Quando a Mercedes optou por deixar a Fórmula E e a McLaren tinha o plano ambicioso de entrar na categoria elétrica, o time de Woking assumiu a estrutura da equipe alemã.
A McLaren já estava inserida na Fórmula E, mas como fornecedora das baterias, mas a empresa decidiu dar uma virada e competir no campeonato elétrico, desta forma se beneficiou com a entrada da Williams como fornecedora das baterias para o Gen3. A McLaren abraçou a oportunidade para adicionar a Fórmula E na lista de campeonatos que a equipe está inserida.
Em maio de 2022 quando a McLaren confirmou que estava adquirindo a estrutura da Mercedes, a equipe optou por manter uma base vencedora. O time alemão tinha acabado de conquistar um título de pilotos e outro de equipe e estava trabalhando para a conquista de um novo título com Stoffel Vandoorne. Claro que essa composição era extremamente atrativa para uma equipe que precisava se estruturar na categoria.
Por fim, a McLaren ingressou na Fórmula E com o intuído de acelerar o desenvolvimento sustentável da equipe e alcançar um público mais diversificado.
A McLaren manteve o chefe de equipe Ian James, para tornar essa transição o mais suave possível e sem grandes impacto. Cerca de um ano após todas as mudanças que aconteceram e neste primeiro ano como McLaren, Ian James falou com o Boletim do Paddock durante o e-Prix de São Paulo em uma entrevista intimista na sede da McLaren em São Paulo. Perguntamos à Ian James como foi esse processo e o que ele fez para tornar a transição mais suave, como era esperada.
“Essa é uma ótima pergunta! Acho que uma das coisas é que nós tivemos sucesso como Mercedes e queríamos ter certeza de que continuaríamos com esse ímpeto, mesmo sabemos que estávamos entrando em uma nova geração”, afirmou o chefe de equipe da McLaren.
A entrada da McLaren na Fórmula E também tem relação com a transição para o Gen3, uma mudança de regulamento e um novo equipamento. Mesmo com algumas grandes marcas deixando a categoria elétrica, a McLaren viu esse momento de transformação da Fórmula E como uma oportunidade. Porém, eles teriam que enfrentar juntos a utilização de um novo powertrain, além de suprimentos para compor as máquinas.
“Portanto, há uma série de desafios para grandes novos pilotos, bem como para se integrar à equipe. Embora Jake obviamente conhecesse a equipe muito bem por seu papel como piloto reserva no passado. Então, para nós foi realmente garantir que mantivéssemos o máximo possível de estabilidade dentro da equipe”, afirmou James.
Enquanto na era Mercedes a equipe alemã utilizava o seu powertrain e fornecia para a Venturi, com a saída da equipe alemã a McLaren precisou firmar um novo acordo. O time de Woking então passou a trabalhar com a Nissan utilizando o powertrain fabricado pela empresa japonesa.
A McLaren tem várias experiências no esporte, além de ser uma equipe consagrada na Fórmula 1, o time atua na Indy, Extreme E, e-Sports e todo esse intercâmbio de informações e estrutura tem ajudado a equipe na Fórmula E.
“E somos muito apoiados pela Mercedes, mas claro, também pela McLaren e integramos a família McLaren. Portanto, uma das coisas é que temos uma ótima instalação em Woking, no McLaren Tecnology Center. Com a colaboração de Zak Brown nosso CEO, também decidimos que abriríamos um novo local para as corridas elétricas da McLaren, o que permitiu que a maioria desta equipe permanecesse na mesma área. Então nós os mantivemos”, seguiu Ian.
Quando a McLaren se apoderou da estrutura da Mercedes, o time esperava não fazer muitas alterações de profissionais, tentando manter aquelas pessoas que já estavam inseridas na categoria elétrica, também sendo algo importante para a transição mais suave.
A McLaren não conseguiu manter a dupla de pilotos, Stoffel Vandoorne seguiu para a DS Penske, enquanto Nyck de Vries optou por correr na equipe AlphaTauri da F1, deixando a Fórmula E. A McLaren então aproveitou Jake Hughes que trabalhou com a Mercedes na Fórmula E atuando como piloto de desenvolvimento, pois o jovem competidor tinha interesse na categoria. Além disso, a McLaren contratou René Rast, experiente em corridas de longa duração e que tinha corrido com a Audi na Fórmula E por duas temporadas.
“Foi o caso de direcionar a visão e dar confiança à equipe de que apesar de estamos entrando em uma nova fase por meio dessa transição, faríamos isso de uma maneira que nos colocasse em uma posição para eventualmente lutar por pontos e pódios, eventualmente vencer corridas e claro campeonatos.”
“E finalmente, a McLaren existe para correr, em primeiro lugar, e seria uma loucura ter qualquer outro objetivo além de disputar esses campeonatos. E acho que ao direcionar essa visão, os engenheiros, os mecânicos, a equipe administrativa, eles compraram muito isso, porque queriam continuar nessa jornada. E facilitou muito meu trabalho nesse aspecto”, ressaltou o chefe de equipe.
Por mais que a McLaren tenha os seus centros de desenvolvimento direcionados para cada uma das áreas do automobilismo que ela atual, o time vê como um bônus ter a oportunidade de atuar em várias frentes.
Ian James ressalta: “O que estamos procurando fazer agora, é garantir que possamos aproveitar todas essas forças ao nosso favor. Então, acho que é algo que isso, é algo que nós como McLaren procuramos capitalizar à medida que avançamos. E acho que isso nos coloca em uma posição muito, muito forte.”
Atualmente a McLaren está trabalhando para melhorar o desempenho e ser uma equipe mais competitiva na Fórmula E. É apenas o primeiro ano como McLaren no grid, o time tem obtido melhores resultados que os da Nissan, sua fornecedora de powertrains. Em treinos livres e algumas classificações, o desempenho da McLaren chama a atenção, Jeke Hughes faturou a pole durante o segundo e-Prix da Arábia Saudita em Diriyah, mas não conseguiu reverter o feito em vitória.
A McLaren ocupa atualmente a sexta posição do campeonato, somando 72 pontos. O primeiro pódio da equipe aconteceu na segunda corrida em Diriyah, quando René Rast obteve a terceira posição. A equipe de modo geral precisa melhorar o seu desempenho em corrida e o gerenciamento da bateria, para tentar capitalizar mais pontos. A McLaren ainda tem uma grande jornada na Fórmula E, alguns pontos para acertar, mas a estrutura o time mostra que tem.