mercado da própria companhia, haja vista que é uma companhia de capital aberto nos Estados Unidos, portanto é a fonte mais segura de informação, quando algo diferente dessa fonte for citado, será informado no próprio texto.
O anúncio
A Motorsport Games anunciou na imprensa sobre o acordo no dia 15 de julho de 2021, com uma longa nota em seu site, sobre o licenciamento da IndyCar e que, a partir da data, passaria a ser o organizador oficial de eventos que levassem a marca. Já se falava que o lançamento seria em 2023, sem maiores detalhes, e que seria lançado para Xbox, Playstation e computador.
Segundo Dmitry Kozko, CEO da Motorsport Games:
A Motorsport Games e a INDYCAR estão ansiosos para oferecer aos fãs uma experiência de jogo única há muito tempo esperada. A INDYCAR compartilha conosco o comprometimento de trazer uma experiência autêntica e imersiva para os entusiastas de automobilismo.
O CEO da Penske Entertainment, proprietária marcas como IndyCar e Indianapolis Motor Speedway, Mark Miles, também se mostrava bastante entusiasmado com o anúncio.
Inclusive pilotos, como Pato O’Ward, deram declarações animadas. “Eu sou super empolgado que nossos fãs vão poder ter a NTT IndyCar Series nas suas casas com esse novo jogo”, comentou o piloto Pato, “É uma grande oportunidade para que eles se conectem com nossa categoria ainda mais, podendo ver uma corrida no final de semana e poder jogar com os pilotos de sua preferência nas suas pistas favoritas, quando quiserem”.
Resumindo, o comunicado eram só flores e belezas, compreensível, há 20 anos não havia um jogo dedicado a categoria, a empresa é reconhecida como uma das grandes do meio, tinha tudo para dar certo.
Durante o ano de 2021 não houve mais novidades referente ao projeto, mas é normal, jogos demoraram mesmo, ainda mais quando é um novo jogo e que quer entregar ao público a melhor experiência, bem como é importante lembrar que o público de automobilismo virtual é extremamente exigente, a régua estava alta.
Aqui eu já começo a divagar sobre alguns pontos.
O acordo foi fechado no meio de 2021, portanto, não havia sido começado a produção de nada, seria o marco zero, e o lançamento estava previsto para 2023. Vamos ser benevolentes e considerar que o jogo seria lançado em dezembro de 2023, ou seja, dois anos e meio de desenvolvimento. Parece razoável, certo?
Errado.
No início do texto anterior comentei sobre um desenvolvimento de jogo, o Indianapolis 500: The Simulation, para MS-DOS, com poucas coisas gráficas e com diversas restrições técnicas, levou um ano e meio e custou 70 mil dólares, o que trazidos a valores atuais, seriam aproximadamente 200 mil dólares. Uma boa quantia, mas muito longe dos valores gastos atualmente para jogos de ponta. E isso estamos falando de um jogo de 1989. Se formos comparamos com algo mais recente, o desenvolvimento do iRacing levou cerca de 4 anos.
Você tem exemplos como o F1, da Codemasters, que tem bons saltos de um ano para o outro? Até concordo, mas a Codemasters é a maior empresa do mercado quando se trata de automobilismo, abrangendo diversas categorias e possuindo um know-how enorme.
Podemos argumentar também que não seria tão complicado, eles usariam tecnologia do rFactor 2, fariam apenas ajustes e melhorias, encurtaria o tempo de desenvolvimento.
E eu concordo, mas ao mesmo tempo penso: Então para que desenvolver um jogo novo? Não seria melhor incrementar o próprio produto já existente? O rFactor 2 atualmente já é o simulador oficial da Formula E e, novamente citando o iRacing, dentro da plataforma ele possui oficialmente algumas categorias também. Mas vamos seguir porque temos que concordar que esse tipo de anúncio não seria feito sem ter “uma carta na manga”, então tudo aqui não passa de divagações e achismos.
