Estratégias adotadas no domingo são inesperadas, em parte pelo alto consumo dos pneus duros durante a corrida. Verstappen foi superado por Leclerc em casa
Neste fim de semana a Fórmula 1 foi para a pista disputando duas provas, por conta do formato Sprint adotado. As duas corridas foram bem disputadas: a do sábado foi vencida por Max Verstappen, enquanto Charles Leclerc superou o piloto da Red Bull para vencer no domingo.
Na sexta-feira o grid da corrida principal foi definido com uma classificação no formato Q1, Q2 e Q3. Max Verstappen estabeleceu a pole e desta forma tinha o direito de largar da primeira posição. A classificação foi realizada com os pneus macios, mas para a corrida os pilotos dividiram as suas escolhas entre pneus os macios e médios.
Largaram com os pneus macios para a Sprint apenas Alexander Albon, Lance Stroll, Nicholas Latifi e Sebastian Vettel. O restante do pelotão optou pelos compostos médios para completar as 24 voltas da prova.
Inicialmente seria uma corrida com 24 voltas, mas Zhou Guanyu enfrentou problemas na volta de apresentação, como os pilotos tiveram que percorrer a pista mais uma vez antes da largada, uma volta foi debitada. Tivemos uma corrida bem disputada, com os pilotos tentando melhores posições para a largada do domingo e por consequência aumentar a sua chance de conquistar pontos.
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Mesmo com Verstappen, Leclerc, Sainz e Russell terminando a prova na mesma configuração que começaram, tivemos uma briga interna protagonizada pela dupla da Ferrari, enquanto Verstappen viu a oportunidade para disparar na ponta e concretizar a vitória.
Por ser uma prova sem a necessidade de realizar uma parada obrigatória, os pneus médios e macios conseguem cumprir o papel de serem eficientes em 24 voltas. Os pneus duros não são adequados, pois são mais lentos que os outros compostos e de difícil aquecimento.
Em um momento da prova tivemos a Daniel Ricciardo desafiando Lando Norris, o piloto australiano queria uma oportunidade para ultrapassar o companheiro de equipe e buscar os outros competidores, mas como os pilotos da McLaren também estavam com os pneus médios – os mesmos compostos usados pelo pelotão à frente, não teriam ganhos, então o time manteve as posições de pista.
Mick Schumacher merece destaque pelas duas provas que fez, o piloto alemão duelou com Hamilton pelo último ponto em jogo na Sprint e na corrida principal voltou a pontuar com a Haas. Mesmo largando com os pneus macios, Albon não teve a oportunidade de conservar a posição inicial, então terminou a prova no décimo sexto lugar.
Corrida Principal
Inicialmente a Pirelli acreditava que seria uma corrida disputada com apenas uma parada, mas as equipes foram além. Tem sido de certa forma bem interessante ver que os times estão dando preferência pela performance, para não ter os seus desempenhos comprometidos e limitados por pneus mais degradados.
Charles Leclerc venceu a corrida realizando três paradas, assim como Max Verstappen, mas em momentos diferentes da prova. Lewis Hamilton que estava acompanhando a estratégia dos ponteiros, trabalhou com duas paradas, contando com pneus médios para o final da prova.
Diferente da prova Sprint onde os pneus macios foram considerados nas estratégias, o pneu de faixa vermelha foi excluído das estratégias do domingo, onde os times trabalharam apenas com os pneus médios e duros.
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No domingo a Ferrari apresentou um desempenho superior, Leclerc não brigou com Verstappen na largada, mas se aproveitou da dificuldade que o holandês enfrentava para gerir os pneus e perseguir o adversário. Por conta das paradas, Leclerc realizou três ultrapassagens em Verstappen, conseguindo dessa forma conquistar a sua terceira vitória na temporada.
Antes da largada apenas Fernando Alonso (que começou do final do pelotão), Zhou Guanyu, Yuki Tsunoda e Sebastian Vettel largaram com os pneus duros. Como Sergio Pérez foi tocado por George Russell na largada e passou pela brita, o mexicano seguiu para os boxes realizando a sua troca de pneus para instalar os pneus duros. Como Pérez não tinha muita oportunidade para realizar ultrapassagens e se recuperar na prova a Red Bull optou por recolher o seu carro.
