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Raio-X do Meio da Temporada – Red Bull, Ferrari e Mercedes, um caminho diferente no grid

Mesmo com um regulamento que esperava aproximar as equipes, Red Bull, Ferrari e Mercedes são as únicas equipes que passaram dos 300 pontos conquistados

Nesta semana a Fórmula 1 retoma as suas atividades e para encerrar o balanço da metade da temporada, menciono no texto de hoje Red Bull, Ferrari e Mercedes.

Estes são os três times que ocupam a liderança do Campeonato de Construtores, além disso, também contam com um desempenho melhor, quando comparados ao restante do pelotão, sendo os únicos times que conseguiram passar dos 300 pontos.

Mesmo com um regulamento que esperava aproximar o pelotão, vemos que Red Bull e Ferrari está em outro patamar e até mesmo a Mercedes encontra vantagem quando comparada ao restante do pelotão. O time alemão precisamente, não esqueceu os feitos que conquistou nos últimos anos na categoria.

MERCEDES

Tabela para fins de comparação da temporada de Lewis Hamilton e George Russell – Foto: reprodução Mercedes

O time alemão ocupa a terceira posição do Campeonato de Construtores, contando com 304 pontos conquistados até o momento. A Mercedes tem demonstrado um desempenho mais regular que a dupla da Ferrari, terminando em várias provas dentro do top-5, além dos sucessivos pódios conquistados por Lewis Hamilton e George Russell.

Quem vê a Mercedes se aproveitando das oportunidades que foram surgindo ao longo da temporada, pode até se enganar com o desempenho da equipe. O time alemão investiu em dois carros diferentes na pré-temporada, apresentou um modelo em Barcelona, mas no Bahrein apareceu com o design reformulado e apresentou o conceito de ‘zero pods’. Os sidepods usados pela Mercedes era único no grid, o que poderia ser ou não uma grande aposta.

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Nas primeiras análises era possível notar que o time tinha um certo déficit para Red Bull e a Ferrari e ao longo das primeiras corridas precisaria correr atrás do prejuízo. A vantagem de investir em um projeto assim, é que com um design único, evitaria cópias do restante do grid, mas por outro lado, com problemas, apenas eles poderiam buscar as respostas, pois não teriam um direcional no grid.

A Ferrari afirmava que havia testado um design semelhante ao visual adotado pela Mercedes, mas que não tinha encontrado eficiência e partiu para o conceito de um carro mais largo. Limitados ao teto orçamentário, a Mercedes precisou abraçar ao conceito e se viu amarrado nele, sem oportunidade de realizar uma mudança tão drástica.

Ao longo do ano os times ressaltaram a necessidade de analisar os carros de efeito solo como uma peça única, assoalho e a parte superior precisavam conversar. Também se tornou um desafio realizar a introdução de novas peças e compreender o efeito que elas geravam em seus carros.

O time alemão não foi o único a sofrer com os problemas gerados pelo porpoising ou bouncing, mas foi algo que realmente tirou o sono da equipe. Gerou a necessidade de produzir novas peças e modificar o assoalho. Lewis Hamilton que esteve acompanhando o nascimento desde carro desde o início, acabou se oferecendo para conduzir os testes que a equipe necessitava. O heptacampeão mundial andou com o carro por diversas vezes mais pesado em algumas provas, fazendo o uso de sensores até chegar em um carro que estivesse mais confortável para guiar.

Durante as primeiras corridas da temporada, para fins de comparação, George Russell utilizou um carro em configuração mais neutra, para ajudar a Mercedes no desenvolvimento do W13.

É claro que quando a Mercedes seguiu para as férias de verão ela não tinha ainda um carro perfeito, estão nitidamente atrás de Ferrari e Red Bull, mas conseguiram mostrar um bom trabalho.

Sem o melhor carro, o time atacou de oportunista, contando com a confiabilidade do motor, se aproveitou dos problemas da Ferrari justamente com a unidade de potência para ganhar algumas posições e beliscar pódios. Aos poucos a Mercedes encosta na Ferrari, com a possibilidade de talvez terminar a temporada na segunda posição. O time alemão também já está pensando na próxima temporada e talvez na possibilidade de realizar uma nova mudança brusca em seu conceito.

PILOTOS

A Mercedes tem uma das duplas mais equilibradas do grid, Lewis Hamiltone George Russell funcional quase como um relógio, com tamanha harmonia – Foto: reprodução Mercedes / Daimler

Para a temporada de 2022 a Mercedes realizou a contratação de George Russell, piloto que foi escolhido para substituir Valtteri Bottas, após um período guiando pela Mercedes.

Rapidamente o inglês se adaptou ao carro se mantendo dentro do top-5 com facilidade. Durante a décima etapa, correndo na Inglaterra, Russell não completou a prova por uma infelicidade. A Mercedes cometeu um erro, instalando os pneus duros no início da corrida, o piloto se envolveu em um incidente com Zhou Guanyu e abandonou a prova, quebrando a sua sequência de nove provas dentro do top-5.