O primeiro evento
Em fevereiro de 2022, cerca de 8 meses depois do anúncio, voltamos a ter novidades sobre o jogo, não apenas novidades, mas um EVENTO, isso mesmo, a empresa organizou um evento para promover a nova parceria e o futuro jogo, convidou diversos pilotos e haveria uma competição beneficente. Alex Palou, Helio Castroneves, Josef Newgarden forem nomes que circularam por lá. Mas algo chamou atenção, ok, ainda era início de 2022 e eles queriam mostrar para todos como a parceria, aí e a competição foi… no rFactor 2. Sim, a companhia para promover um novo jogo utilizava outro que já tinha os carros da Indy.
Want to start the season a little early? Good idea.
The INDYCAR-Motorsport Games Pro Challenge will be on Feb. 9.
Watch some of the best NTT INDYCAR SERIES drivers compete in the world of esports at 6 PM ET on the #INDYCAR YouTube Channel.#INDYCARProChallenge // @MSportgames pic.twitter.com/VkvRtRdwa1
— NTT INDYCAR SERIES (@IndyCar) February 2, 2022
Além disso, o evento seria também um marco para atualizações no mesmo jogo, trazendo atualizações que melhorariam a interface e o sistema de competição. Bom, não sei para vocês, mas tudo me soa muito esquisito. O evento é para promover uma parceria de um novo jogo e, portanto, vamos fazer tudo para outro?
Eu sei, eu sei, o jogo era para 2023, eu sei, mas vamos seguir.
Logo após, em março, foi divulgado que uma parceira para consultoria técnico junto com o piloto Romain Grosjean, atualmente piloto da Indy e ex-piloto da Fórmula 1. Então é isso, começaram a reforçar a cavalaria e agora vai. Certo?
Errado de novo.
A contratação do Grosjean como consultor era, conforme o próprio comunicado:
Romain Grosjean se junta a companhia como consultor para seus jogos e eventos de e-sports, com FOCO PRINCIPAL na plataforma de simulação rFactor 2.
Todo o comunicado fala sobre o envolvimento do piloto com rFactor 2 e na organização de competições virtuais chancelados com a marca. O futuro jogo IndyCar 2023 sequer é citado na nota. Lembrando que isso nesse período já são menos de 2 anos até o lançamento (que estamos considerando ser dezembro de 2023).
A dança das cadeiras
No mesmo ano, no dia 15 de setembro de 2022, há um comunicado ao mercado sobre um pedido de demissão de Jonathan New, até então CFO (Chief Financial Officer, ou no bom português, Diretor de Finanças) da companhia, ou seja, quem cuida e manda no dinheiro.
Obviamente, no comunicado fala que o pedido de demissão não tem nada a ver com as políticas, práticas ou reportes financeiros da companhia, ou seja, tudo em ordem na casa, é claro.
Nesse ponto vou puxar um outro assunto, talvez um pouco mais maçante, mas que considero muito relevante para a situação e que tem ligação com esse pedido.
A Motorsport Games foi fundada em 2018 e já é listada na bolsa americana NASDAQ. Como toda empresa listada, ela deve reportar ao mercado seus balanços financeiros, e é aqui que eu quero entrar.
Ao analisar esses balanços e demonstrativos, de cara algo chama muita atenção: A empresa nunca teve lucro. Você pode argumentar que dificilmente uma empresa é lucrativa logo no começo, que tem tempo de maturação ou qualquer outra explicação, mas o ponto não é esse.
A empresa em 2018, seu primeiro ano de operação, a empresa obteve cerca de 15 milhões de dólares em vendas, com despesas na casa de 5 milhões de dólares com venda dos produtos e 6 milhões de dólares em despesas administrativas. Caso você não esteja acostumado com os termos, despesas com venda de produtos incluem todos os custos diretos na produção do produto, e aqui não falamos do desenvolvimento de um novo produto, é a produção mesmo, é a mídia física, é a embalagem e por aí vai. Despesas administrativas é tudo que envolve o funcionamento da empresa, ou seja, aluguel, salários, pró-labore, materiais de escritório, despesas e aquele monte de coisa que a gente não aguenta mais pagar na vida particular mesmo.
