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Raio-X do GP de São Paulo: Hamilton deu emoção para o fim de semana com a Sprint

O fim de semana com o formato da Sprint Qualifying muda os passos das equipes, mas o objetivo sempre será o mesmo: conquistar o melhor resultado e fazer um bom trabalho durante todo o fim de semana.

Em Interlagos Lewis Hamilton contou com vários fatores que fizeram ele escalar o grid no sábado e vencer a prova no domingo. O resultado deixa a Mercedes mais viva no campeonato, aumentando as chances de duelar com a Red Bull até o final.

Depois do GP de São Paulo a Ferrari se consolidou na terceira posição do Campeonato de Construtores, são 31,5 pontos de vantagem para a McLaren – bem mais que uma vitória.

Vamos ao Raio-X do GP que foi disputado no Brasil, tecendo alguns comentários sobre o fim de semana de cada time.

Mercedes

521,5

Lewis Hamilton teve um fim de semana sólido em Interlagos, mesmo lidando com punições – Foto: reprodução Mercedes/Daimler

O time alemão permanece na liderança do Campeonato de Construtores, agora com 11 pontos de vantagem para a Red Bull. Não é uma distância confortável, ainda restam três corridas pela frente, mas certamente eles podem respirar mais aliviados, pois conseguiram demonstrar um bom desempenho em Interlagos, superando a equipe que fora dada como favorita no traçado em decorrência da performance no México.

Na sexta-feira a Mercedes se aproveitou da pista mais fria, preparou o carro no TL1 e encaixou a volta mais rápida, Hamilton foi o líder da classificação que determinava as posições para a prova sprint. Entretanto, pouco tempo depois da sessão identificaram uma irregularidade na sua asa traseira, o que gerou uma desclassificação no sábado e fez Hamilton começar a Sprint da última posição.

Essa mudança no grid deu uma agitada na Sprint, o dono do carro #44 fez uma corrida de recuperação, escalando o grid em 24 voltas, para cruzar a linha de chegada no quinto lugar. No domingo Hamilton já contava com uma punição que gerou a perda de cinco posições no grid, o piloto começou a corrida do décimo lugar e conseguiu vencer de forma épica. Ele estabeleceu uma caçada, buscou Verstappen e ainda terminou a prova com dez segundos de vantagem para o holandês.

Hamilton não se deixou abalar com a punição, ele também provou que não era a asa que gerou a desclassificação que tinha relação com o fato dele estar voando baixo em Interlagos. A Mercedes se aproveitou de uma pista mais fria na sexta-feira e sábado para lidar melhor com os pneus, além disso encontrou um ajuste na suspensão que fez total diferença em Interlagos. A troca do motor de Hamilton proporcionou mais potência, ajudando-o na escalada do grid.

Olhando para o resultado de Valtteri Bottas, ele também não foi insuficiente (em parte), o piloto derrotou a Red Bull de Max Verstappen no sábado quando largou ao lado do holandês e conseguiu assumir a ponta da Sprint. Entretanto, no domingo quando a equipe mais precisava dele (pois não sabiam se Hamilton venceria), o finlandês perdeu a liderança da corrida para a dupla da Red Bull, reduzindo as chances de ter um resultado melhor.

Bottas ainda acreditou que a equipe fez uma estratégia ruim para ele, mas o piloto derrotou Sergio Pérez nos boxes – em decorrência de um Safety Car virtual que pintou na segunda parada. Bottas cruzou a linha de chegada na terceira posição.

O GP de São Paulo é certamente uma daquelas corridas que marca a história de Lewis Hamilton e entra facilmente no Top-5 melhores provas do inglês.

Red Bull

510,5 pontos

Red Bull busca a vitória em Interlagos, mas vê o resultado escapar das suas mãos após grande atuação da Mercedes – Foto: reprodução

A Red Bull jogou pesado em Interlagos tentando de todas as formas obter o melhor resultado e até mesmo superar a Mercedes no Campeonato de Construtores, mas não foi isso que aconteceu e o time austríaco viu a distância de um ponto, aumentar para 11 pontos.

Depois do passeio no México, acreditávamos que a Red Bull faria o mesmo em Interlagos, mas eles lidaram com uma circunstância diferente em São Paulo. A pista mais fria na sexta e no sábado, dificultaram o aquecimento dos pneus da RBR. Verstappen encaixou o carro na segunda posição, herdou a liderança, mas não conseguiu sustentá-la no sábado.