No incidente em questão, Russell parou o carro no acostamento para verificar se o piloto da Alfa Romeo estava bem. Com a corrida interrompida em bandeira vermelha, Russell correu para os boxes para avisar sobre o estado de Zhou e pediu para os fiscais de pista não desligarem o seu carro. Quando retornou para a pista o time da limpeza de pista estava recolhendo o seu carro – impossibilitado de conduzir o W13 aos boxes, não pode continuar na prova.

Russell foi uma ótima aquisição para o time e poderia ser fundamental para auxiliar Lewis Hamilton no último campeonato. O piloto também tem se mostrado compreensivo, principalmente pela escolha da Mercedes ao focar em Hamilton para o desempenho do carro.

Em seu primeiro ano guiando pela Mercedes, Russell ocupa a 4ª posição do Campeonato, contando com 158 pontos. Lewis Hamilton é o sexto colocado com 146 pontos conquistados até o momento.

Lewis Hamilton por sua vez perdeu alguns pontos por estar auxiliando o time, mas a partir do momento que não precisa mais fazer o uso dos sensores, passou a emplacar resultados melhores e terminar mais corridas no pódio. O inglês que conta com sete títulos não esqueceu como vencer.

Mesmo não disputando o título da temporada diretamente com Max Verstappen, o inglês ainda é visto como o principal adversário do holandês. A Mercedes adquiriu o potencial necessário para brigar por vitórias, principalmente com a dupla que conta atualmente, só precisa alinhar melhor o projeto do carro. Hamilton busca uma vitória na temporada de 2022, – o piloto conta com ao menos uma vitória em cada uma das temporadas que disputou.

Hamilton segue no grid ao lado de Russell, formando uma das duplas mais fortes do grid, o trabalho em conjunto dos pilotos é admirável. Russell obviamente tem por objetivo superar Hamilton, mas consegue trabalhar de forma harmônica com o seu companheiro de equipe.

FERRARI

Tabela para fins comparativos entre a temporada realizada por Charles Leclerc e Carlos Sainz na Scuderia Ferrari – Foto: reprodução F1

Ao longo dessa primeira metade da temporada falamos muito sobre a Ferrari, não apenas em nossas lives, mas nos constantes textos que publicamos aqui. Desde a pré-temporada o time italiano mostrou que tinha um ótimo carro, seu projeto aerodinâmico foi muito bem trabalhado.

O F1-75 da Ferrari impressionava, enquanto a Red Bull corria com várias atualizações para tornar o carro mais leve e melhorar a sua eficiência, a Ferrari realizou modificações pontuais, mas sempre contou com um carro ‘à frente’.

O grande problema esteve ligado a unidade de potência, onde a Ferrari focou muito em tornar o seu motor mais competitivo e se aproximar da Mercedes e Red Bull, mas renunciou à confiabilidade. Foi principalmente a confiabilidade que atrapalhou o time e fez com que Charles Leclerc e Carlos Sainz abandonassem provas. O mesmo problema com a unidade de potência atrapalhou corridas da Alfa Romeo e Haas.

O motor tem a sua parcela de culpa, mas é difícil esquecer os diversos erros estratégicos da Ferrari que também custaram pontos. Vitórias que eram praticamente certas, mas que o time negligenciou as suas escolhas, enquanto a Red Bull aprendeu a dar um nó na Ferrari e desfrutar das oportunidades. Uma das piores piadas foi contada na Hungria, quando a Ferrari tinha como descontar pontos da Red Bull, mas optou por usar pneus duros (em uma pista fria) e fez Leclerc perder outros tantos pontos.

A Ferrari conta com uma dupla forte, Leclerc e Sainz também funcionam muito bem, mas o time italiano optou por passar parte da temporada sem trabalhar com ordens de equipe, no fim não priorizaram nenhum dos pilotos, mas prejudicaram o Campeonato de Leclerc.

A realidade é que o time não acreditava que poderia ser campeão no começo do ano, mas todos os sinais apontavam que eles eram capazes. Começaram o ano liderando, mas por conta das falhas viram a Red Bull tirando cada vez mais pontos e se aproximando. No fim, parece que vão perder o Campeonato de lavada e se os mesmos problemas continuaram nesse restante de temporada, podem perder até o segundo posto no Campeonato para a Mercedes.

Mattia Binotto mostrou mais uma vez que não tem o pulso firme para coordenar a equipe como chefe de equipe, já que sucessivos erros não são trabalhados para promover a mudança, além disso, o dirigente se aproveita de algumas situações para se esquivar da culpa.

PILOTOS

A Ferrari renovou com Carlos Sainz e ainda conta com uma das melhores duplas do grid – Foto: reprodução Ferrari

No início da temporada afirmei que a Ferrari tinha uma das melhores duplas do grid, junto à Mercedes e ainda reitero a minha afirmação, acredito que a Ferrari ainda conta com uma das melhores duplas do grid. Carlos Sainz tenta melhorar a sua performance, cometeu alguns deslizes no início da temporada, mas agora já se acertou ao carro. O espanhol também é muito esforçado e tem um poder persuasivo nas suas estratégias, evitando que a Ferrari cometesse alguns erros com ele. Charles Leclerc é extremamente rápido e mostrou em várias ocasiões ter um ritmo de corrida melhor que o de Sainz.

