Após um longo inverno e as paralisações por conta do coronavírus, a Fórmula Indy finalmente voltará as pistas nesta semana. A categoria teve que tomar providências para o seu retorno, diante das adaptações dos novos tempos e, apesar das dificuldades financeiras, a categoria tem o seu calendário estabelecido e planejado, embora tenha havido baixas. No entanto, o campeonato deste ano traz bastante novidades
lll Chegou a vez do “haloscreen”
Embora o carro de 2020 seja praticamente o mesmo em relação aos anos anteriores, uma grande novidade salta à vista de todo mundo a partir de 2020. O grande destaque é a estreia do Aeroscreen, a proteção na parte superior do cockpit do Dallara IR18, o carro usado nesta temporada.
Primeiro, é importante ressaltar que o Aeroscreen virou um “Haloscreen”, pois combinou o conceito desenvolvido pela Red Bull anteriormente com o Halo, usado na Fórmula 1 e nas demais categorias de monoposto. Em outras palavras, seria como um “Halo com viseira”. A direção da Indy já confirmou que o Aeroscreen terá camadas que serão retiradas em caso de acúmulo de sujeira, tal qual as viseiras do capacete.
Na questão estética, os fãs ficaram bem divididos. A ala mais purista da categoria ainda sente uma mudança radical demais e reclamou bastante da falta de harmonia do Aeroscreen com o carro. No entanto, a rejeição não foi tão grande em relação ao Halo quando este chegou à F1.
Já nos aspectos mais importantes, a primeira impressão dos pilotos foi amplamente positiva: Os comentários gerais é de que não houve mudanças na visibilidade com o apetrecho, mesmo em situações de corrida noturna ou de chuva. Os corredores também destacaram que não houve efeitos na temperatura dentro do cockpit. E o mais importante é a questão da segurança, que era uma reivindicação dentro e fora da Indy. Veremos como a novidade se sairá.
lll Sob nova direção
Apesar do impacto do Aeroscreen, a notícia mais chocante para o universo da Indy veio no fim de 2019: O anúncio que tanto a categoria, como o Indianapolis Motor Speedway passaram a ser propriedade de Roger Penske.
Embora, num primeiro momento, poucas mudanças foram sentidas, os planos do Capitão para os seus empreendimentos são ambiciosos. Para o autódromo no estado da Indiana, são projetadas melhorias para que a pista receba competições de âmbito internacional em poucos anos, como MotoGP, WEC e até a Fórmula 1.
Já para a Indy, a sua participação causa um ânimo nos demais dirigentes envolvidos na categoria. Os planos atendem exigências para a categoria continuar relevante tanto para o público, como para o mercado automobilístico. Apesar de fortes perdas financeiras devido à Covid-19, o Capitão ainda mantém firme os planos de recolocar a categoria em evidência no mercado dos Estados Unidos e do mundo
lll Calendário menor, mas mais robusto
Os principais impactos da pandemia para a Indy ocorreram no calendário da categoria. Algumas provas acabaram sendo canceladas e outras precisaram ser adiadas, principalmente as 500 milhas de Indianapolis, que será realizada pela primeira vez no mês de agosto.
A maioria dos cancelamentos foram em provas nos circuitos de rua, como a tradicional etapa de Long Beach, a rodada dupla de Detroit e a corrida canadense de Toronto, assim como o circuito misto de Barber, Alabama. Além dessas, a peleja programada para Richmond, que marcaria o retorno do oval nesta temporada, também não será realizada em 2020. Outra etapa cancelada é no Circuito da Américas, em Austin, devido também à situação financeira da administração do circuito.
Para compensar o período de paralisação, a Indycar organizou um calendário com 14 etapas, sendo três rodadas duplas (Road América, Iowa e Laguna Seca), e três corridas em Indianápolis, incluindo a Indy 500 em 23 de agosto. Outra mudança a ser considerada é a do circuito citadino de St. Petersburg, que receberia a abertura da temporada e, agora, ficará com o encerramento do certame, em 25 de outubro.