Max teve que aguardar um pouco mais na ponta enquanto Hamilton alinhava o carro pacientemente no final do pelotão. Para quem larga da primeira posição em Interlagos, não é necessariamente uma vantagem, as arquibancadas que ficam posicionas na reta principal geram sombra do lado direito da pista. O piloto que começa a prova da segunda posição está do lado mais aquecido na pista, em alguns momentos consegue uma tração melhor e no mergulho para o “S” do Senna, consegue a ultrapassagem.

No sábado a Red Bull notou que havia errado na estratégia quando escolheu os pneus médios para fazer a Sprint e Bottas estava com os macios instalados. Verstappen perdeu a ponta e Carlos Sainz ultrapassou Pérez.

Em alguns lances parece que a Red Bull, jogou bem duro, como Sergio Pérez que reduziu tanto o delta na classificação que quase fez Hamilton estampar a traseira do seu carro, ou a forma como Verstappen tentou evitar a ultrapassagem de Hamilton. Um dosmovimentos está sendo investigado depois que a Mercedes resolveu apelar por uma nova verificação da FIA.

Max Verstappen recebeu uma multa no sábado antes da Sprint, o holandês tocou no carro de Lewis Hamilton, algo que não é permitido pelas regras do parque fechado.

A dupla do time austríaco estava determinada a evitar as ultrapassagens e bloquear um bom resultado da Red Bull. Agora Pérez e Verstappen partem para o Catar tentando o resultado que não conseguiram em Interlagos.

As mesmas dificuldades com relação ao aquecimento dos pneus, Pérez enfrentou, portanto o seu resultado está atrelado a esta questão. Restou ao mexicano terminar a corrida na quarta posição, além de roubar a volta rápida da Mercedes, levando mais um ponto para a Red Bull.

Ferrari

287,5

Distante da dupla da Mercedes e Red Bull, mas ainda esbanjou uma grande atuação em São Paulo – Foto: reprodução Ferrari

A Ferrari aproveitou o GP de São Paulo para se consolidar na terceira posição do Campeonato de Construtores. Carlos Sainz e Charles Leclerc tiveram um fim de semana muito expressivo, tentando se manter logo atrás da dupla da Mercedes e Red Bull. É claro que em Interlagos a atuação e a diferença de potência dos carros ficam nítida, a Ferrari não tem um carro para brigar com essas equipes, mas o seu objetivo é duelar com a McLaren, então no Brasil isso funcionou de forma perfeita.

Sainz teve uma ótima largada no sábado, ultrapassou Pierre Gasly e Sergio Pérez para garantir a terceira posição. Com os pneus macios o espanhol se aproveitou da aderência e também da temperatura no circuito para derrotar o mexicano. Sainz fez um paredão e não deixou Pérez ultrapassar, além disso forçou o rival a desgastar os pneus e conseguir uma posição melhor para a corrida do domingo.

Na prova principal seria mais difícil para Sainz segurar a Red Bull e naquele início da corrida ele se chocou com Lando Norris, o piloto da Ferrari perdeu um pouco de espaço e foi ultrapassado pelo companheiro de equipe.

A dupla ficou satisfeita com o resultado do fim de semana, Charles Leclerc teve um domingo mais positivo e ficou com o 5º lugar, enquanto Carlos Sainz fechou a prova principal em sexto. Com o objetivo de superar a McLaren e ampliar a diferença, o saldo para eles foi muito positivo.

McLaren

256 pontos

Mais uma fim de semana apagado, mas com Lando Norris terminando o domingo dentro do Top-10 – Foto: reprodução McLaren

A McLaren teve mais um fim de semana apagado em Interlagos, ainda que estivessem entre os dez primeiros em alguns momentos, a dupla não encontrou ritmo para brigar com a dupla da Ferrari.

Na Sprint Lando Norris terminou a prova na sexta posição, dando mais chances para a McLaren no domingo, mas quando fez a sua largada na corrida principal, escolheu o lado de fora da pista, passando com o carro pela faixa verde limão. Norris se tocou com Sainz, desta forma acabou com um pneu furado e caindo para o final do pelotão.

O inglês ainda levou um ponto para casa, os Safety Car que pintou no início da prova ajudou ele em sua corrida de recuperação, desta forma ele conseguiu o décimo lugar.