Os dois pilotos cometeram erros, mas é importante ressaltar que a Ferrari cometeu mais erros que prejudicaram os seus pilotos. Leclerc e Sainz poderiam estar mais bem posicionados no Campeonato. Leclerc ocupa a segunda posição atualmente com 178 pontos, contra os 258 conquistados por Max Verstappen, se tornando muito difícil o monegasco correr atrás do prejuízo e vencer a temporada 2022.

Sainz é o quinto colocado na tabela, com 156 pontos, dois atrás de George Russell da Mercedes.

Sem dúvidas será um restante de temporada desafiador. A Ferrari realizará uma última modificação no motor para o GP da Bélgica. Os pilotos precisam fugir de novos abandonos e capitalizar o máximo de pontos para não ser superados pela Mercedes.

RED BULL

Tabela para fins de comparação do desempenho apresentado por Max Verstappen e Sergio Pérez – Foto: reprodução F1

A Red Bull é a atual líder do Campeonato, contando com 431 pontos, o único time que conseguiu passar dos 400 pontos até o momento. A equipe austríaca foi a que melhor entendeu os carros de efeito solo, conseguiu controlar bem os saltos e não sofreu como outros times do grid.

Por outro lado, a Red Bull precisou ao longo das corridas eliminar o peso extra e deixar o RB18 um pouco mais leve. A alterativa foi fazer uma sequência de pequenas atualizações para reduzir o peso. Para melhorar ainda mais a performance depois das férias, a Red Bull deve introduzir um chassi mais leve na Bélgica.

O time não escapou de problemas no motor no início da temporada, mas conseguiram se sair melhor que a Ferrari, desta forma descontaram o prejuízo e hoje estão bem-posicionadas no Campeonato. O interesse da Red Bull desde a era Vettel, está em conseguir mais um título nos Construtores e neste ano eles tem tudo para obter esse feito.

Seria uma forma de reconhecimento a boa leitura que realizaram do regulamento e assim como a Mercedes, aproveitaram as oportunidades que foram desperdiçadas pela Ferrari.

Após o polêmico GP de Abu Dhabi onde Max Verstappen conquistou o seu primeiro título da carreira, o holandês tem mostrado sangue frio para defender a marca e conquistar um novo título. Se no início da temporada esperávamos embates mais duros entre Max e Leclerc, conhecemos um holandês mais calculista.

O carro da Red Bull não é perfeito, Verstappen reclamou diversas vezes do desempenho do RB18. Enfrentou algumas sessões de treinos livres complicados, onde não se encontrava com o carro e passava por diversos ajustes de configuração até deixar o carro mais próximo do ideal. As atualizações fornecidas pela Red Bull foram voltadas para reduzir o peso, mas também deixar o equipamento mais próximo da tocada que Verstappen prefere.

No início do ano Sergio Pérez estava se sentindo mais confortável com o carro, chegou a ameaçar Max Verstappen, conquistou uma vitória em Mônaco e esperava a chance de brigar com o holandês, mas as alterações do carro colocaram o mexicano em uma posição difícil. As escolhas da Red Bull foram distanciando Pérez do seu equipamento, desta forma o piloto passou a enfrentar mais dificuldades quando as férias se aproximavam.

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Ainda sobre a Red Bull, é importante mencionar as estratégias do time e o bom trabalho realizado na temporada atual, mesmo com um trabalho conservador, o time acertou bastante e evitou os ‘furos’ da Ferrari.

PILOTOS

Max Verstappen e Sergio Pérez juntos conseguiram conquistar bons pontos, desta forma a Red Bull está mais perto de conquistar o seu 5º título na categoria – Foto: reprodução Red Bull

Max Vestappen está tendo a oportunidade de mais uma vez mostrar o seu talento, o piloto é rápido, determinado e superou as dificuldades iniciais com o carro para emplacar bons resultados. Verstappen conta até agora com 8 vitórias, um resultado excepcional para defender o título em 2022.

Sergio Pérez segue cumprindo o que era esperado, o mexicano tem auxiliado o time na conquista do título nos construtores, capitalizando o máximo de pontos possíveis. Pérez ainda tem a postura de piloto que se impõe na pista e já colaborou para bons resultados de Verstappen neste ano, atrasando rivais que poderiam atrapalhar uma vitória do seu Companheiro de equipe.

É claro que internamente o piloto gostaria de uma chance de duelar pelo Campeonato. Em um primeiro momento a Red Bull dizia estar disposta a deixar que a briga acontecesse, mas logo tratou de minar as possibilidades e colocar Pérez no papel de segundo piloto. Atualmente o mexicano é o terceiro colocado na tabela e conta com 173 pontos.

A Red Bull só não conta com uma dupla de equilíbrio perfeito, pois Max tem um talento incomparável ao de Pérez, mas o time austríaco conseguiu tudo o que precisava, um jovem disposto à brigar pelo time e um segundo piloto que se entende melhor no carro e entrega resultados.

Agora o ponto mais importante é o famoso “administrar” o Campeonato e ver com quantas corridas de antecedência a Red Bull conquistará o título.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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