A Stock Car está partindo para o Rio de Janeiro para disputar a terceira etapa do calendário. Essa prova marca o retorno da categoria ao Rio, desde a demolição do autódromo de Jacarepaguá, não pode mais competir na cidade maravilhosa.
O Rio de Janeiro ainda não tem um autódromo para receber as categorias nacionais, mas um traçado montado no aeroporto do Galeão, se tornou o local perfeito para a realização de uma prova. O traçado carrega o nome de Cacá Bueno.
A pista do Galeão homenageia traçados que colaboraram para contar a história do automobilismo no Rio de Janeiro: as Curvas Petrópolis (onde são esperadas muitas ultrapassagens), São Gonçalo, Fundão, Barra (outra protagonista importante por ser a última antes da linha de chegada) e Jacarepaguá (a primeira depois da largada, onde habitualmente há muita ação).
Jacarepaguá (Curva 1)
Ativo de 1977 a 2012, o Autódromo de Jacarepaguá é o palco mais famoso do esporte a motor no Rio de Janeiro. Além de receber a Stock Car em 42 corridas, o traçado técnico e exigente também foi palco de dez edições do GP do Brasil de Fórmula 1 (1978 e de 1981 a 1989) e de cinco corridas válidas pela Fórmula Indy, entre 1996 e 2000. Foi demolido em 2012 para a construção do Parque Olímpico da cidade.
Complexo da Gávea (Curvas 2 e 3 intercaladas por três trechos de reta)
Apelidado de “Trampolim do Diabo” por seu traçado ameaçador, recebeu as primeiras corridas dos Grands Prix muito antes do nascimento da F-1. Chico Landi, e os argentinos José Froilán González e Juan Manuel Fangio eram habitués no grid. A estreia foi em 1933, combinando mais de 100 curvas e um traçado com 170 metros de desnível, na Rocinha. O vencedor foi o diplomata brasileiro Manuel de Teffé, com um Alfa Romeo. Teve provas de 1933 a 1954.
Circuito de Petrópolis (Curva 4)
A primeira prova foi já em nove de março de 1908, quando Petrópolis integrou um percurso que iniciava na capital fluminense. Mais tarde, no final da II Guerra Mundial, o Circuito Cidade de Petrópolis estrearia em quatro de julho de 1948, com vitória do Maserati de Benedito Lopes. As provas no circuito de rua de Petrópolis aconteceram até 1968. Nos anos 90 a Cidade Imperial ganhou o apelido de “Capital da Stock Car”, por sediar várias equipes da categoria.
Circuito Ilha do Fundão (Curva 5)
Famosa por sediar a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Ilha do Fundão também já recebeu eventos de automobilismo. E um deles representou um marco. Em 11 de abril de 1965, o então desconhecido Emerson Fittipaldi venceu uma das provas no circuito de rua a bordo de um Renault 1093, na categoria dos estreantes. Naquele mesmo ano, o “Rato”, como era conhecido, havia feito na Ilha do Fundão sua estreia ao volante.
Circuito de São Gonçalo (Curva 6)
Com uma prova em 19 de setembro de 1909, sediou a segunda corrida mais antiga do Rio de Janeiro. Curiosamente, usou dois traçados: o principal, com 72 km de extensão, e a versão “básica”, de 48 km. Os carros foram inscritos em cinco categorias: B, até 15 cv de potência; C, até 20 cv; D, até 30 cv; E, até 45 cv; F, acima de 45 cv. As duas categorias mais potentes usaram o circuito completo. A vitória foi do Berliet 60 HP pilotado por Gastão Ferreira de Almeida, em 1h10min, com a estonteante média de 62km/h.
Circuito da Barra da Tijuca (Curva 7)
Quando era um bairro quase desabitado, a Barra da Tijuca passou a receber corridas entre 1958 e 1970. O traçado de rua de cerca de 4,2 km de extensão, tinha oito curvas e percorria trechos como as Avenidas Lúcio Costa, Sernambetiba (à beira-mar) e Olegário Maciel, que hoje estão entre os endereços mais valorizados da cidade do Rio. A bordo de uma Ferrari-Corvette, Chico Landi venceu a prova que marcou a inauguração oficial do circuito.
Pneus
O comportamento do carro e dos pneus muda bastante de traçado para traçado, mas desta vez a situação é um pouco diferente, pois a prova será realizada em uma pista de concreto, sendo uma experiência inédita para os times. A pista promete ser bem veloz, com curvas que contam com pouca inclinação.
“O GP do Galeão trará uma nova experiência para a Pirelli no Brasil, com os pilotos acelerando em uma pista de aeroporto, toda pavimentada em concreto. A perspectiva, se compararmos a uma pista tradicional de asfalto, é que haja menos aquecimento dos pneus, porém nada que interfira de maneira acentuada na aderência. Outro ponto de atenção será a abrasividade do pavimento, que será acompanhado muito de perto pela Pirelli durante todo o final de semana. Por ser um circuito de sentido horário, existe uma grande tendência de que o lado esquerdo dos carros seja o mais afetado pela degradação, com destaque ao pneu traseiro esquerdo”, diz Fabio Magliano, gerente de produtos Car e Motorsport da Pirelli para a América Latina.
O chefe de equipe da Shell V-Power, Joselmo Barcik, o Polenta, aposta que a aderência e a temperatura na pista são um ponto de atenção para a prova que será disputada neste domingo.
“O asfalto dá um tipo de aderência que a gente já está acostumado. Essa pista de concreto vai ser difícil no começo, porque ainda não tem a borracha na pista que os carros normalmente vão deixando e aumentando a aderência. A própria temperatura da pista também é outro fator. O asfalto absorve mais calor, consequentemente ele esquenta mais. Já o concreto tem uma dificuldade maior em aquecer, então os pneus vão sofrer um pouquinho mais.”
Os times vão contar com um Shakedown e também os treinos livres para preparar os seus carros para a etapa.
O piloto Bruno Baptista, da equipe RC sabe que a preparação para a largada começará muito antes.
“Costumo brincar dizendo que a largada da prova do Galeão será feita dias antes da luz verde acender. Isso porque diversos pontos sobre a montagem ideal serão conhecidos apenas horas antes da corrida, tempo insuficiente para acertos complexos no carro. Será um enorme diferencial quem conseguir projetar o comportamento do seu Stock para o fim de semana e combinar com as melhores tecnologias para performance na pista”, destaca o piloto do Team RC, que utiliza as soluções automotivas da Loctite pela terceira temporada consecutiva.