O GP do Japão foi disputado como a 6ª etapa do calendário de 2023 da Fórmula 1. Por conta das características do traçado, não tivemos uma prova com muitas ultrapassagens, mas já era algo esperado pelas características do carro.
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— Formula 1 (@F1) May 28, 2023
No entanto, essa é uma prova que levantou alguns pontos para análise.
Max Verstappen conquistou mais uma vitória, o fim de semana do piloto holandês foi definido no detalhe. Novamente, pelas características de Mônaco, era uma prova que realmente a Aston Martin poderia desafiar a Red Bull. A batalha foi iniciada ainda na classificação, quando tivemos uma sessão agitada, mas um Q3 de tirar o fôlego.
Quando digo que a atividade foi definida no detalhe, isso realmente aconteceu. Verstappen fez um excelente terceiro setor e conseguiu superar o tempo obtido por Fernando Alonso, para faturar a pole em Mônaco. Meio caminho estava concluído com a pole obtida, mas o holandês dividiria a primeira fila com Alonso, então a expectativa para a corrida aumentou mais uma vez, por conta de um possível duelo entre os pilotos.
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A Aston Martin por sua vez, optou por uma abordagem estratégica mais conservadora e deu um nó na escolha da Red Bull. O time austríaco escolheu os pneus médios para a largada, enquanto Alonso estava com os pneus duros. A Red Bull precisou alongar o stint de Verstappen, mesmo com os pneus enfrentando problemas, pois se fizesse a troca dentro da janela esperada o holandês retornaria no tráfego e prejudicaria a corrida.
Quando a chuva caiu no final da corrida, a Red Bull fez uma escolha assertiva, permitindo que Verstappen vencesse a prova com pouco mais de 27 segundos de vantagem para Alonso. Se o espanhol tinha alguma chance de vencer a corrida, ela aconteceu enquanto a pista estava seca, com o traçado molhado a Aston Martin cometeu um erro e por consequência, não pode mais lutar pela ponta. O time britânico deixa a etapa com mais um pódio, sendo um saldo positivo e regular. Vamos voltar à Aston Martin depois.
Ainda mencionando a Red Bull, Sergio Pérez foi a decepção da prova. O piloto mexicano bateu durante o Q1 e eliminou as chances de repetiu uma vitória em Mônaco. Como neste traçado é extremamente importante se classificar bem, Pérez percebeu nesse estante que o seu fim de semana estava arruinado.
Não de hoje que Pérez recebe críticas por não ser um piloto constante. O mexicano já cobrou que ele e Verstappen tivessem as mesmas chances de disputar um Campeonato. Este era o melhor ano para Pérez se provar, incomodar Verstappen. Ele chegou perto de se tornar o líder do Campeonato, existe uma torcida para ele, principalmente com a possibilidade de encontrar alguém que possa desafiar Verstappen e tornar as coisas mais emocionantes.
Porém, Pérez não consegue sustentar essa posição. O piloto tem seus altos e baixos, o grande problema é que seus momentos ‘altos’ não cobrem os erros que ele comete. Quando se entra em uma disputa com Verstappen, não é possível deixar uma margem para o piloto holandês. Para completar, Pérez agora tem o seu segundo lugar ameaçado por Fernando Alonso.
Agora vamos enfrentar no calendário traçados mais convencionais, que jogam melhor com Verstappen e devem colaborar para o piloto holandês somar ainda mais pontos e ampliar a sua distância para o companheiro de equipe. Pérez parece que desperdiçou mais uma oportunidade.
Aston Martin, a equipe de um homem só
O GP de Mônaco colaborou para essa leitura. Lance Stroll foi mais um companheiro de equipe que não fez uma boa classificação e ficou em uma posição de desvantagem. O canadense ainda não faturou nenhum pódio e esse é um ano que a Aston Martin tem feito um bom trabalho.
Enquanto Alonso está em um extremo da tabela, Stroll tem resultados divergentes aos do espanhol. Em seis etapas, Alonso conseguiu cinco pódios, Stroll não completou duas corridas e não pontuou em Miami. Difícil defender o desempenho do piloto canadense.
A performance de Stroll tem prejudicado a equipe. Quando olhamos na tabela do mundial de construtores, a Aston Martin conta com 120 pontos, contra 119 obtidos pela Mercedes. O time britânico que conta com um excelente carro e deu um salto na temporada 2023 está separada por um ponto da Mercedes. O time alemão tem um carro competitivo? Muito pelo contrário, a Mercedes precisou mudar o conceito do W14 para ter uma performance melhor, no entanto Lewis Hamilton e George Russell são pilotos que pontuam com regularidade e estão próximos no Campeonato.
O segundo lugar da Aston Martin está ameaçado, pois Lance Stroll não está colaborando com a equipe com pontos. O piloto pode até ser o filho do dono, mas ameaçar a conquista do time, certamente nos faz questionar sua permanência.
Mercedes – novo W14
No GP de Mônaco a Mercedes apresentou o novo W14, o modelo não conta mais com o zeropode e o carro da equipe está usando o conceito popular do grid. O time não teve a oportunidade de fazer uma avaliação inicial em Ímola por conta do cancelamento da prova, mas realizou as alterações em Mônaco.
