A Fórmula 1 realizou neste fim de semana a primeira Sprint da temporada 2023. A categoria também utilizou um novo formato e desta vez, duas classificações foram realizadas para definir o grid de largada, desta forma a Sprint pode se tornar um evento separado da corrida principal.
A etapa não foi tão movimentada como era o esperado. Mesmo no Azerbaijão, a abordagem conservadora das equipes, a pouca eficiência do DRS e o fato do parque fechado ter começado na sexta-feira, limitou algumas escolhas das equipes. Charles Leclerc conquistou o direito de começar as duas corridas do fim de semana da primeira posição, enquanto Sergio Pérez venceu as duas provas.
Sprint
Regra
Para a classificação Sprint, os times tinham que guardar dois jogos de pneus médios novos para participar do Q1 e Q2, enquanto no Q3 existia a necessidade de trabalhar com um jogo de pneus macios novos. A regra já serve como um teste, afinal a categoria está estudando a possibilidade de definir o uso de compostos em cada uma das fases da classificação, buscando uma dinâmica diferenciada na sessão. Porém, é claro, aquelas equipes que são velozes nos pneus macios, também encontram um bom desempenho com os médios, enquanto só atrapalha o desempenho das equipes que estão no meio ou final do pelotão que não tem rendimento semelhante.
A escolha de pneus na Sprint era livre, grande parte do pelotão deu preferência para fazer a prova com os compostos médios, mas Lando Norris e Valtteri Bottas arriscaram na utilização dos pneus macios para completar as 17 voltas. A aposta da McLaren e Alfa Romeo foi bem ruim, pois os compostos degradaram rapidamente e deixaram os pilotos vendidos na prova.
A prova Sprint de Norris e Bottas serviu apenas para as equipes coletarem dados sobre a pista e abandonarem de vez a utilização de pneus macios na corrida principal.
Durante a sexta-feira, os pilotos e equipes tiveram disponível apenas um treino livre para verificar os seus carros. Poucos dados foram coletados e com a necessidade de preservar os pneus macios para as classificações, muitos não tinham certeza sobre a utilização dos pneus macios. Mesmo com a pista do Azerbaijão sendo pouco abrasiva, além de ter passado por um processo de recapeamento, com carros mais pesados e a pista quente, os pneus macios não apresentam resistência.
Corrida Principal
Por mais que instantes antes da corrida ser iniciada existisse um jogo estratégico sobre quais pneus os times usariam na largada, o trabalho com os pneus macios era descartado. O pneu de faixa amarela faria os pilotos anteciparem ainda mais a sua parada, forçando os competidores a completar mais voltas com os pneus duros. A pista estava quente e com carros mais pesado por conta do combustível, não era uma ideia aceitável trabalhar com os pneus macios no começo da corrida.
Pneus duros (C3)
Para os dez primeiros colocados, largar com os pneus duros era um erro. A temperatura da pista, mas a dificuldade para aquecer os compostos, somado a falta de aderência era a receita certa para acidentes e a fórmula para perder posições. Apenas Nyck De Vries (18 colocado), Esteban Ocon e Nico Hülkenberg (que começaram do pit-lane), investiram nos pneus duros para fazer um stint mais longo. Mas nenhum desses pilotos pontuou.
De Vries abandonou a corrida com nove voltas, pois danificou a suspensão dianteira quando tocou no muro de contenção. Hülkenberg e Ocon ficaram na pista, aguardando um Safety Car ou uma bandeira vermelha ao final da prova para salvar as suas corridas, mas nem isso aconteceu no Azerbaijão neste ano. O piloto da Haas realizou a sua parada na penúltima volta, enquanto o competidor da Alpine só instalou os pneus macios na última volta. Os dois perderam terreno e ficaram fora da zona de pontuação. A permanência do piloto da Haas na pista tinha se tornando algo perigoso, principalmente por ele não ter mais aderência no trecho final da corrida.