Me chama a atenção que cerca de 75% já se foram apenas para isso e apenas 3,8 milhões de dólares para pesquisa e desenvolvimento, o que por si só já praticamente zera todo o valor das vendas, mas também como uma empresa que depende de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, ou mesmo melhorias no portfólio, investe menos que o que gasta para produzir os jogos.
Resumindo, como houve ainda outras despesas nesse período, o fechamento do ano foi um prejuízo de 2 milhões de dólares.
No ano de 2019 a coisa não melhorou muito. As vendas diminuíram, para casa de 12 milhões de dólares enquanto as despesas permaneceram praticamente iguais, com um aumento na despesa com pesquisa e desenvolvimento, para 4,8 milhões de dólares. O ano foi encerrado com prejuízo de 3.6 milhões de dólares. Ou seja, segundo ano consecutivo de prejuízo.
Já no ano de 2020 as coisas foram bem melhores, o total de receitas subiu para 19 milhões enquanto todo o quadro de despesas se manteve. Lucro? Ledo engano, o balanço cita uma linha de despesa não-recorrente de quase 3 milhões de dólares, logo, o lucro que poderia existir, se perdeu, e o resultado ao final do ano foi prejuízo de 1,8 milhões de dólares.
Só aqui já são 3 anos de prejuízo. Os 3 primeiros anos da empresa.
E então vem 2021, o ano da virada. Para melhor? Para pior, muito pior.
Estamos chegando aqui no ponto que converge com a nossa linha do tempo, o ano de 2021 foi o ano onde grandes acordos, incluindo o licenciamento da Indy, e algumas fusões e aquisições ocorreram, como a compra do Studio 397 e 704 Games. Neste ano a companhia teve uma redução nas receitas de vendas, um aumento no custo de produção e, pelos motivos citados, as despesas administrativas saltaram para mais de 30 milhões de dólares, o que resultou em um fechamento anual com prejuízo líquido de quase 34 milhões de dólares.
Já começa a ver o tamanho do problema, né?
Agora vamos interromper essa análise financeira morosa um pouco, sim, eu sei, é chato, mesmo eu que gosto, estudei e já trabalhei com isso, sei que as vezes fica entediante. Sigamos, portanto, com a nossa linha do tempo de acontecimentos relevantes, para tentar explicar um pouco da situação da empresa e, consequentemente, do jogo da IndyCar.
Você deve estar pensando “Sério, Celloni, você demorou tudo isso e ainda não falou nada? Eu estou acostumado com vídeo no TikTok de 1 minuto com a explicação e uma dancinha”.
Calma, eu já to quase chegando lá! Falta só um ano.
Voltamos então ao ano de 2022 e o ponto em que paramos, o pedido de demissão do CFO, Jonathan New. Um mês após essa saída, em outubro, houve um novo comunicado ao mercado anunciando uma redução salarial de todos os cargos de alta liderança da empresa, como parte do programa de reestruturação. O salário do próprio CEO teve uma redução de 35% (com mil compensações, é claro, desde quando esse povo perde algo?) e só iria receber cerca de 350 mil dólares por ano, mal dá para viver…
O fatídico ano de 2023
Entramos finalmente então em 2023, o ano do lançamento do tão aguardado jogo.
O ano começou com boas notícias, para a companhia e, consequentemente, para o jogo. A empresa firmou um acordo com uma consultoria com Frank Sagnier, com foco em auxiliar a Motorsport Games, segundo o comunicado, a “definir um mapa de produtos e crescimento”.
🗞️ Big moves are ongoing at Motorsport Games following the latest investments ⬇️
On Feb 13th, Frank Sagnier (former Codemasters big boss before the sale to EA) has been appointed as an advisor of the leadership team.