Valtteri Bottas começou a corrida do pit-lane pela alteração no turbo e também da asa traseira do carro. O finlandês começou a prova com os pneus médios, diferente da aposta que a Alpine fez para o espanhol, desta forma logo Bottas precisou realizar a sua parada e remar novamente o pelotão. A Alfa Romeo quase pontuou neste domingo, mas Bottas foi surpreendido por Alonso que estava em uma estratégia melhor.
Leclerc e Verstappen tiveram uma estratégia idêntica, largaram com os pneus médios, fizeram dois stints de pneus duros, antes de instalar os pneus médios para o final da prova. A única diferença entre eles foi o tempo de permanência com cada um dos compostos.
Por conta da variedade de estratégias adotadas, tivemos muita disputa na pista, alguns pilotos se enfrentando mais de uma vez pela mesma posição. Munido de uma boa estratégia Hamilton conseguiu terminar no pódio. A expectativa da Mercedes era o inglês incomodar Verstappen no final da prova, mas o Virtual Safety Car provocado pelo abandono de Carlos Sainz deu a oportunidade para Verstappen ter um desempenho melhor no final da prova.
George Russell que foi punido pelo incidente com Sergio Pérez, também teve uma corrida onde flutuou no meio do pelotão, mas por fim conseguiu retornar ao quarto lugar, ficando com a posição do início da prova.
As paradas possibilitaram um duelo bem legal travado entre Zhou Guanyu, Kevin Magnussen, Lando Norris, Fernando Alonso e Mick Schumacher na luta pelo nono lugar. Além disso os pilotos estavam em estratégias diferentes.
Os Pneus da Rodada
C3 (duro – faixa branca): foram usados principalmente para o meio da prova, grande parte das equipes do grid guardou os seus compostos duros para a prova e mesmo nas avaliações realizadas no TL1 e TL2 deram preferência para trabalhar com os pneus médios e macios que seriam mais usados.
Os pneus duros não eram adequados para a Sprint, principalmente pela dificuldade para atingir a temperatura ideal rapidamente. Algumas equipes optaram neste domingo por realizar dois stints usando os pneus duros.
Para Fernando Alonso esse pneu foi fundamental, principalmente para permanecer mais tempo na pista, realizar ultrapassagens e duelar com Valtteri Bottas no final da prova para capturar mais um ponto para a Alpine;
C4 (médios – faixa amarela): como os pneus macios não foram usados no domingo, os pneus médios também se tornaram fundamentais para as estratégias dos times. Grande parte do grid optou por eles na largada para contar com mais aderência.
Verstappen conseguiu aferir com ele o tempo de volta mais rápido da prova, após também ter um duelo com Leclerc por esse ponto.
C5 (macio – faixa vermelha): os pneus macios não foram usados na corrida principal, não eram adequados para o início da prova, pois os carros estavam mais pesados. No começo da prova o alto nível de degradação e as características do circuito não contribuíam para que ele fosse utilizado. E no trecho final da prova ninguém optou por eles.
“Estamos felizes com a corrida de hoje. Todos os três compostos mostraram versatilidade e desempenho em diferentes carros e configurações ao longo dos três dias deste fim de semana de sprint muito específico, em um circuito único como Spielberg. Isso acontece uma semana depois de Silverstone: dois circuitos que não poderiam ser mais diferentes, mas onde a combinação de carros e pneus garantiu um grande show. O médio mostrou um excelente desempenho, enquanto a degradação no duro foi maior do que o esperado hoje: provavelmente porque as equipes não tiveram tempo de experimentá-lo completamente em condições de corrida durante os treinos livres, devido à natureza condensada de um fim de semana de sprint. Muito da degradação vista hoje também se deve ao tráfego nesta volta curta, pois quando os carros estão lutando, eles consomem mais energia de seus pneus”, disse Mario Isola da Pirelli.