No final de julho, a Fórmula E fez a sua penúltima etapa no E-Prix de Londres antes de embarcar para Seul, Coreia do Sul, que será palco das rodadas finais da categoria.
Em um final de semana extremamente positivo para a equipe Andretti, o chefe de equipe, Roger Griffiths, participou do podcast do The Race em um papo de quase uma hora, onde ele comentou sobre diversas coisas envolvendo a categoria.
Primeiramente, Griffiths exaltou o desempenho de seu piloto Jake Dennis, que fez um hat trick na rodada de sábado ao conquistar a pole position, ficar em primeiro na corrida e também fazer a volta mais rápida. Na prova do domingo, o britânico foi pole position, fez a volta rápida e terminou em segundo lugar.
Roger comentou que uma das razões de Jake ter ido melhor no sábado, é que a pressão na largada era menor, uma vez que Stoffel Vandoorne largou em segundo na 13ª rodada. Enquanto que na 14ª rodada, quem largou da segunda posição foi o brasileiro Lucas Di Grassi.
“Quando conversei com o Jake antes da corrida, eu disse a ele: ‘Não se preocupe com o Stoffel, ele não vai fazer nada absurdo, ele está com a cabeça na disputa do título. Ele não vai tentar ir com tudo na primeira volta’. Mas no dia seguinte era o Lucas e eu disse: ‘Ele não tem nada a perder, então, é melhor você estar atento quando as luzes se apagarem e fuja o mais rápido possível, porque ele vai te atacar todo o tempo’. E isso foi verdade”, contou.
Quem assistiu a 14ª rodada, percebeu uma leve perda de rendimento de Jake Dennis nos momentos finais da corrida, o que aumentou a distância entre ele e Lucas Di Grassi, que liderava a prova naquele momento. Para a audiência, parecia ser algum problema com o carro, ou até mesmo uma questão de gerenciamento de energia, já que não foi mostrado na transmissão o exato momento em que o piloto britânico perdeu força, mas o chefe da Andretti explicou que isso aconteceu devido a um erro cometido por Dennis.
“O único erro que o Jake cometeu no final de semana, foi ter pego outro Modo Ataque quando ele ainda tinha poucos segundos restando do Modo Ataque que estava utilizando. Isso fez ele ficar 1.7 segundos atrás do Lucas e a nossa estratégia de passar na frente na volta seguinte acabou sendo arruinada. O Jake não soube explicar o porquê que ele fez isso. Acho que ele estava tão focado em ultrapassar que apenas foi com tudo e depois ele ficou: ‘Por que eu fiz isso?’. Mas todo mundo é humano e comete erros”, disse.
Apesar disso, o clima no final de semana do E-Prix de Londres foi além de todas as expectativas, os fãs de automobilismo lotaram o Excel London, mesmo com a Fórmula E tendo os seus horários batendo com a Fórmula 1. Em diversos momentos era possível ouvir a animação do público que vibrava das arquibancadas, principalmente, quando as atenções estavam em cima de Jake Dennis.
Uma coisa muito positiva é justamente a questão da Fórmula E correr dentro das grandes cidades, o que possibilita que muitas pessoas tenham fácil acesso às corridas. Na Europa, grande parte das competições de automobilismo ocorrem em autódromos que ficam localizados em cidades no interior, o que requer um deslocamento maior do público para poder comparecer em uma corrida.
O chefe da Andretti também falou a respeito da demanda física que a pista de Londres cobra dos pilotos. Além de todo o peso de um carro de Fórmula E, o traçado possui 22 curvas e a maioria delas exige muito movimento de volante, às vezes, quase que uma virada completa. Uma das coisas que ele relatou mais ter ouvido ao término da corrida, foram os pilotos falando sobre a exaustão que sentiam e de como mal estavam conseguindo virar o volante nos minutos finais do ePrix.