Daniel Ricciardo começou a Sprint da oitava posição, mas terminou ela em decimo primeiro, escolhendo o lado interno como Norris repetiu no domingo. A linha ficou meio caótica e ele perdeu rendimento. O australiano avançou no grid, mas o ritmo era uma questão. Ricciardo batalhou com Gasly e a dupla da Alpine, mas o motor do seu carro foi acometido pela falta de potência, fazendo o piloto do carro #3 abandonar a prova.

Alpine

112 pontos

A Alpine conseguiu derrotar a Aston Martin, mas segue empatada com a AlphaTauri – Foto: reprodução Alpine

A dupla da Alpine tentou se estabelecer entre os dez primeiros durante todo o fim de semana, os pilotos costumam se enfiar entre os dez primeiros e coletar alguns pontos durante o fim de semana.

No sábado na corrida Sprint Esteban Ocon terminou a prova na nona posição, enquanto Fernando Alonso caiu para o décimo segundo lugar. O francês até relatou o fato de o carro ter ritmo e demonstrar que estava competitivo, portanto, eles estavam animados para ter um resultado melhor. Por ter a opção de escolher os pneus tanto na corrida Sprint, como na prova principal, a Alpine tinha mais chances de pontuar.

E foi o que realmente aconteceu no domingo, Fernando Alonso e Esteban Ocon desafiaram Pierre Gasly, pois a disputa direta do time é com Pierre Gasly e a AlphaTauri. Os dois pilotos andaram no limite, colados em Gasly que fez uma grande corrida e soube se defender dos ataques da dupla.

Ao final Ocon ficou com o oitavo lugar, pois Alonso devolveu a posição para o companheiro de equipe depois que não conseguiu ultrapassar Gasly.

No México tanto a Alpine como a AlphaTauri estavam com 106 pontos, ao final do GP de São Paulo as duas equipes somam 112 pontos cada.

AlphaTauri

112 pontos

Pierre Gasly duelou com a Alpine e a Aston Martin, mas conseguiu vencer a disputa e somar pontos preciosos para o time – Foto: reprodução AlphaTauri

A AlphaTauri segue se destacando com a performance de Pierre Gasly e algumas entregas de Yuki Tsunoda. Em São Paulo apenas o francês conseguiu uma performance impressionante, Gasly se classificou na sexta-feira em quinto, mas com a punição de Hamilton começou a prova do P4. O francês foi surpreendido pela dupla da Ferrari na Sprint Qualifying mas isso não foi um motivo para que Gasly não lutasse. O piloto tentou recuperar a posição no domingo, mas acabou disputando com a dupla da Alpine.

O P7 estabelecido por Gasly fez com que o seu time permanecesse empatado com a Alpine, seguindo para o Catar com a oportunidade de mudar este resultado.

Yuki Tsunoda não teve a mesma sorte, o japonês não conseguiu se encaixar em Interlagos e mais uma vez voltou a rodar abaixo dos dez primeiros colocados. No domingo a AlphaTauri foi contra a estratégia adotada pelo restante dos pilotos, Tsunoda começou a prova com os pneus macios, mas o piloto se tocou com Lance Stroll e depois de danificar a asa dianteira do seu carro, necessitou realizar uma parada precoce nos boxes.

Em um toque com Lance Stroll Tsunoda perdeu o bico do carro – Foto: reprodução AlphaTauri

O dono do carro #22 recebeu 10 segundos de punição pelo toque com Stroll, ele ainda tentou se recuperar na prova, mas ficou apenas com o décimo quinto lugar ao final da corrida.

Aston Martin

68 pontos

Sebastian Vettel teve uma grande atuação em São Paulo, mas não conseguiu ficar dentro da zona de pontuação – Foto: reprodução Aston Martin

A dupla da Aston Martin terminou mais uma corrida do ano fora da zona de pontuação e realmente foi uma pena, pois Sebastian Vettel se esforçou bastante para estar entre os dez primeiros. O ritmo da Alpine acabou fazendo a dupla eliminar qualquer chance que o alemão tinha de chegar aos pontos, Vettel tentou resistir aos ataques de Lando Norris, mas a McLaren tem um carro superior ao da Aston Martin.

Lance Stroll também tentou fazer uma boa corrida, o piloto segurou Antonio Giovinazzi que tentou atacá-lo em parte da prova. O toque de Tsunoda em Stroll fez o carro da Aston Martin ficar bem danificado e mesmo com o canadense dando o melhor de si, ele foi forçado a abandonar a corrida.

