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Estratégia de uma parada foi novamente a escolha principal para o GP da Arábia Saudita

Os quatro primeiros colocados da prova apostaram em uma estratégia semelhante em Jeddah. O Safety Car acionado após o abandono de Lance Stroll colaborou para a realização das paradas obrigatórias

O GP da Arábia Saudita foi disputado neste fim de semana como segunda etapa do calendário. A corrida aconteceu de forma fluída, sem a interferência de uma bandeira vermelha, mas o Safety Car fez a sua breve aparição.

Sergio Pérez que conquistou a pole no sábado e converteu em vitória no domingo, mostrando mais uma vez um excelente domínio em uma prova de rua. Max Verstappen escalou o pelotão após enfrentar um problema no eixo de transmissão durante a classificação. O holandês que largou do décimo quinto lugar escalou o pelotão e concluiu a corrida em segundo, formando mais uma dobradinha para a Red Bull.

É nítido que mesmo com problemas a Red Bull ainda tem um carro muito superior ao restante do pelotão. Mesmo com todos os esforços dos outros competidores, a equipe austríaca está a um passo à frente dos demais.

Fernando Alonso concluiu a corrida na terceira posição obtendo mais um pódio. O espanhol enfrentou alguns problemas com a FIA e a geração de uma penalidade pós-corrida, mas a equipe conseguiu a reversão da pena e Alonso pode ficar com o pódio conquistado em pista.

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A corrida da Arábia Saudita é mais uma prova noturna, o traçado é ‘novo’ no calendário, pois recebeu apenas a sua terceira prova em 2023. Jeddah é um circuito muito veloz, perigoso e com asfalto pouco abrasivo, porém, algumas equipes como a Ferrari mais uma vez enfrentaram problemas de gerenciamento dos pneus.

A corrida aconteceu o asfalto na casa dos 31°C, o calor não era intenso, mas foi suficiente para alguns pilotos se sentirem bem cansados no final da prova, principalmente pela necessidade de ficar atentos durante as 50 voltas, para evitar uma batida.

Apenas Lance Stroll e Alexander Albon não concluíram a prova, os dois pilotos enfrentaram problemas nos carros, chamando a atenção para a fragilidade das peças logo no início da temporada.

Pneus e estratégia

A Pirelli forneceu a gama intermediária de pneus para o GP da Arábia Saudita, desta forma os pilotos trabalharam com os compostos C2 (duro – faixa branca), C3 (médio – faixa amarela) e C4 (macio – faixa vermelha).

Como estratégia principal a Pirelli apostava novamente em uma corrida acontecendo com apenas uma parada e as previsões foram confirmadas. O Safety Car provocado por Lance Stroll na volta 18 provocou a entrada de vários pilotos nos boxes para concluir a parada obrigatória.

Mesmo com um asfalto pouco abrasivo, os pilotos estavam lidando com o esfarelamento dos pneus macios. Os compostos soltavam pedaços de borracha que pouco depois voltavam a grudar nos compostos e diminuir o contato dos pneus com o solo – gerando certa instabilidade.

Os pneus macios não foram tão usados na prova, justamente pela sua fragilidade. Mas os compostos médios e duros novamente formavam a combinação ideal para ter uma corrida mais segura.

Como a tabela foi divulgada pouco depois da punição aplicada para Alonso, Russell aparece à frente do piloto espanhol – Foto: reprodução Pirelli

C2 (duro – faixa branca): já era esperado que esse pneu fosse usado na Arábia Saudita por conta da combinação de estratégias realizadas no ano passado. Ao longo da sexta-feira as equipes fizeram a avaliação desses pneus para atestar a performance e durabilidade do composto.

Combinado a estratégia dos pneus médios, os compostos duros forneciam mais performance e a possibilidade de completar mais voltas com o mesmo jogo de pneus.

Apenas Lewis Hamilton e Logan Sargeant começaram a corrida usando os pneus duros. Porém, no caso de Hamilton se provou ser um erro, o piloto parou junto com Sergio Pérez, Max Verstappen, Fernando Alonso e George Russell e precisou completar 32 voltas com pneus médios. O dono do carro #44 ficou vendido na pista, precisando fazer os pneus durarem até o final da prova.

Por ser um traçado longo, mas fluído, os times dão preferência por realizar uma prova com apenas uma parada. Porém, alguns pilotos que enfrentaram problemas tiveram que realizar mais trocas, mas comprometeram a sua prova.