This went under the radar, more is coming 👇 #simracing pic.twitter.com/RaAF6QEcFP
— Richard. (@l1ftandcoast) April 19, 2023
Caso você não conheça Frank Sagnier, tudo bem, eu também não fazia ideia, mas ele possui mais de 25 anos de experiência no mercado de jogos, sendo 8 anos como CEO da Codemasters, tendo sido um dos responsáveis pelo turnaround da companhia, que levou a empresa a ser vendida para a Eletronic Arts por mais de um bilhão de dólares.
Resumindo: o cara manja.
Ao longo do ano as notícias foram esfriando, nada de relevante foi revelado, nem sobre o jogo e nem sobre a companhia.
Um ponto importante aqui é lembrar novamente que eu estou omitindo muita coisa técnica que rolou com a empresa no mercado de capitais, que são sim importantes, mas não acrescentariam nada ao texto, mas basicamente o valor das ações da empresa iam de mal a pior, levando, inclusive, a alterações em como a empresa era enxergada pelo mercado, de forma oficial, em listagens nas bolsas de valores.
Chegamos então em setembro com uma bomba: o CEO, Dmitry Kozko, renuncia ao seu cargo, como de praxe, o anuncia cita que a saída é por motivos pessoais, que não teve nenhum problema interno e… enfim, sabemos né…
Como se não bastasse isso, outubro já começou com muitas coisas importantes acontecendo. A primeira delas foi a venda da licença da Nascar, que sempre foi um carro-chefe para a companhia, para um outro certo joguinho de corrida, tal de iRacing, pela bagatela de 6 milhões de dólares. O acordo prevê a remoção de todos os jogos desenvolvidos pela 704 (a responsável pelos jogos, adquirida pela Motorsport Games) de todas as plataformas até o fina de 2024. Isso foi uma grande perda para a companhia, visto o alcance e apelo que a marca NASCAR possui em território americano.
Não bastasse isso, sendo a venda feita para o iRacing, torna a concorrente uma plataforma ainda mais completa com categorias de grande público.
E nem deu tempo de terminar o mês, vieram dois grandes anúncios para encerrar com chave de ouro. O primeiro foi o encerramento do acordo de licenciamento com a BARC (TOCA), a promotora do British Touring Car Championship (BTCC), o anúncio também cita alguns motivos do encerramento. A companhia não estava cumprindo suas obrigações contratuais, do acordo firmado em 2020, tais como lançamento e venda de jogos do BTCC, organização de campeonatos virtuais no tempo previsto em contrato (dois anos após a efetivação). Outro motivo do encerramento foi a falta de pagamento de royalties, que possuíam uma garantia mínima anual. A dívida chega a quase 1 milhão de dólares.
Já o segundo começa a mostrar a situação da empresa, e no dia 29 houve o comunicado do corte de 38 colaboradores da companhia, a nível global, o que representou 40% de toda força de trabalho da empresa.
Eis que CHEGAMOS FINALMENTE AONDE IMPORTA, voltamos a falar de IndyCar.
No dia 7 de novembro veio o relatório financeiro do terceiro trimestre de 2023 com a bomba:
“(…) Medidas adicionais de redução de custos incluem o fechamento do estúdio australiano de desenvolvimento (…) e a suspensão do desenvolvimento do jogo planejado da INDYCAR®️, para reduzir gastos e remover projetos que estão com baixo desempenho ou improváveis de geral receitas.”
Não houve maiores informações sobre o cancelamento e na sequência anúncio da data de lançamento do novo jogo Le Mans Ultimate.
Logo após esse release, os rumores sobre o futuro da franquia já começaram a surgir em todos os lugares. A Motorsport Games vai abrir da licença? A própria Indy vai encerrar o contrato? Não demorou muito para termos a resposta.
No dia seguinte um comunicado ao mercado divulgou o encerramento dos dois acordos de licenciamento entre a companhia e a categoria, e, conforme esperado, o motivo foi exatamente o mesmo que aconteceu com o contrato com a BARC. A companhia não cumpriu com obrigações presentes no contrato de licenciamento, tais como lançamento de jogo e organização de eventos.