Roger Griffiths também foi perguntado sobre a reta final do campeonato e quem ele acredita que leva o título. Com Edoardo Mortara e Jean-Éric Vergne tendo azar tanto na etapa de Nova York, quanto na etapa de Londres, as chances de eles levarem o título são bem pequenas.
A briga agora está entre Stoffel Vandoorne e Mitch Evans, embora, o piloto da Jaguar também tenha tido azar durante a etapa de Londres, quando o seu carro apresentou um problema de aceleração faltando poucos minutos para o fim da corrida de domingo.
“O único incidente que eu lembro do Vandoorne estar envolvido esse ano, foi quando ele e o Di Grassi bateram no México e essa foi a única vez que ele não pontuou. É exatamente assim que você disputa o título, especialmente, com o formato da classificação desse ano. Se você olhar a situação, o Stoffel só tem uma vitória contra três do Evans, mas o Mitch teve várias corridas onde ele não marcou pontos e abandonou. Então, eu aposto no Vandoorne pela consistência dele”, explicou.
Em um certo ponto da conversa, foi comentado sobre o final de semana da Dragon Penske, que conquistou os seus primeiros pontos na temporada com o piloto brasileiro Sérgio Sette Câmara, além do bom desempenho de Antonio Giovinazzi na classificação de domingo, que marcou o melhor tempo da equipe norte-americana no ano.
“Onde tudo desmorona (para a Dragon) é na corrida. Alguns dos erros ocorrem por, talvez, não terem os procedimentos certos no lugar certo para identificar os erros. Eles precisam de um mecanismo para conter isso antes que se torne um problema. Sabemos que eles têm dificuldade por conta do orçamento para desenvolver os sistemas do carro, mas essa parte não tem nada a ver com os erros cometidos”, disse Roger.
Foi destacado todo o bom trabalho e esforço de Sette Câmara ao longo da temporada, entretanto, Roger Griffiths não poupou críticas à maneira em como a equipe de Jay Penske conduz as coisas, dizendo que há um problema na gestão de equipe que vai muito além do orçamento.
“Eles poderiam ter feitos bons pontos com o Sette Câmara (na corrida de sábado), talvez, ele não manteria a posição, mas dava para pontuar. Eles precisam olhar internamente para ver como estão dividindo as tarefas entre seus engenheiros, mecânicos e técnicos. Quem está liderando a equipe na parte de engenharia. Tem muitas coisas que eles precisam focar. Se trata de cuidar dos procedimentos, mais do que dizer que não tem dinheiro para desenvolver, sendo que outros (em situação parecida) estão indo bem,” enfatizou.
No final da conversa, ele comentou sobre a discussão calorosa que ocorreu entre Sebastien Buemi e Pascal Wehrlein após o término da rodada 14 do ePrix de Londres.
Tudo começou, porque durante a corrida, o piloto da Nissan e o piloto da Porsche estavam disputando a sétima posição e em um dado momento, Wehrlein achou que o Buemi fez um movimento proibido e que era perigoso.
A Porsche fez uma reclamação, o ocorrido foi investigado pela FIA e não houve punição. Porém, ao término da corrida os pilotos começaram a discutir próximo do box da Andretti. Antes que as coisas pudessem se tornar físicas, algumas pessoas intervieram.
“As coisas começaram a ficar mais sérias no parque fechado. Algumas coisas foram ditas, o que acabou levando a alguns empurrões e no estilo clássico do futebol moderno, chegaram a ficar numa situação de nariz com nariz, mas ninguém saiu na mão com ninguém. Teve sim um ponto em que os nervos ficaram bem exaltados, as emoções foram expostas e eu acho que foram raros os momentos em que isso aconteceu (na Fórmula E). Geralmente, essas coisas são resolvidas antes que cheguem nesse ponto, mas o lado bom é que tinha gente por perto para apaziguar isso”, finalizou.
A Fórmula E retorna as pistas nos dias 13 e 14 de agosto para disputar a final do campeonato em Seul, Coreia do Sul. Será a primeira vez que a categoria elétrica correrá no país.