A realização das etapas seguirá os protocolos de segurança, assim como os adotados pela NASCAR, embora até mesmo há a possibilidade de realização de provas com público, como em Elkhart Lake. Vale lembrar que outras alterações podem acontecer conforme o controle da doença evolui nos Estados Unidos.
l Confira o calendário de 2020:
06/06 – Fort Worth, Texas (oval)
04/07 – GP de Indianápolis I (misto)
11/07 – Road America I, Elkhart Lake (misto)
12/07 – Road America II, Elkhart Lake (misto)
17/07 – Iowa I (oval)
18/07 – Iowa II (oval)
09/08 – Mid-Ohio (misto)
23/08 – 500 milhas de Indianápolis (oval)
30/08 – Gateway, Madison (oval)
13/09 – Portland (misto)
19/09 – Monterey I, Laguna Seca (misto)
20/09 – Monterey II, Laguna Seca (misto)
03/10 – GP de Indianápolis II (misto)
25/10 – St. Petersburg (rua)
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lll Disputa pelo título: todos contra a Penske
Mesmo sem o capitão no comando, a Penske ainda segue como a favorita para disputar o título entre os pilotos. A trinca que fará a temporada completa segue a mesma: o americano Josef Newgarden (atual campeão da categoria), o francês Simon Pagenaud (vencedor da última edição da Indy 500) e o australiano Will Power. O time segue sob a batuta de Tim Cindric, homem de confiança de Roger há anos.
Porém o trio terá que ralar este ano, não apenas pela disputa no campeonato, mas também pela renovação de contrato para o ano que vem, já que há pelo menos um nome forte para integrar a equipe em 2021.
O nome em questão é de Scott McLaughin, bicampeão da Supercars na Austrália pela própria equipe de Roger Penske. O neozelandês teve boa performance nos testes de pré-temporada no começo do ano e foi um dos grandes destaques nas provas virtuais da Indy durante o período de quarentena, com duas vitórias no período. McLaughin ainda pode ser utilizado em alguma prova deste ano, mas dependerá da conciliação de calendário dos campeonatos no ocidente e no oriente, além das questões burocráticas de entrada nos Estados Unidos, que ficaram mais restritas com a pandemia.
De volta à temporada de 2020, outro piloto da Nova Zelândia de nome Scott é o principal candidato para encarar de frente o trio da Penske. Estou falando de Scott Dixon, pentacampeão da Indy e, que pela 19ª temporada seguida, disputará o campeonato pela Chip Ganassi.
Embora Dixon seja a principal aposta da equipe, a Chip Ganassi volta a alinhar três carros no grid em 2020, com dois suecos fazendo companhia ao neozelandês: Felix Rosenqvist fará a segunda temporada pela equipe, enquanto Marcus Ericcson debuta na escuderia, após disputar a temporada do ano passado pela Schimidt-Peterson.
A outra equipe de ponta, que pode entrar na disputa pelo campeonato, é a Andretti Autosports. O principal nome do time comandado por Michael Andretti segue sendo o americano Alexander Rossi, que duelou pelo campeonato nas duas últimas edições e vem motivado para sair do quase. Ao seu lado, seguem os compatriotas Ryan Hunter-Reay e Zack Veach, que precisam melhorar o desempenho, após um 2019 pífio. Outro nome que disputará algumas provas será James Hinchcliffe, que fará algumas provas pela escuderia.
A Andretti terá ainda três carros de equipes parceiras: uma delas, com a Harding, vem o novato que mais surpreendeu no último ano. Colton Herta, de apenas 19 anos, venceu duas provas e cravou três poles em sua primeira temporada completa, demonstrando qualidade e sendo uma aposta para surpreender em 2020.
Curiosamente, a outra equipe parceira é de seu pai, Bryan, mas a Andretti-Herta terá por mais um ano, o filho de Michael, Marco Andretti, que tentará fazer uma temporada mais decente, após anos de ostracismo na categoria. A terceira parceira será com a Meyer Shank Racing, que fará temporada completa com Jack Harvey
lll A nova empreitada da McLaren
A grande novidade em termos de equipes foi a entrada definitiva da McLaren para participar da temporada completa. A escuderia de Woking optou por absorver a Schimidt-Peterson, formando a Arrow McLaren SP, mantendo sede própria em Indianapolis e apostando em pilotos com vivência na base da categoria.
A dupla que correrá pelos carros pretos e papaia será formada pelos dois últimos campeões da Indy Lights, última divisão de acesso da Fórmula Indy: O mexicano Pato O’Ward retorna à categoria após um ano em que chegou a integrar o programa de jovens pilotos da Red Bull e teve passagem apagada pela Super Fórmula, no Japão, e pela Fórmula 2; e o americano Oliver Askew, atual campeão da Lights.
