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Preview do GP dos Estados Unidos: duelo interno, nova escolha de pneus e Sprint

O Circuito das Américas recebe a 19ª etapa da temporada com tensão na McLaren, mudanças estratégicas da Pirelli e um fim de semana no formato Sprin

A 19ª etapa da temporada 2025, será a segunda corrida nos Estados Unidos, das três programadas para o campeonato.

Após garantir o título de Construtores em Singapura, a McLaren entra na reta final da temporada com foco total na disputa entre seus dois pilotos. Oscar Piastri lidera o campeonato com 336 pontos, mas vê Lando Norris se aproximar perigosamente — agora apenas 22 pontos atrás, diferença menor do que uma vitória.

O time de Woking precisa manter o equilíbrio interno e evitar novos incidentes entre seus pilotos. Em Singapura, Norris largou melhor e acabou se envolvendo em um leve toque com Piastri logo na primeira volta, o que fez o australiano cair para a quarta posição. O episódio gerou insatisfação nos rádios, já que as “Regras Papaya” da equipe orientam os pilotos a evitarem qualquer contato entre si.

Durante a corrida, Norris ainda chegou a ameaçar Max Verstappen, mas terminou em terceiro, logo à frente de Piastri, quarto colocado. Nas últimas etapas, Verstappen (Itália e Azerbaijão) e George Russell (Singapura) foram os vencedores, o que mantém o holandês com 273 pontos e o britânico da Mercedes com 237 — ambos tentando se aproximar da dupla da McLaren.

Mais atrás, a Ferrari segue enfrentando uma temporada difícil e praticamente fora da briga pelo título. Charles Leclerc ocupa a quinta posição com 173 pontos, enquanto Lewis Hamilton aparece em sexto, com 125. Se no ano passado o fim de semana foi da Ferrari, com o monegasco conquistando uma vitória e Carlos Sainz fechando a dobradinha, em 2025 as coisas estão completamente diferentes para a equipe, por conta do desempenho comprometido, pois o carro está longe de ser semelhante ao SF-24.

O desempenho recente da Red Bull reacendeu o interesse do grid, especialmente pela possibilidade de Verstappen voltar a incomodar os pilotos da McLaren nesta fase decisiva do campeonato.

O Circuito das Américas

O popularmente conhecido como COTA, o circuito já recebeu a Fórmula 1 em 12 edições, o traçado caiu no gosto dos pilotos por conta das suas mudanças de elevação e do desafio que apresenta.

Apesar dos Estados Unidos contar com três provas anuais, a corrida de Miami é muito “de negócios” para emular o glamour de Mônaco, enquanto a prova em Las Vegas não caiu no gosto, pela configuração do circuito.

O Circuito das Américas (COTA) é conhecido por ser um dos traçados mais irregulares do calendário da Fórmula 1, onde as equipes tradicionalmente enfrentam os temidos bumps — as ondulações do asfalto que afetam diretamente o desempenho e a dirigibilidade dos carros. Para evitar danos, especialmente ao assoalho, é comum que as equipes optem por uma configuração com o carro mais alto em relação ao solo.

Entretanto, em 2023 e 2024, o autódromo passou por um processo de recapeamento com o objetivo de reduzir essas irregularidades e oferecer melhores condições de aderência, especialmente para os carros de fórmula. As seções entre as curvas 9 e 12, além do trecho que compreende as curvas 16 a 3, receberam novo asfalto — incluindo as duas principais retas do circuito, onde o DRS é ativado.

Por ser um traçado naturalmente desnivelado, os treinos livres têm papel fundamental para que as equipes encontrem a altura ideal dos carros, equilibrando performance e confiabilidade. No entanto, o formato Sprint adotado neste fim de semana limita esse tempo de preparação: haverá apenas um treino livre antes da classificação para a corrida curta, marcada ainda para a sexta-feira.

Circuito das Américas – Foto: divulgação F1

Pelo terceiro ano consecutivo, o formato Sprint marca presença em Austin. A Sprint também acontecerá no Brasil e no Circuito do Cata, como definido previamente.

