A Williams encerrou mais um Campeonato ocupando a última posição. Em 2021 quando Alfa Romeo e Haas estava preocupada com a temporada seguinte e a Williams contou com um pouco mais de sorte que essas equipes em algumas provas (como foi o caso do GP da Bélgica), conseguiu fechar o ano no oitavo lugar.
Com a mudança do regulamento, todos as esquipes esperavam realizar uma temporada mais competitiva e perseguiam um resultado melhor, mas sabemos que não é possível todos obterem um bom resultado ou terminar nas posições mais altas da tabela de pontos.
Acredito que para 2022 as expectativas da Williams eram um pouco mais realistas, a equipe não mirava pódios mesmo com a mudança do regulamento, mas esperava estar mais vezes dentro do top-10 para conquistar pontos.
Um fato é que a Williams passou os últimos anos de preparando para o novo regulamento, tentando promover mudanças internas para tornar a equipe mais competitiva e com o objetivo de beliscar mais pontos, mas ainda não conseguiram atingir o que eles idealizaram.
O time de Grove encerrou o ano com apenas 8 pontos conquistados, quatro conquistados por Alexander Albon, dois por Nicholas Latifi e dois obtidos por Nyck de Vries que guiou o carro da Williams apenas uma vez.
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O FW44 não foi um grande carro, com o decorrer da temporada ficou claro que ele tinha vários problemas e um deles estava relacionado ao peso. A Williams perdeu parte do ano tentando melhorar o seu desempenho tornando as peças mais leves e até mesmo removendo grandes partes da tinta, tentando reduzir o peso do seu equipamento.
Era um dos times que gerava uma grande expectativa para 2022, por conta da oportunidade de criar um carro do zero e talvez melhorar a sua disputa, ficando mais embolada no pelotão intermediário, mas ficou claro que ainda falta muito para o time voltar a ter performances melhores.
A Williams ainda está passando por uma fase de transição, que começou com a saída da família Williams, a aquisição da Dorilton Capital e a gestão de Jost Capito. A ambição do time é voltar a vencer – nos últimos dois anos a Williams tentou equilibrar as suas contas e fazer uma distribuição mais eficiente do capital nos departamentos da equipe que mais precisavam de investimento.
Porém, todas essas ações levam um tempo para surtir efeito, além disso, tudo indica que a Williams está se encaminhando para uma nova venda ou até mesmo para trabalhar em conjunto com outra marca, afinal, a equipe foi sondada pela Audi e sempre é mencionada por conta da entrada de novos fornecedores de motores.
O time está em busca de um novo chefe de equipe e diretor técnico, pois Jost Capito e FX Demaison encerraram a sua trajetória com a Williams. Capito foi escolhido principalmente para identificar os problemas da equipe e ajudar nessa melhor aplicação do investimento que era realizado pela Dorilton, enquanto Demaison foi selecionado por Capito, para tornar o time mais competitivo.
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Entendemos que a Williams ainda está passando por fases da sua reestruturação, o trabalho que deveria ser realizado por Capito e Demaison representavam esse período pós-desligamento da família Williams, enquanto o que acontecerá no próximo ano é para de fato elevar a performance da equipe em pista.
Um dos grandes antes para esse futuro, foi contratar Alexander Albon, formalizando que o piloto é membro da Williams e não mais um empréstimo da Red Bull. Além disso, um dos motivos de maior crítica giravam em torno da permanência de Nicholas Latifi, afinal o piloto não estava contribuindo para o crescimento da equipe e seus desempenhos em pista eram questionáveis.
Capito sinalizou que a equipe não precisava mais de pilotos pagantes e ficou claro que Latifi não teria o seu contrato renovado. A aposta da equipe girou em torno de Logan Sargeant, piloto norte-americano que fazia parte do programa de jovens pilotos da Williams e estava apresentando um bom desempenho na Fórmula 2.
O foco da Williams nos últimos meses foi voltado para a preparação de Sargeant e em mecanismos para ele obter a superlicença com mais facilidade. Sargeant obteve os pontos que eram necessários em Abu Dhabi durante as provas da Fórmula 2 e foi de fato confirmado como piloto titular da Williams para 2023. A equipe contará com um piloto iniciante, porém, espera que a sua adaptação aconteça de uma forma melhor e que logo ele possa estar batalhando por pontos.
Mas cobrar um bom desempenho dos seus pilotos, também precisava vir atrelado a um carro mais competitivo e com uma melhor eficiência. O FW44 não foi um carro competitivo e quando comparado com os outros projetos do grid, ficou claro que eles eram bastante. Porém, com o que foi apresentado nesta temporada pelas outras equipes, algumas coisas podem servir de inspiração para que a Williams possa melhorar o seu projeto.
O carro também precisa de mais pressão aerodinâmica, o que fez a equipe sofrer em várias pistas da temporada que cobram uma aerodinâmica mais eficiente. Restou para a equipe tentar aproveitar a velocidade do carro, para buscar resultados melhores em classificações e fazer estratégias diferenciadas, nadando contra a corrente do óbvio para beliscar alguns pontos.
Sabemos que com o teto orçamentário é muito complicado simplesmente abandonar o seu projeto e começar tudo do zero, provavelmente o próximo modelo usado pela equipe é uma evolução do que foi apresentado em 2022, mas a Williams terá mais horas de túnel de vento do que qualquer outra equipe, podendo aperfeiçoar um pouco mais a aerodinâmica e o funcionamento do seu carro.
Um ponto crucial é o entendimento do funcionamento do assoalho, algo que fez várias equipes quebrar a cabeça em 2022, pois ele é uma peça muito importante nestes carros de efeito solo. Também não é uma peça fácil de ser copiada, afinal, ela precisa também corresponder a parte superior do carro.
Sobre os pilotos, o grande questionamento sempre esteve voltado a como a Williams reagira à saída de George Russell. É claro que os tempos do piloto britânico com a equipe estavam contados, ele não estaria atrelado ao time para sempre, mas quem a equipe recorreria para ser o seu substituto.
Com alguns pilotos pouco empolgantes na base e Nicholas Latifi, a contratação de Alexander Albon pareceu sábia. Um piloto com experiência, que poderia ser trabalhado para colaborar com a equipe. Albon fez o possível para fazer boas classificações e buscar resultados satisfatórios, mas com um carro pouco competitivo, o tailandês bateu em alguns momentos na trave para obter pontos.
Mesmo com as diversas questões relacionadas ao carro, Albon sempre tinha algum elogio para realizar sobre o fim de semana da equipe e comprava essa ideia de fazer estratégias diferenciadas para tentar pontuar. Em contrapartida, o oposto acontecia com Latifi, o canadense realizava classificações em que aparecia muito ao final do pelotão e estratégias diferenciadas não surtiam efeito, pois ele não apresentava desempenhos competitivos.
O que era esperado aconteceu, Albon superou Latifi em classificações e corrida, semelhante ao que ocorria entre Russell e Latifi. De Vries que assumiu o carro na Itália, pois Albon precisou fazer uma cirurgia de apêndice, também surpreendeu obtendo um nono lugar na primeira vez que disputava um Grande Prêmio na Fórmula 1.
Espera-se que a próxima temporada seja melhor para a Williams e que eles possam brigar por melhores posições