A Fórmula 1 faz a sua terceira passagem pelos Estados Unidos neste fim de semana, com o duelo no Circuito da Las Vegas Strip, como 22ª etapa da temporada de 2025.
A categoria desembarca nos Estados Unidos após a passagem pelo Brasil, onde Lando Norris dominou o evento ao conquistar duas poles, duas vitórias e ampliar sua vantagem no Mundial — agora somando 390 pontos.
O britânico vive o melhor momento da carreira e deixou São Paulo mais confiante na disputa pelo seu primeiro título. Ele abre 24 pontos sobre Oscar Piastri e 49 para Max Verstappen, mantendo os três ainda vivos matematicamente na briga pela taça. Restam três corridas e a Sprint no Catar, que podem render até 83 pontos.
Embora Norris não possa ser campeão já em Las Vegas, a etapa é crucial para segurar a reação de Verstappen, enquanto a Red Bull aposta tudo nessa fase final para buscar o quinto título do holandês.
A F1 encara mais um duelo em um circuito veloz e estratégico, dando início à rodada tripla que definirá o destino do campeonato.
O Circuito e o GP de Las Vegas
Por motivos comerciais e visando a expansão da categoria nos Estados Unidos, a Fórmula 1 decidiu adicionar um terceiro evento no país – para além das corridas em Austin e Miami. Las Vegas entrou como aposta da categoria, fazendo a sua estreia no calendário em 2023, se tornando o 78° circuito a sediar uma corrida do campeonato.
Desta forma, tornou-se o 12° local diferente nos Estados Unidos a receber a Fórmula 1. Uma dessas 11 localidades, incluía Las Vegas, um traçado no Caesars Palace, construído dentro do estacionamento do hotel. A categoria fez duas visitas nessa tentativa: em 1981 e 1982, as provas foram vencidas por Alan Jones e Michele Alboreto, respectivamente, e ambas marcaram o final da temporada.
O circuito atual de Las Vegas tem 6.201 km de extensão e conta com 17 curvas — 11 à esquerda e 6 à direita — em um traçado percorrido no sentido anti-horário. Desde sua estreia, tornou-se o segundo mais longo do calendário da F1, ficando atrás apenas de Spa-Francorchamps.

Com suas longas retas, o layout permite que os pilotos atinjam velocidades próximas dos 350 km/h, acrescentando um desafio extra em um circuito que já é naturalmente exigente. A aderência também é um ponto crítico: mesmo com a Pirelli fornecendo a gama mais macia de pneus, padrão para circuitos urbanos, o asfalto frio e a grande variação de temperatura entre as sessões dificultam alcançar a temperatura ideal dos compostos.
Essa combinação de baixa aderência, retas longas e frenagens fortes aumenta as chances de travamentos de roda e incidentes ao longo do fim de semana. Ainda assim, é comum observar uma melhora gradual da aderência conforme o traçado vai sendo engomado pelo uso — algo típico de pistas de rua.
Tudo se torna mais intenso, ao ter um trecho com mais e 1,9 km de extensão, desde a saída da curva 12 até a zona de frenagem da curva 14, percorrido com o pé embaixo. A distância de 112 metros, entre o pole e a primeira zona de frenagem, é a segunda mais curta do ano. Apenas Baku, no Azerbaijão (com 89 metros), tem uma distância menor.
Os Pneus em Las Vegas
Para o desafio nas ruas da Strip, a Pirelli manteve a mesma seleção de pneus utilizada na corrida anterior, apostando novamente nos compostos mais macios da gama.
A fornecedora italiana disponibilizou os pneus C3 (duro – faixa branca), C4 (médio – faixa amarela) e C5 (macio – faixa vermelha) para enfrentar um dos circuitos mais peculiares do calendário.

