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Com estratégia de apenas uma parada, Leclerc supera dupla da McLaren e vence o GP da Itália

A Ferrari fez uma leitura de corrida diferente e ao conservar os pneus, conseguiu trabalhar com a estratégia de apenas uma parada, tornando a vitória de Charles Leclerc em Monza possível

A Fórmula 1 acaba de concluir a sua passagem pela Itália, a prova deste fim de semana contou com vitória da Ferrari. O time da casa que não tem uma boa fama relacionada as estratégias conseguiu superar a McLaren.

Hoje vamos comentar um pouco sobre as estratégias que foram trabalhadas nesta prova e o comportamento dos pneus.

Chegando a Monza, as equipes de F1 precisaram enfrentar um desafio, a pista foi toda recapeada e por consequência mudou um pouco o comportamento dos compostos. Com o asfalto novo e mais escuro, a retenção de calor era alta; ao longo do fim de semana as temperaturas superaram os 50 °C no asfalto.

As altas temperaturas geraram a granulação dos pneus, se tornando mais um ponto de atenção para as equipes. Foi necessário investir muito em ritmo de corrida nos treinos livres, para compreender melhor a janela de operação de cada um dos pneus disponíveis na etapa. A Pirelli forneceu pelo segundo ano seguido a gama macia e pneus, tentando ampliar a possibilidade de estratégias na batalha travada no domingo.

Esse ano foi teste, teste e teste, já que a prova italiana não foi designada para receber um evento Sprint.

O pit-stop no GP da Itália é um dos mais demorados do ano, o que leva as equipes a trabalharem principalmente com a estratégia de apenas uma parada. Bom, essa foi a escolha vencedora, Charles Leclerc largou com os pneus médios e trocou para os duros, fazendo apenas uma troca de pneus, enquanto a McLaren precisou de duas paradas para concluir a prova.

Estratégias de Pneus trabalhadas ao longo do GP da Itália de 2024 – Foto: reprodução Pirelli

Aqui temos um detalhe interessante e foi comentado em nosso podcast. A Ferrari induziu a McLaren a pensar que eles realizariam uma estratégia de duas paradas com Leclerc. O monegasco foi aos boxes muito cedo, em resposta a parada de Lando Norris que era o terceiro colocado.

A Ferrari levou um undercut, o que fez até mesmo Leclerc comentar o motivo da equipe ter parado ele tão cedo, já que os engenheiros sabiam que ele perderia a posição. O time deixou a corrida seguir e conforme as voltas foram passando, os pneus duros usados pela McLaren começaram a perder performance, enquanto a dupla de pilotos reclamava da degradação dos pneus.

O pneu dianteiro esquerdo foi o pneu que mais trouxe dor de cabeça para as equipes ao longo do fim de semana, especialmente pela granulação observada.

Bom, a Ferrari ainda tinha a corrida de Carlos Sainz para lidar; deixaram o espanhol mais tempo em pista, substituindo seus pneus apenas no giro 19, sinalizando que ele realizaria apenas uma parada.

A prova seguiu, Norris foi encaminhado para os boxes na volta 32, ao trocar os pneus precisaria alcançar Carlos Sainz e fazer a ultrapassagem. Piastri foi deixado mais tempo na pista, liderando a prova, mas ficou perigoso manter o piloto, pois ele poderia cometer um erro e custar pontos preciosos.

Foi neste momento que a McLaren também parou Piastri e ao devolver o piloto ao traçado, pediu que o australiano realizasse voltas de classificação para alcançar Leclerc. Só que primeiro Piastri precisaria passar por Sainz; e assim o fez, mas ao abandonar o espanhol, mais de 11 segundos separavam o australiano do monegasco.

A distância caiu vertiginosamente, mas era a volta 46 de 53. Fez falta algumas voltas acionais para Piastri colar em Leclerc. No entanto, se aproximação tivesse ocorrido, ainda teria aquela coisa: “chegar é uma coisa, passar é outra”.

Leclerc estava empenhado em vencer em Monza, para obter a sua segunda vitória no circuito, além da segunda vitória na temporada 2024. Foi interessante observar como a Ferrari conseguiu trabalhar com os dois carros neste fim de semana. Mesmo com Carlos Sainz superado pela dupla da McLaren, o espanhol serviu de termômetro para a checagem de pneus que ocorreu ao longo da prova, além de dar um norte sobre a escolha de fazer apenas uma parada.

O monegasco ficou mais protegido pela distância que se estabeleceu entre ele e a dupla da McLaren. Mesmo com voltas de classificação, livres para correr, sem precisar poupar pneus, ficou um pouco mais complicado para a McLaren buscar a liderança. No caso do time de Woking, quando temos o resultado da prova em mãos, talvez fosse possível terminar a corrida com apenas uma parada, mas nesta prova em especial, os pilotos estavam sofrendo com a degradação dos pneus.

