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QUEDA DE PREÇOS DE CARROS ELÉTRICOS NO BRASIL: Uma conexão eletrizante com a Fórmula E

O cenário econômico melhorado no Brasil e uma crescente concorrência entre montadoras estão reduzindo os preços dos carros elétricos, e essa tendência parece continuar

Em outubro, o Estadão destacou uma notícia surpreendente: os carros elétricos no Brasil estão agora até R$ 100 mil mais acessíveis, graças à recente entrada de fabricantes e ao aumento na popularidade dos veículos, que vêm em versões 100% elétricas ou híbridas. O cenário econômico em ascensão no Brasil, aliado à concorrência acirrada entre as montadoras, tem contribuído para essa queda de preços, e há indícios de que essa tendência possa continuar.

Além disso, a ascensão dos carros elétricos é notável globalmente, já que, pela primeira vez na história, o veículo mais vendido em todo o mundo é movido a eletricidade. O Tesla Model Y conquistou o primeiro lugar, com um total de 267.200 unidades vendidas nos primeiros quatro meses de 2023, superando o antigo campeão, o Toyota Corolla, que registrou 256.400 unidades vendidas. Esses dados foram fornecidos pela consultoria especializada em automóveis, Jato Dynamics.

O brasileiro Lucas di Grassi, um dos fundadores do Campeonato Mundial ABB FIA Fórmula E, já previa essa revolução há algum tempo. Em conjunto com os espanhóis Alberto Longo e Alejandro Agag, ele desencadeou o primeiro evento de automobilismo 100% elétrico do mundo.

Em 2014, quando a Fórmula E teve seu início, as baterias eram pesadas e a autonomia era limitada. Trocas de pilotos ocorriam nos boxes, a velocidade dos monopostos deixava a desejar, e muitas dúvidas eram levantadas em comparação com a Fórmula 1. Entretanto, toda a tecnologia desenvolvida nas corridas de Fórmula E se traduziu naturalmente em benefícios para os consumidores, graças ao envolvimento de grandes montadoras como Porsche, Nissan, Audi, Mercedes e outras no campeonato.

Lucas di Grassi, que estará defendendo a equipe ABT Cupra em 2024, campeã em 2016-17, já previa que os veículos elétricos iriam dominar o mercado:

Cada vez mais, os carros elétricos fazem parte da vida das pessoas, e o que foi previsto há 10 anos está se concretizando. Analisamos detalhadamente com especialistas e entendemos como a tecnologia funciona, e chegamos à conclusão de que os elétricos serão mais acessíveis do que os veículos a combustão. É apenas uma questão de tempo e escala para torná-los ainda mais acessíveis. Cada vez mais locais de recarga e carros mais potentes estão surgindo

Em 2024, a Fórmula E celebrará sua décima temporada e já apresentou três gerações de carros, com muitos recursos testados nas pistas já disponíveis nos veículos de uso diário. O Brasil conquistou o primeiro campeonato com Nelson Piquet Jr. e o terceiro com Lucas di Grassi, que se tornou uma referência no esporte a motor quando se trata de carros elétricos.

Além de sediar o Campeonato Mundial ABB FIA Fórmula E em São Paulo, em 16 de março, o Brasil também terá o piloto mineiro Sérgio Sette Câmara representando a equipe ERT antiga NEO 333 na próxima temporada.

Sérgio Sette Câmara, que participou dos testes de pré-temporada em Valência, Espanha, destacou a importância da queda nos preços dos veículos elétricos para os consumidores

Isso é fundamental para o consumidor final. A tecnologia dos carros a combustão tem estagnado há anos, enquanto os veículos elétricos estão se beneficiando da produção em escala e continuam a oferecer modelos com melhor relação custo-benefício. A tendência natural é de redução de preços

O estado de São Paulo lidera o ranking de veículos elétricos no Brasil, abrigando 47.101 unidades, o que representa 34% da frota nacional, que alcançou um total de 137.839 veículos até junho de 2023. Esses números foram fornecidos pela Neocharge, com base em informações coletadas pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran).

Minas Gerais, o estado de Sérgio Sette Câmara, fica em segundo lugar em termos de concentração de veículos elétricos, com 10.386 unidades, representando 7,53% da frota nacional. O Rio de Janeiro completa o pódio em terceiro lugar, com 10.183 veículos, correspondendo a 7,39% da frota de veículos elétricos no país.

O calendário da Fórmula E para 2024 é extenso, com corridas em cidades da China, Brasil, EUA, Índia, e muitos outros lugares, preferencialmente em locais densamente povoados e com tráfego intenso, para promover a mobilidade elétrica. A “agenda elétrica” tem se mostrado eficaz.

Alberto Longo, co-fundador da Fórmula E, expressou seu orgulho no aumento do número de veículos elétricos em São Paulo e outras cidades visitadas pela competição:

A aceitação dos carros elétricos é enorme, e nosso objetivo com a Fórmula E para o Brasil era claro: democratizar o uso dos veículos elétricos, que antes eram caros e luxuosos. A tecnologia avança, e cada vez mais veículos, ônibus e até motos são movidos a eletricidade. É um orgulho ver que o parque automobilístico de São Paulo e de todas as cidades que visitamos está crescendo cada vez mais

A temporada de 2024 da Fórmula E começa em janeiro na Cidade do México e abrange países como Alemanha, Arábia Saudita, China, EUA, Índia, Itália, Japão, Mônaco e Reino Unido, com a rodada final em Londres, em julho. A competição contará com 22 pilotos de 11 equipes em um total de 16 corridas. Os ingressos para a etapa de São Paulo da Fórmula E, que acontecerá no Sambódromo do Anhembi, estarão à venda nos próximos dias, após mais de 20 mil pessoas comparecerem ao evento deste ano, vencido pelo neozelandês Mitch Evans.

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Rubens Gomes Passos Netto

Editor chefe do Boletim do Paddock, me interessei por automobilismo cedo e ao criar este site meu compromisso foi abordar diversas categorias, resgatando a visão nerd que tanto gosto. Como amante de podcasts e audiolivros, passei a comandar o BPCast desde 2017, dando uma visão diferente e não ficando na superfície dos acontecimentos no mundo da velocidade. Nas horas vagas gosto de assistir a filmes e séries de ação, ficção científica e comédia. Atuando como advogado, também gosto de fazer análises e me aprofundar na parte técnica.

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