O feedback inicial dos pilotos é bem positivo, tanto Lewis Hamilton como George Russell estão otimista pelo lado que a Mercedes decidiu seguir. Novamente eles conquistaram pontos importantes no Campeonato e podem ultrapassar a Aston Martin no Mundial de Construtores se o mesmo desempenho perseverar.
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O GP da Espanha é aguardado pela equipe, nesta pista eles vão ter mais dados sobre o novo carro, além de ter a oportunidade de aperfeiçoar ainda mais o projeto.
Ferrari, outro erro
O nome da Ferrari vem acompanhado da palavra erro. Falei um pouco mais sobre a situação do time italiano em Mônaco em um texto específico sobre a estratégia do time.
Chegaram em Mônaco acreditando na possibilidade de lutar por uma vitória. Os treinos livres mostravam que a Ferrari estava embolada com a Aston Martin e Red Bull. Carlos Sainz bateu o carro no TL2, mas estava imprimindo um ritmo muito chamativo. No entanto, o resumo é, nem Sainz, nem Charles Leclerc conseguiram um bom resultado em Mônaco.
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Sainz herdou a quarta posição para a largada depois que o seu companheiro de equipe foi punido. O espanhol aproveitou a oportunidade para duelar com Esteban Ocon pela terceira posição. Sainz acabou com a asa dianteira danificada depois de um toque com o francês, mas seguiu pressionando o adversário.
No rádio, Sainz passou boa parte da corrida discutindo com o engenheiro a estratégia. A equipe até armou o circo duas vezes para blefar, tentando estimular a Alpine na realização do pit-stop, mas a tática não funcionou. Mesmo com o erro na parada de Ocon, Sainz retornou atrás do piloto da Alpine. Por fim, a Ferrari começou a alertar Sainz sobre Lewis Hamilton e o piloto espanhol percebeu que estava trabalhando para tentar salvar o quarto lugar e não brigando pela terceira posição.
A Ferrari ainda cometeu um erro na chuva, deixando Carlos e Charles mais temo na pista do que era esperado. O espanhol perdeu o controle do carro e quase encerrou a sua corrida de forma antecipada. Sainz terminou a prova em Mônaco no oitavo lugar.
Leclerc prejudicou a sua corrida ainda no sábado, quando atrapalhou a volta de Lando Norris. Mesmo com o monegasco terminando a corrida na 6ª posição – a mesma da largada – a sensação é amarga. Leclerc não conseguiu batalhar com Lewis Hamilton pelo quinto lugar. Ao final da prova, o time italiano tomou um nó da Mercedes, que por sua vez, conseguiu o 4ª lugar com Lewis Hamilton e o 5º com George Russell.
Em seis corridas, a Ferrari conseguiu até agora apenas um pódio. Ocupam a quarta posição do mundial de construtores e a situação só não está pior, por Stroll não pontuar com regularidade.
Alpine vs. McLaren
A Alpine deixou Mônaco ocupando a quinta posição do Campeonato, o time chegou aos 35 pontos, enquanto a McLaren obteve 17. Os dois times pontuaram com os dois carros no Principado, mas a diferença é que a Alpine obteve um pódio com Esteban Ocon.
O terceiro lugar foi muito válido para a equipe, principalmente em u
m momento que o CEO da Alpine deixou claro que as metas não estão sendo atingidas. O pódio pode não se repetir ao longo da temporada 2023, mas pode definir a Alpine como quinta colocada no mundial.
A McLaren ainda está batalhando com o seu carro, tentando fornecer atualizações para o equipamento, em busca de uma performance melhor. Internamente a equipe passa por uma fase de reestruturação, mas que os efeitos devem ser sentidos nas próximas temporada – não sendo uma posta imediata para uma espécie de salvação da McLaren.
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Em 2023, provavelmente a McLaren selou o seu destino, o time precisaria de um pódio ou de uma sequência de corridas da Alpine não pontuando, para reduzir essa diferença de 18 pontos.
O GP da Espanha é muito esperado, principalmente para localizar a posição que a Alpine está no grid. Ainda é difícil fazer uma leitura precisa desse carro construído pela equipe. Entre erros e acertos de projetos, a Alpine e McLaren estão mais uma vez envolvidas em uma batalha no Campeonato.
Yuki Tsunoda
A AlphaTauri segue com o dilema de furar a bolha para obter pontos. No entanto, Yuki Tsunoda tem andado muito bem em 2023, seu nível melhorou bastante. O piloto japonês conquistou a 9ª posição para a largada e estava em busca de obter mais pontos com a AlphaTauri.
Ao longo da corrida aconteceu uma flutuação, mas ele tinha a oportunidade de conquistar pontos. Porém, quando a chuva chegou ao traçado, a situação de Tsunoda em pista mudou. O piloto que estava enfrentando problemas com os frios, foi orientado pelo engenheiro para mudar a configuração. Rapidamente Tsunoda começou a enfrentar mais problemas e caiu no grid. O piloto não pontuou, pois encerrou a corrida na 15ª posição, três posições atrás do companheiro de equipe Nyck De Vries. Esse foi o pior resultado da temporada do japonês.