Além da jovem dupla, a McLaren colocará um terceiro carro na Indy 500, que terá mais uma participação do espanhol Fernando Alonso, que tentará pela terceira vez, completar a tríplice coroa do automobilismo. A equipe virá com o objetivo de levar a categoria à serio para evitar o vexame do ano passado, quando Alonso acabou eliminado das 500 milhas ainda no Bump Day, uma semana antes da prova. A meta é conquistar a redenção este ano.
lll As apostas do meio para o fim do pelotão
A McLaren deve, num primeiro momento, brigar para ficar no meio do pelotão, com chances de beslicar um ou outro resultado. No entanto, a concorrência é pesada: uma equipe que está na mesma condição é a Rahal-Letterman Lanigan, que manterá sua experiente dupla, com o americano Graham Rahal e o japonês Takuma Sato. Quem também entra na briga é a Dale Coyne, que aposta as fichas e Santino Ferrucci (piloto marcado por polêmicas na antiga GP3, mas que se reencontrou na carreira com boas atuações no ano passado), além do novato espanhol Alex Palou.
Outra equipe que pode aprontar é a Ed Carpenter Racing (ECR), que mais uma vez terá um carro para a temporada completa (o 21 para o estreante holandês Reenus Veekay) e outro que será revezado entre o patrão Ed Carpenter (que corre somente nos ovais) e Conor Daly, que disputa as demais provas com o carro 20.
Daly, aliás, fará a temporada completa, pois além de disputar a Indy 500, as provas de misto e de rua pela ECR, participará das corridas restantes pela Carlin, no carro destinado a Max Chilton nas demais etapas do ano. A equipe inglesa, em tese deve brigar com a AJ Foyt para não ser a última colocada.
A escuderia do tetracampeão da Indy 500 tenta se reerguer depois dos anos complicados. Como perdeu o seu patrocinador principal (a rede de logística ABC), a equipe se segurou como pôde e deixou um carro para o americano Charlie Kimball, que leva o aporte financeiro da campanha contra a diabetes. O segundo carro será revezado entre o experiente francês Sebastien Bourdais e o estreante canadense Dalton Kellett, ambos para provas nos circuitos mistos.
lll Brasil apenas em doses pequenas
Para o fã mais nacionalista ou ufanista, a temporada de 2020 começa bem decepcionante no que diz respeito ao espaço para pilotos brasileiros na categoria. Até mesmo na transmissão esportiva, o espaço dado acaba sendo ofertado de forma diferente.
O piloto que deve aparecer mais será o baiano Antoine Rizkallah Kanaan Filho, ou Tony Kanaan, como queiram. O campeão da IRL em 2004 e vencedor da Indy 500 de 2013 decidir fazer de 2020 o seu ano de despedida da categoria, mas participará apenas das provas em circuitos ovais pela AJ Foyt, aonde Tony vê melhor possibilidade de obter resultados mais expressivos.
Outro experiente piloto brasileiro a aparecer será Hélio Castroneves, que buscará mais uma vez a quarta vitória em Indianapolis. O paulista de Ribeirão Preto seguirá mais um ano pela esquadra de Roger Penske para tentar igualar os feitos de AJ Foyt, Al Unser e Rick Mears, os maiores vencedores da grande corrida do automobilismo norte-americano.
Além dos veteranos, outro brasileiro que pode estar presente em algumas provas é Felipe Nasr. O ex-piloto da Sauber na Fórmula 1 chegou a testar pela Carlin e, dependendo das condições financeiras da equipe e do calendário da IMSA, categoria na qual o brasiliense compete, Nasr estreará na categoria, visando outras possibilidades na carreira.
Fora isso, não devemos ter nenhum piloto brasileiro correndo a temporada completa. Além disso, há ainda dúvidas sobre as transmissões da categoria no país. A informação oficial que será realizada em terras brasileiras será da rede de streaming DAZN. A primeira prova terá a narração de André Duek e os comentários de Matheus Leist, que corria até o ano passado na categoria.
Há também informações que a Bandeirantes (que não renovou num primeiro momento) poderia ter readquirido os direitos de transmissão para as TVs aberta e fechada (via Bandsports), mas até o fechamento deste texto, não houve a confirmação oficial por parte da emissora.
A etapa do Texas será no sábado, com treino livre às 14h, classificação às 18h e a largada às 21h (Horário de Brasília). Mais informações sobre a temporada da Fórmula Indy você também acompanhará no Boletim do Paddock.
Fonte: indycar.com