Não é de hoje que comparativos entre categorias aconteçam no automobilismo, mesmo sabendo que elas têm propostas diferentes. Outro assunto que é muito abordado, é o futuro do automobilismo: ele será elétrico ou híbrido?
Quando a Fórmula E surgiu, vários especialistas apostam que futuro era totalmente elétrico, também acreditavam que rapidamente a F1 perderia o seu impacto, deixando de ser uma referência de tecnologia. Os passos não ocorreram rapidamente e a verdade é que ainda estamos engatinhando nesses questionamentos. Motores a combustão se tornaram os vilões do meio ambiente, principalmente pelo uso dos combustíveis fósseis.
A F1 migrou para a tecnologia híbrida, mas ela se provou como um grande desafio. Os motores híbridos no começo quebravam muito, além disso eram caros, portanto vários potenciais fornecedores se afastaram da categoria, esperando um momento melhor para tentar entrar na categoria. Agora o caminho que a F1 segue se apoiando é ainda no motor híbrido, mas com uma tecnologia de fabricação que pode ser barateada e que possa estar atrelada aos combustível mais sustentável.
Essa discussão sempre vai pairar entre as categorias, pois as suas áreas estão tendo avanços, tanto os veículos elétricos, como aqueles que utilizam motores híbridos. Os países estão se adequando as essas mudanças traçando metas para a eletrificação, desta forma várias fabricantes viram a Fórmula E como um ótimo campo para estudar e explorar a tecnologia elétrica, aperfeiçoando os carros de rua.
A Fórmula E tem uma filosofia diferente, os carros utilizam apenas um tipo de composto, se aproximando mais ainda dos carros de rua. No começo existia muita resistência com os veículos elétricos pela falta de barulho e até mesmo pela baixa autonomia das baterias, mas essas questões foram resolvidas conforme o tempo. A Fórmula E mostrou que é possível realizar uma competição com apenas um carro, pois a duração da bateria evoluiu, além disso, os carros elétricos se tornaram mais eficientes.
As duas categorias ainda são vistas como um campo de pesquisa e inovação, portanto até esse momento elas conseguem abordar a eletrificação de pontos diferentes.
Carlos Tavares, CEO da Stellantis, esteve presente no ePrix de Roma para acompanhar o evento e conversou com o site The Race, abordando esse tema e dando a sua visão sobre o assunto. O Grupo Stellantis é aquele onde a Maserati está inserida. A empresa já confirmou a sua entrada na Fórmula E, além da parceria que formou com a Venturi para a era Gen3.
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“Você vê que grandes montadoras já estão aqui na Fórmula E, lutando e tentando competir. Acredito que há um grande potencial de desenvolvimento e crescimento da Fórmula E, o que significa que em algum momento a questão será Fórmula 1 ou Fórmula E, certo? Essa pergunta virá com o tempo”, disse Tavares.
Muitos se questionam sobre qual será o próximo passo da Fórmula 1, a categoria precisará ceder de vezes aos motores elétricos? Tavares acredita que em algum momento a F1 será pressionada para mudar os seus motores.
“O que acredito também é que haverá um momento em que a Fórmula 1 não poderá continuar correndo com os motores de combustão interna, simplesmente porque não será mais aceito pelas pessoas. A pressão da sociedade será tão alta que a F1 terá que abandonar a tecnologia ICE, o que significa que nesse momento, Fórmula E e Fórmula 1 terão que discutir e encontrar um caminho certo com a FIA sobre a direção a seguir”, afirma Tavares.
As duas categorias têm filosofias diferentes e nasceram em momentos completamente diferentes da história do automobilismo e sofreram mudanças. A sustentabilidade já bateu na porta da Fórmula 1, onde a categoria precisou repensar os seus valores e compreender o que os times querem passar com as suas marcas. Várias políticas sustentáveis foram implementadas pela categoria em sua competição e os times também passaram a ficar mais conscientes sobre o tema.
A Fórmula E, assim como a Extreme E, são categorias que estão mais envolvidas com essas causas e sempre chamam a atenção para o aquecimento global e a destruição do nosso planeta.
A Stellantis planeja investir pelo menos US$ 35,5 bilhões, em eletrificação dos veículos e em novos softwares até 2025. O grupo acredita que terá 55 veículos eletrificados ne Europa e nos Estados Unidos até 2025. Onde 40 modelos serão totalmente elétricos e outros 15 modelos, serão híbridos, como aponta a matéria do site The Race.
A Fórmula E é uma plataforma muito grande para adquirir conhecimento sobre essa tecnologia, mas algumas montadoras, entraram, absorveram o aprendizado e depois deixaram a categoria. A Fórmula 1 ainda tem mais visibilidade que a categoria elétrica.
Reuniões entre o presidente da Fórmula E, Alejandro Agag, com o presidente da F1, Stefano Domenicali ocorreram por várias vezes nos últimos meses para discutir o futuro do automobilismo. A Fórmula E conta com uma cláusula onde será o único campeonato mundial elétrico até 2039.
Ninguém ainda está completamente certo sobre o futuro das duas categorias, mas certamente mais reuniões devem acontecer nos próximos anos. Será necessário observar o mercado para compreender o que é mais viável, em quanto tempo os países que recebem essas categorias atualmente querem mudar e estão promovendo alguma espécie de mudança. As categorias são uma vitrine de tecnologia e mudança, mas como cada uma vai lidar com elas, só o tempo dirá.