É importante ressaltar aqui que apesar da nota e de amplamente divulgado na imprensa, ainda não está sacramentado o fim do acordo, pois na mesma nota a companhia informa que ainda está avaliando a validade do encerramento do contrato, bem como os pagamentos que a Indy exige.
Vale lembrar que o contrato firmado previa pagamento de royalties, incluindo pagamento mínimo anual, o que não se tem informação se foram pagos ou não.
Mas, o que eu acho?
Daqui em diante eu irei deixar a parte de dados e informações e entrar no campo do “achismo”, portanto, você pode não concordar comigo ou ter outro ponto de vista, na verdade, eu até gostaria que você comentasse por aqui (ou outra rede social) o que você acha!
Mas vamos lá, começando do fim, eu diria que a companhia está se valendo de uma manobra jurídica para atrasar o encerramento do contrato, que inevitavelmente deve acontecer de forma definitiva em breve.
Quem acompanha a empresa no detalhe, já poderia ter visto isso vindo de longe, todas movimentações e anúncios eram estranhos, levantando dúvidas que, sendo engenheiro de obra pronta, o jogo realmente era uma prioridade ou importante para a companhia.
Ao longo dos anos após o anúncio da parceria, a empresa pareceu muito mais preocupada em alavancar seu jogo rFactor 2 do que investir em novas linhas de produtos.
Me chama atenção também o anúncio do jogo Le Mans Ultimate, que me soa apenas como um derivado exatamente do mesmo rFactor 2, tanto que no mesmo comunicado eles citam que a equipe de desenvolvimento já tem toda a experiência trazida dele. Além disso, o jogo também é conhecido por ser uma das principais plataformas de provas virtuais de longa duração que é, no caso, o mesmo nicho do novo jogo.
Por mais que Le Mans Ultimate possa ser um grande jogo, não me soa como algo realmente novo no mercado, principalmente que seja capaz de tirar a companhia do buraco que está.
Em relação a franquia IndyCar, me soa muito razoável que ela volte para as mãos do iRacing, que tinha direitos até o fim de 2022, quando teve o acordo encerrado e não poderia mais utilizar o nome da categoria nem promover eventos oficiais. Vale lembrar que os carros da Indy seguiam na plataforma, apenas não poderiam mais ser associados ao nome e a plataforma não poderia também se utilizar de pistas oficiais da categoria.
Ou seja, em menos de um ano pode ser que tudo volte a ser como era antes e isso deixaria muitos fãs por aí felizes e com a categoria voltando a estampar sua marca para um público apaixonado, porém nichado.
O ponto que me levanta dúvida é: A categoria REALMENTE deseja um jogo exclusivo como os F1 da Codemasters?
Se for o caso, então o iRacing não deve ser a nova casa da IndyCar, e então poderemos pensar na franquia voltando para as mãos da própria Codemasters. Lembram que no primeiro texto eu falei sobre? A desenvolvedora foi a última a lançar um jogo exclusivo da categoria, e com todo o histórico que construiu ao longo do tempo e, principalmente, o conhecimento adquirido com a franquia F1, seria uma hipótese razoável, ainda mais considerando que hoje quem possui a empresa é a gigante Eletronic Arts.
Falando sobre o futuro da companhia, ainda é tudo muito nebuloso, a situação atual não é nada boa e não há previsão de real melhora, os dados financeiros devem ser razoavelmente melhores nos próximos relatórios, porém por eventos não-recorrentes, como a venda da licença da Nascar. O fechamento de escritórios também irá ajudar nessa redução, mas veremos se as ações serão o suficiente.
O que se pode dizer é que os diretores estão otimistas, inclusive fazendo movimentações no mercado financeiro apostando numa recuperação da empresa e valorização das ações.
O jeito vai ser aguardar, como aguardamos por tanto tempo um jogo da Indy…