Nesta sexta-feira (30) em Singapura os times estão discutindo um possível furo no teto orçamentário realizado por Red Bull e Aston Martin, referente a temporada de 2021. A matéria foi publicada pelo site Auto Motor und Sport, onde relata que duas equipes do grid estão sendo investigadas por terem estourado o teto orçamentário da última temporada para a construção dos carros deste ano (2022). A FIA pretende fazer um anúncio na próxima semana com a revisão das contas dos times e quais serão as punições aplicadas.
O teto orçamentário é algo que tem levantado vários questionamentos, principalmente neste ano por conta de toda a inflação e dos fretes caros. A própria Red Bull foi alvo de comentários das equipes Mercedes e Ferrari, pois conseguiu manter um ritmo de atualizações para o carro no começo do ano, enquanto várias outras equipes tiveram que se programar para fornecer novas peças aos seus carros em algumas pistas específicas.
O assunto é discutido no paddock, principalmente porque um desses times teria ultrapassado de forma significativa o valor que foi estipulado para a última temporada. O teto orçamentário é alvo de vários ataques, principalmente dos times maiores que contam com mais dinheiro e gostariam de ter um pouco mais de liberdade para trabalhar em seus carros.
A FIA precisa ser transparente quando ao assunto e não aceitar qualquer quebra, por menor que ela seja. Exceder o limite estipulado para o ano é uma das violações do novo regulamento, a Auto Motor und Sport ainda revela que o caso deveria ser notificado muito antes, mas poderia causar alguns problemas no paddock. Porém, na próxima quarta-feira (5), a FIA promete emitir um comunicado dando mais detalhes sobre o que será feito.
A mecânica do teto orçamentário foi utilizada para tentar nivelar os times e dar melhores condições para as dez equipes que fazem parte do grid. O limite foi atrelado também a utilização do túnel de vento, impedindo que os times apareçam com um novo carro a cada nova corrida. Mas, ainda é muito discutido pelos times o que deve ou não ser contato como parte do teto orçamentário e aí estaria uma das questões da Red Bull.
Por mais que muito das coisas sejam fiscalizadas, voltamos ao problema do início do ano: só pelo olho é impossível determinar os gastos de cada uma das equipes. Mesmo a introdução de novas peças para os carros ocorrendo quase que de forma igual nas equipes, não é um parâmetro sobre o real custo que aquela equipe teve em sua produção, mas obviamente desperta uma certa curiosidade.
A FIA conta com os relatórios do ano passado, desta forma constataram a violação. O regulamento financeiro atual aborda algumas diretrizes para o caso de uma violação menor de 5% do valor (cerca de US$ 7,5 milhões), o que é um bom valor. De qualquer forma esse tipo de transgressão é vista como de menor peso, ocasionando uma multa, porém, valores maiores podem provocar a dedução de pontos no Campeonato de Construtores e também do de pilotos do ano anterior, além da suspensão de uma ou mais etapas do calendário, limitação dos testes aerodinâmicos e na forma mais grave de uma transgressão material, a desclassificação do campeonato.
Existe uma área cinzenta com relação as perdas, para justamente evitar que as equipes quebrem a regra, pois em análise eles poderiam notar que o ‘custo’ seria inferior ao benefício que eles teriam em pista e ao que foi conquistado. Porém, a Mercedes aponta que US$ 5 milhões de investimento, pode dar cerca de meio segundo de vantagem na pista.
As consequências
O que for determinado por ter impactos sérios no campeonato do último ano, se a Red Bull excedeu os 5%, o time poderia perder pontos, afetando a conquista do título de Max Verstappen. A Mercedes ainda se sente lesada pela forma como o final do GP de Abu Dhabi foi conduzido, essa seria a oportunidade perfeita para a equipe alemã contestar o título adquirido pelos rivais. O maior impacto seria no Campeonato de pilotos, pois a Red Bull tinha uma boa diferença para o terceiro colocado do Campeonato de Construtores de 2021. Porém, o cenário de afetar a Red Bull dessa forma é visto como algo muito drástico, pois a categoria certamente não vai desejar alterar o resultado no último ano.
De qualquer forma, qualquer decisão tem um impacto maior na temporada anterior, como prevê a regra do regulamento orçamentário. A grande dúvida sobre o que entra para a conta do teto orçamentário, são os recursos que são contabilizados ou não. O posicionamento da FIA na próxima semana é muito aguardado.
A Ferrari vê essa quebra como algo ainda maior, pois o fato de o time austríaco ter quebrado o teto orçamentário de 2021, eles também tiveram uma vantagem para o carro de 2022, investindo mais recursos no seu equipamento e como a Red Bull teve um início forte, isso também afeta a mecânica da temporada vigente e os benefícios que tiveram até o momento.
A área cinzenta que o regulamento conta, é algo que também pode ser mencionado pelos times que não ultrapassaram o teto orçamentário, principalmente se a multa aplicada as equipes grandes não ser convincente ao ponto de elas fazerem isso novamente.
Mercedes e Ferrari também suspeitam que a Red Bull ultrapassou o teto orçamentário desse ano, mesmo com a correção que foi realizada por conta da inflação. Alguns times já desistiram de introduzir peças mais leves nos carros dessa temporada e estão pensando no projeto do próximo ano. A Red Bull mesmo desistiu de introduzir um novo chassi mais leve por conta do valor dessa produção.
A forma como esse assunto for tratado agora, pode determinar a atitude das equipes com mais poder no grid, principalmente se isso for capaz de impedir novas violações pelo grid. Dependendo da decisão o teto orçamentário só será encarado com mais uma das ‘piadas’ contada pela categoria, onde eles criam a fantasia de aproximação do pelotão.
Em junho a Williams foi multada por ter prestado contas sobre os seus gastos da temporada passada fora do prazo estipulado. A equipe foi multada em US$ 25 mil pois violou uma das regras básicas do regulamento orçamentário.
O campeonato do ano passado foi disputado vorazmente entre Mercedes e Red Bull, Max Verstappen faturou o título em Abu Dhabi depois das decisões que foram tomadas pelo diretor de provas, Michael Masi com o Safety Car.