Por se tratar de uma pista com aderência naturalmente reduzida, o uso dos compostos mais macios deve ajudar os pilotos a encontrar tração e estabilidade, principalmente no início das sessões. No entanto, o gerenciamento térmico continua sendo o ponto-chave da etapa: quase 80% da volta é feita em aceleração plena, o que provoca quedas bruscas de temperatura nos pneus, exigindo um trabalho preciso nas frenagens para mantê-los em funcionamento ideal.
A classificação é um momento particularmente crítico, já que o aquecimento dos pneus dianteiros costuma ser o maior desafio. Um erro nessa fase pode comprometer todo o stint, com riscos de travamentos, desgaste excessivo e perda de aderência. Na corrida, a estratégia tende a ser variada: a Pirelli prevê cenários que incluem duas paradas, especialmente se um Safety Car entrar na pista — algo sempre possível em Las Vegas.
A presença do tal Safety Car ou Virtual Safety Car também precisa entrar no cálculo estratégico das equipes, que devem permanecer atentas a qualquer ocorrência na pista para aproveitar essas oportunidades — especialmente em um circuito tão longo quanto o de Las Vegas.
Na classificação, o desafio é ainda maior. Embora o traçado seja fluido, qualquer erro em uma volta rápida pode custar caro. O piloto pode sair da janela ideal de operação dos pneus e nem sempre haverá tempo suficiente para retornar aos boxes e buscar um novo jogo de compostos. A precisão é crucial: é necessário extrair o máximo do carro de forma imediata, em sessões que, como todo circuito de rua, tendem a ser caóticas e marcadas por incidentes.
Assim como acontece em Mônaco, o traçado de Las Vegas será liberado durante o dia para a circulação de pessoas e veículos, o que impacta diretamente na aderência da pista. Mesmo com o trabalho de emborrachamento feito durante a noite, o asfalto volta a sofrer desgaste quando a rotina da cidade é retomada.

A F1 em Las Vegas

A etapa de Las Vegas pode parecer uma novidade recente, mas não foi em 2023 que a Fórmula 1 pisou pela primeira vez na cidade do neon. Entre 1981 e 1982, a categoria disputou duas corridas no Caesars Palace, em um circuito improvisado no estacionamento do hotel — um traçado pouco popular entre os pilotos e frequentemente lembrado como um dos piores já utilizados pela F1. Era plano, monótono e cercado por blocos de concreto, o que dificultava referências e tornava a pilotagem desinteressante. Mesmo assim, Bernie Ecclestone insistiu para manter o evento vivo na época.
Com o retorno em 2023, Las Vegas passou a representar algo completamente diferente: entretenimento puro. A prova noturna, realizada em pleno sábado, foi pensada para atingir o público norte-americano em horário nobre e reforçar o apelo da categoria nos Estados Unidos, um mercado estratégico para a Liberty Media.
Enquanto Miami entrega glamour e Austin oferece um traçado técnico e querido pelos pilotos, Las Vegas assume outro papel: o espetáculo exagerado, com direito a apresentações dignas de final de NFL e uma atmosfera pensada para abraçar o lado “cafona” e grandioso da cidade. A tendência deu tão certo que o modelo será replicado na abertura da temporada 2025, quando os times e pilotos serão apresentados em um evento especial pelos 75 anos da Fórmula 1.
Mas a história recente de Vegas também carrega polêmicas. Desde o anúncio no calendário, parte da população local demonstrou resistência: ruas fechadas, trânsito bloqueado, intervenções urbanas e até o corte de árvores para abrigar arquibancadas geraram protestos. Um acidente fatal durante a montagem de estruturas para a primeira corrida também marcou negativamente a preparação do evento. Ainda assim, a Liberty, que atua como promotora da prova, precisou seguir em frente — Las Vegas é um investimento que exige retorno.
O preço dos ingressos também reforça o caráter exclusivo da corrida. Assim como Miami, não é um evento acessível ao grande público, embora iniciativas como promoções e desconto para a venda desses ingressos, tenha acontecido ao longo do ano. A Fórmula 1 ainda luta para tornar essa corrida um sucesso, mas ainda é uma realidade as arquibancadas com vários buracos e ingressos que não esgotam, como em outros países.
Em 2024, a prova aconteceu com o campeonato já decidido, mas em 2025 a disputa aberta pelo título torna o evento ainda mais atrativo dentro e fora das pistas.
Antes de consolidar a prova atual, a F1 já passou por outros 12 circuitos em solo norte-americano: Sebring, Riverside, Watkins Glen, Phoenix, Dallas, Detroit, Long Beach, Caesars Palace, Indianápolis (oval e misto), Austin e Miami — e agora, mais uma vez, pela cidade que nunca dorme.
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