Oscar Piastri se envolveu em um toque com Esteban Ocon, o carro do australiano ficou danificado e ele precisou passar pelos boxes. Mesmo largando com os pneus médios, ele precisou instalar os compostos duros na parada realizada na segunda volta da prova. Piastri não parou mais até o final da corrida, completando 49 giros com os compostos duros. O australiano ainda teve fôlego para batalhar com Lando Norris e Sargeant ficar com o décimo quinto lugar.

Kevin Magnussen também realizou uma longa prova trabalhando com os pneus duros, pois realizou a sua troca de pneus durante a nona volta. O dinamarquês terminou em décimo superando Yuki Tsunoda.

Verstappen e Pérez travaram uma disputa pelo ponto extra concedido pela melhor volta na corrida. O holandês registrou o melhor tempo próximo do encerramento da corrida ainda trabalhado com os pneus duros.

Vale lembrar que os pneus duros usados em Jeddah, foram os compostos médios do GP do Bahrein.

C3 (médio – faixa amarela): apenas quatro pilotos do grid – todos de equipes distintas – optaram por largar com outro pneu que não o médio. Charles Leclerc, da Ferrari, e Lando Norris, da McLaren, selecionaram os pneus macios, enquanto Hamilton e Sargeant foram para os pneus duros.

Em questão de durabilidade os pneus médios eram um pouco mais resistentes e performaram melhor. No ano passado a estratégia foi baseada no uso dos pneus médios no começo da corrida. Mas em 2023 é importante ressaltar que muitos pilotos realizaram paradas antes do que era a previsão da Pirelli, como foi o caso de Kevin Magnussen que substituiu os seus compostos na volta 9.

Os pneus médios forneciam mais durabilidade e aderência para o começo da prova e era uma escolha mais prudente para o começo da corrida. Como Lewis Hamilton começou a corrida da sétima posição, optaram por um início com pneus duros, mas o piloto fez a sua parada acompanhando os outros competidores no Safety Car. Hamilton tentou batalhar com Russell, mas foi obrigado a recuar, pois não chegaria ao final da corrida se exigisse muito desses compostos. Hamilton, Zhou e Sargeant completaram 32 voltas com os pneus médios;

C4 (macio – faixa vermelha): a Pirelli considerou o uso dos pneus macios como segunda estratégia principal do fim de semana. Os pneus macios forneciam mais aderência, mas por consequência a durabilidade não era muito grande.

Mesmo com todos os problemas de trabalhar com os pneus macios, Charles Leclerc e Lando Norris começaram a corrida com esse tipo de pneus. O monegasco conseguiu ganhar algumas posições conforme a corrida foi desenrolando, mas o carro não tinha ritmo de corrida para colaborar com os esforços do monegasco.

Norris completou apenas duas voltas com os pneus macios, pois logo seguiu para os boxes. O piloto britânico, pegou destroços de carros. Assim como Piastri precisou antecipar a parada para a substituição da asa dianteira, Norris também passou pela troca do bico do carro e ainda na terceira volta da prova. Norris foi devolvido à pista com pneus duros – o piloto fez mais uma troca para instalar compostos médios e ir até o final (aproveitando o Safety Car provocado pelo abandono de Stroll).

Bottas usou os pneus macios para concluir a corrida, mas não obteve a volta rápida com esse tipo de composto.

Durabilidade dos pneus no GP da Arábia Saudita – Foto: reprodução Pirelli

“O terceiro Grande Prêmio da Arábia Saudita foi basicamente como esperávamos; tanto do ponto de vista das estratégias quanto do comportamento dos pneus. Oitenta por cento dos pilotos escolheram o médio na largada, o que garantiu a máxima flexibilidade em caso de neutralização da corrida – o que aconteceu pela terceira vez em três anos de corrida aqui. A chegada do Safety Car após a saída de Lance Stroll coincidiu com a janela do pit stop, o que fez com que os pilotos que ainda não haviam parado pudessem aproveitar essa neutralização para colocar o pneu duro. As lacunas de desempenho entre os compostos também atenderam às nossas expectativas, e esse também foi o caso da degradação. Isso foi praticamente nada nos pneus médios e duros, e bastante limitado nos macios usados ​​por Charles Leclerc: o único piloto a ter feito uma passagem significativa neste composto”, comentou Mario Isola após o GP.

“A ausência de degradação foi o que permitiu até mesmo os pilotos que colocaram o pneu duro antes da entrada do safety car – como Kevin Magnussen e Oscar Piastri, que completaram 42 e 49 voltas respectivamente – forçarem até o fim, com os dois fazendo ótimas ultrapassagens nos estágios finais. O meio do pelotão também mostrou muita consistência, como destacou Lewis Hamilton, que soube aproveitar seu desempenho superior em relação ao duro para passar por Carlos Sainz logo após o reinício”, seguiu Isola.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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