Como mencionado no último texto, a dificuldade de emplacar bons resultados fez com a Aston Martin fosse empurrada para a sétima posição do Campeonato de Construtores, onde as suas chances se reduziram para disputar com Alpine e AlphaTauri por uma posição melhor.

Williams

23 pontos

A dupla da Williams tentou um resultado melhor, mas com as condições de pista que foram encontradas, não tinham o desempenho adequado para brigar por posições melhores – Foto: reprodução Williams

Interlagos deixa evidente a diferença entre os carros, por mais que os times trabalhem os seus ajustes e se esforcem ao máximo para entregar o melhor desempenho, a cada volta dada no circuito a distância vai ampliando e se o piloto tem algum problema, ele acaba perdendo espaço mesmo.

Foi a primeira vez que Nicholas Latifi superou George Russell na classificação e na Sprint. Russell tentou se recuperar na corrida, a Williams conseguiu um P13 com o inglês, mas eles não conseguiram ir além pois faltava ritmo.

Russell fez uma parada antecipada na volta seis, trabalhando com dois stints longos de pneus duros. A Williams se aproveitou da estratégia ruim que a Alfa Romeo estabeleceu para Antonio Giovinazzi e superou o italiano na parada de boxes.

Nicholas Latifi fez uma corrida solitária, trabalhando com o ritmo que era possível e dentro das limitações que o carro tem. Eles esperam ter uma corrida melhor no Catar, mas sem a chuva que dominou o retorno da temporada na Bélgica, dificilmente a Williams vai surpreender nesta reta final da temporada

Alfa Romeo

11 pontos

A dupla da Alfa Romeo se despede da categoria em seu último GP de São Paulo – Foto: reprodução Alfa Romeo

A Alfa Romeo finalmente definiu o seu futuro, Antonio Giovinazzi realmente deixará o time ao final da temporada 2021, enquanto Guanyu Zhou assumirá o assento ao lado de Valtteri Bottas. O anúncio foi realizado após o encerramento do GP de São Paulo.

LEIA MAIS: Alfa Romeo confirma a saída de Giovinazzi e a contratação de Guanyu Zhou para a temporada 2022 da F1

Antonio Giovinazzi até alimentou a esperança da Alfa Romeo de um resultado melhor na classificação, pois ficou entre os seis primeiros no Q1, mas conforme a sessão foi avançando o piloto não conseguiu levar o carro para o Q2. Na Sprint ele e Kimi Raikkonen se tocaram, Antonio teve a asa danificada e Raikkonen caiu para o final do pelotão. Giovinazzi começou a corrida no domingo em P13, mas terminou em P14, pois as escolhas de paradas da Alfa Romeo fizeram o italiano retornar atrás de Russell e ele teve muita dificuldade para ultrapassar.

Como Raikkonen estava com o carro danificado a Alfa Romeo fez algumas trocas de componentes em seu carro, assim o finlandês começou a corrida da última posição. O dono do carro #7 fez uma escalada no grid discreta, mas a estratégia adotada para ele funcionou, desta forma o finlandês cruzou a linha quadriculada pela última vez em Interlagos em P12.

Haas

0 ponto

Mick Schumacher e Kimi Raikkonen se tocaram durante o GP de São Paulo, a corrida dos dois pilotos foi prejudicada – Foto: reprodução Haas

Se a prova em Interlagos já foi dura para a dupla da Williams, imagina para os pilotos da Haas. Em mais um evento da temporada eles rodaram nas últimas posições, no domingo eles tiveram até que um brilhareco ocupando a décima quarta e décima quinta posição, mas conforme as trocas de pneus foram acontecendo, a dupla retornou para a sua posição habitual.

Mick Schumacher se envolveu em um toque com Kimi Raikkonen e danificou a sua asa dianteira, o piloto se arrastou na pista até conseguir parar nos boxes e fazer a troca da peça. Depois deste evento Schumacher terminou a corrida na décima oitava posição, a última válida na corrida pois tivemos dois abandonos na prova. O piloto se mostrou feliz por ter a oportunidade de correr em Interlagos.

Nikita Mazepin superou o companheiro de equipe depois desta questão com a asa dianteira, restou ao russo trabalhar a conservação dos pneus e conhecer a pista.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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