Norris melhorou muito no gerenciamento dos pneus, mas a sua corrida foi comprometida ao perder a liderança da prova para Piastri. O britânico ainda foi superado por Leclerc, passando parte do início da prova correndo atrás de ar sujo, o que também colaborou para acelerar a degradação dos seus pneus.

Piastri mesmo liderando a corrida, também sofreu com a degradação dos pneus, eles continuam tentando dosar sua performance com o comportamento dos compostos, o que acaba prejudicando alguns dos seus resultados.

A Ferrari era uma das equipes que mais degrada pneus e tinha dificuldade de fazer o gerenciamento dos compostos. O time tem superado cada vez mais essa questão e com um carro ajeitado para esse evento em casa, conseguiram perseguir a vitória. O resultado da equipe em casa é uma combinação de fatores.

A prova na Itália foi marcada por batalhas em pista, mas também da estratégia dos boxes e da leitura de corrida como um todo.

  • A estratégia principal e vendedora se baseou em realizar apenas uma parada. Essa era a aposta da Pirelli, mas eles acreditavam que as trocas de pneus aconteceriam em uma janela um pouco mais à frente.
  • Quando a prova foi iniciada, a temperatura na pista estava na casa dos 55 °C, colaborando para acentuar o desgaste dos pneus, prejudicando principalmente quem estava com os pneus médios. Mas a temperatura foi caindo gradativamente, melhorando um pouco as condições para os pilotos que estavam na estratégia de apenas uma parada;

A estratégia da Red Bull foi a que mais gerou estranheza. Os dois pilotos começaram a corrida usando os pneus duros, se beneficiaram por estar com este composto no pior momento da pista. Porém, a janela de parada deles aconteceu próximo à realizada pelos competidores que largaram com os pneus médios.

Max Verstappen e Sergio Pérez saltaram dos pneus duros, para um novo conjunto de pneus duros, admitindo que a sua corrida seria sustentada na estratégia de duas paradas. Até acreditava-se que essa aposta era para usar pneus macios no final da prova, quando a pista estaria mais fria e emborrachada, mas a RBR optou por terminar a corrida usando os pneus médios. Verstappen conseguiu apenas o sexto lugar, enquanto Sergio Pérez passou por essas mudanças de pneu e concluiu a corrida em oitavo, na mesma posição da largada.

Não existiu ganhou para a Red Bull, os pilotos estavam bem limitados nesta etapa. O trabalho em pista foi difícil, o carro não correspondeu como o esperado e Verstappen ainda sinalizou um problema de motor quando a prova estava próxima de ser concluída.

O GP da Itália é uma corrida rápida, que se desenvolve bem por ser em um traçado fluido. Não foi necessária a intervenção do Safety, apesar de alguns toques entre pilotos.

Pneus diponíveis para cada um dos pilotos no GP da Itália de 2024 – Foto: reprodução Pirelli
  • Ainda sobre as estratégias, neste evento nenhuma equipe viu o pneu macio como uma boa ideia para usar na corrida, eles só apareceram na classificação. Para não dizer que ninguém usou, Lance Stroll completou as últimas três voltas da corrida com este pneu. A prova foi sustentada na combinação dos pneus médios e duros designados para o evento.
  • 14 pilotos começaram a corrida usando pneus médios, enquanto 6 apostaram nos pneus duros;
  • Visando as altas temperaturas, algumas equipes fizeram o preparado do pneu que seria usado na corrida previamente, aquecendo ele em treino livre, para subir a sua temperatura de uma forma controlada – com o processo de cozimento.
  • Além da dupla da McLaren e Red Bull que realizaram uma prova com duas paradas, a dupla da Mercedes também foi pelo mesmo caminho, assim como Fernando Alonso, Nico Hülkenberg e Lance Stroll;
  • A maioria das equipes optou por preservar dois pneus duros para a corrida, podendo ter uma reação se as coisas mudassem com o restante da prova. A escolha foi prudente, embora a estratégia de uma parada fosse a melhor.
Performance dos pneus usados ao longo da etapa – Foto: reprodução Pirelli

George Russell iniciou a prova entre os três primeiros colocados, mas ao tocar com Piastri, o britânico cortou a curva 1 e ainda acabou com a asa danificada. Na primeira parada nos boxes foi necessário substituir a peça que estava comprometida, desta forma ele perdeu tempo e não conseguiu desenvolver a corrida da forma esperada. Lewis Hamilton obteve a quinta posição, enquanto Russell precisou se contentar com o sétimo lugar, finalizando a prova atrás de Verstappen.


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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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