Já falei de uma corrida de 1973 aqui, o GP de Monza. Apesar de o sonho do Bi ter acabado, o campeonato ainda traria algumas surpresas, como por exemplo, uma das corridas mais malucas da F1.
Mosport seria uma prova protocolar, pois o título já havia sido decidido, com a vitória de Jackie Stewart sobre a briga fratricida das Lotus de Emerson Fittipaldi e Ronnie Peterson.
Esse clima de descontração dos que já tinham a vida ganha, permitiu que outros atores fizessem seus brilharecos. A McLaren trouxe três exemplares do seu chassis M23, para os pilotos Peter Revson, Dennis Hulme e um jovem sul-africano rápido e cabeça quente, chamado Jody Scheckter.
Ronnie Peterson foi o pole position, comboiado por Revson e Scheckter. Carlos Reutmann foi quarto com a Brabham, seguido por Emerson Fittipaldi, o Tyrrell de Francois Cevért, o McLaren de Denny Hulme. Só então apareceu o Tyrrell campeão de Jackie Stewart.
Chuva no domingo. Muita chuva. Chuva que fez a largada ser adiada em uma hora (falem dos pilotos de açúcar agora!). Quando finalmente houve a partida, com a melhora das condições de tempo, Peterson fica para trás, por estar com slicks, achando que a pista não tardaria a secar.
Quem ganha com a bagunça da chuva é Niki Lauda, jovem piloto austríaco da BRM, que pula para a liderança em cinco voltas. Dez giros depois, impõe 23 segundos de vantagem para o segundo colocado!
Com a pista melhorando Lauda vai para as boxes, e a sua equipe lhe deixa na mão, com uma parada lenta. Jackie Oliver se aproveita e põe sua Shadow na liderança… e se instaurou o caos.
Não havia cronometragem na época. Essa tarefa era feita manualmente, pelas próprias equipes, com a supervisão dos organizadores. O entra e sai de pilotos dos boxes deu curto circuito na operação e ninguém sabia quem era o líder. Após muito coçar de cabeça e “minha mãe mandou”, Emerson Fittipaldi foi decretado líder… e se instaurou o caos novamente!
Scheckter colide com Cevért, e a direção de prova decide lançar mão de sua arma secreta: pela primeira vez na história da F1, um pace car foi acionado, para que fosse feita a limpeza da pista.
Os registros daquele dia contam que Eppie Witzes era o condutor do Porsche 914 utilizado como pace car, e sua função era se colocar à frente de Jackie Stewart, que havia acabado de entrar nos boxes. Sem avistar o carro azul no retrovisor, o carro madrinha pergunta à torre quem é o líder, e lhe foi respondido que era o carro numero 25, pilotado por Howden Ganley da Iso-Marlboro de Frank Willliams.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas… e Ganley não era o primeiro, mas sim o quarto classificado. Durante a discussão com a torre de controle, o pace car deixou os três primeiros colocados passarem – o Shadow do inglês Jackie Oliver, o BRM do francês Jean-Pierre Beltoise e o McLaren do americano Peter Revson – que, ficaram no fundo do pelotão, uma volta à frente dos demais.
O estrago estava feito. Bandeira verde, Fittipaldi ultrapassa Ganley pela quarta posição e parte pra descontar o tempo perdido para os líderes, que estavam atrás dele… Jackie Oliver, teve problemas com o acelerador e abandonou, Revson se deu melhor no duelo contra Beltoise e venceu a prova.
… Quatro horas depois…
Os comissários e as equipes ainda discutiam quem havia vencido a prova. Colin Chapman e Emerson Fittipaldi estavam convencidos que venceram, pois, afinal, cruzaram a linha em primeiro lugar! Mas não adiantou: Revson foi decretado vencedor depois da revisão de todos os tempos de prova, com Fittipaldi e Jackie Oliver completando o pódio.
Depois dessa agradável experiência com um pace car, só voltaríamos a ver um capitaneando um pelotão da F1 em 1993, no GP do Brasil, que também teve altas confusões!
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No dia 23 de setembro se comemora a Independência da Arábia Saudita, que ocorreu em 1932, em 2002 foi Lançada a primeira versão do navegador Mozilla Firefox, que você pode estar usando nesse momento, e em 1981, nasceu o piloto holandês Robert Doornbos.
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