A parada de Ocon ainda foi bem perigosa, fiscais de pista ocupavam o pit-lane para preparar a área para a comemoração do pódio. Quando Hülk passou por aquela área já tinha uma movimentação, mas quando Ocon foi substituir os pneus, o francês quase acertou os fiscais. A FIA foi investigar o caso.
Mesmo não auxiliando na corrida desses pilotos, os pneus duros foram bem eficientes. Permitiram que os pilotos trabalhassem com a estratégia de apenas uma parada. A Ferrari mesmo ficou feliz com o desempenho dos compostos, principalmente pela equipe ser uma das que mais está lidando com a degradação dos compostos.
Charles Leclerc fez uma estratégia semelhante à de Fernando Alonso. Sabendo que o espanhol gosta de conservar os pneus para atacar no final, o monegasco fez o mesmo em seu carro e pode evitar uma ultrapassagem do espanhol.
“Ele estava pressionando. Eu sabia quais eram as intenções dele no começo, porque ele sempre faz isso. Tentando conservar os pneus no início do stint e forçar no final. Então tentei fazer o mesmo”, afirmou o monegasco.
Sainz perdeu a posição para a Alonso na relargada, o piloto da Aston Martin fez uma grande ultrapassagem no piloto da Ferrari. Sainz tentou recuperar o quarto lugar, mas Alonso conseguiu se defender. O espanhol precisava conservar os pneus por conta do desgaste dos compostos na Ferrari e com isso Alonso conseguiu mais de dez segundos de vantagem para Sainz. Por fim, o dono do carro #55 precisou lidar com Lewis Hamilton que partiu para o ataque nas últimas 16 voltas da prova.
Mesmo com todas as investidas, Sainz usou um traçado defensivo e conseguiu se defender do adversário. Deixando Hamilton cruzar a linha de chegada no quinto lugar. Destaque para os pilotos da Ferrari, em especial Leclerc que fez um bom gerenciamento dos compostos.
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É importante ressaltar que a corrida de Max Verstappen de certa forma foi definida durante o Safety Car provocado por De Vries. Quando o carro do piloto da AlphaTauri ficou parado na pista, a Red Bull realizou a parada do holandês, mas na sequência o SC foi ativo. Pérez parou quando a corrida estava neutralizada, enquanto Verstappen foi devolvido para a pista atrás de Leclerc e Pérez.
O monegasco não foi uma ameaça para a corrida da Red Bull, muito menos a prova realizada por Verstappen, mas Pérez conseguiu estabelecer certa distância para o carro do holandês evitando uma ultrapassagem e ataques do companheiro de equipe. A Red Bull encerrou a etapa com uma dobradinha e seus pilotos ampliando a diferença para o restante do pelotão, enquanto a disputa interna do time austríaco aumentou um pouco depois das duas vitórias de Pérez no fim de semana.
Pneus médios (C4)
Os compostos de faixa amarela ajudaram os pilotos na Sprint e foram ideias para realizar o primeiro stint da prova. Algo que era esperado pela Pirelli quando a fornecedora de pneus apostou nas estratégias e escolhas do fim de semana.
Sim, os competidores poderiam fazer uma Sprint no começo, completando cerca de 17 voltas com os pneus médios, mas os carros estavam mais pesados que no sábado, pois largaram com o tanque para fazer uma corrida completa. As paradas começaram ainda na volta sete e o Safety Car provocado por De Vries auxiliou na antecipação das paradas que eram realizadas de forma gradativa.
Apenas Valtteri Bottas concluiu a corrida com três paradas, o piloto largou com pneus médios, fez dois stints com os pneus duros e completou a prova com os compostos de faixa amarela. A corrida foi um desastre para o piloto finlandês, enquanto Zhou Guanyu precisou abandonar a corrida.
Pneus Macios
Os pneus macios pareceram na corrida na última faze, George Russell instalou o composto para concluir a etapa com a volta mais rápida e um ponto adicional. Depois de rodar praticamente a prova toda com os pneus duros, Hülk e Ocon só instalaram os pneus macios para praticamente cruzar a linha de chegada e marcar o encerrando das suas corridas.