Inspirado em grandes circuitos europeus, o COTA é uma homenagem moderna à história do automobilismo. As curvas 3 a 6 lembram o famoso conjunto Maggots-Becketts de Silverstone; as curvas 12 a 15 remetem ao “estádio” de Hockenheim; e o trecho 16 a 18 evoca a icônica curva 8 de Istambul. Já o primeiro setor, técnico e fluido, guarda semelhanças com Suzuka, punindo qualquer erro que quebre o ritmo do piloto.

A corrida aqui é disputada no sentido anti-horário, assim como acontece nos circuitos de Jeddah, Miami, Ímola, Baku, Singapura, Interlagos, Las Vegas e Yas Marina.

Um dos pontos mais emblemáticos é a curva 1, marcada por uma impressionante elevação de 31 metros em apenas 200 metros de extensão — um verdadeiro desafio para frear e posicionar o carro corretamente na entrada da curva. No entanto, este é um ponto excelente para os pilotos que estão no duelo por uma posição e buscam a ultrapassagem.

Para encarar esse traçado, as equipes costumam optar por asas de alta carga aerodinâmica, buscando mais downforce nas curvas de alta velocidade. A combinação entre curvas e longas retas exige equilíbrio: durante uma volta, o piloto realiza cerca de 72 trocas de marcha.

Com 20 curvas e duas zonas de DRS (entre as curvas 20 e 1, e entre as curvas 11 e 12), o circuito favorece ultrapassagens e estratégias ousadas. O pit lane relativamente rápido permite considerar uma segunda parada, embora muitas equipes ainda resistam a essa opção.

Desde sua estreia no calendário da F1 em 2012, o traçado projetado por Hermann Tilke se consolidou como um dos mais técnicos e desafiadores do campeonato, não apenas por suas curvas inspiradas em ícones, mas também por ser percorrido no sentido anti-horário, exigindo preparo físico extra dos pilotos.

O GP dos Estados Unidos e a relação com a Fórmula 1

A Fórmula 1 sempre fez questão de ter uma prova nos Estados Unidos, entre 1950 e 1960 a categoria adicionava as 500 Milhas de Indianápolis ao seu calendário, porém, em todos esses anos já foram realizadas provas em Sebring, Reverside, Watkis Glen, Long Beach, Las Vegas, Detroit, Dallas, Phoenix, Indianápolis (usando o circuito misto e oval).

Com a aquisição da categoria pela Liberty Media, os esforços para consolidar a Fórmula 1 no mercado norte-americano se intensificaram. O objetivo era claro: aumentar a visibilidade da competição no país-sede da empresa, aproximando o público local e atraindo novos investidores. O Grande Prêmio de Miami, inaugurado em 2022, foi o primeiro passo dessa nova fase de expansão. Pouco tempo depois, a F1 firmou contrato com Las Vegas, estabelecendo a terceira etapa em solo americano, para contar com três corridas nos EUA por ano.

Em novembro de 2023, a corrida pelas ruas de Las Vegas marcou um momento histórico: pela primeira vez em mais de quatro décadas, a categoria voltou a ter três provas nos Estados Unidos — Austin, Miami e Las Vegas. A última vez que isso havia ocorrido foi em 1982, com as etapas de Long Beach, Detroit e também Las Vegas.

A estratégia norte-americana da F1 reflete o equilíbrio entre espetáculo e negócios. Corridas como Miami e Las Vegas foram projetadas para o entretenimento de luxo, com foco em patrocinadores e celebridades, mais do que no público tradicional das arquibancadas. Já Austin, com o Circuito das Américas, representa uma ligação mais autêntica com o espírito do automobilismo europeu — oferecendo um traçado técnico, desafiador e muito apreciado pelos pilotos por conta das variações de elevação.

Essa expansão também dialoga com o crescimento de outras categorias internacionais no país. O Mundial de Endurance (WEC), por exemplo, também realiza etapas nos Estados Unidos, contribuindo para a consolidação das competições europeias em solo americano e ampliando o interesse do público local por corridas de alto nível.

Pneus e Sprint

Para esta edição, a Pirelli introduziu uma mudança na gama de compostos, rompendo com a sequência tradicional usada na maioria dos eventos. O C1 (faixa branca) será o pneu duro, enquanto o C2 foi retirado da seleção. Assim, os pilotos terão o C3 (faixa amarela) como composto médio e o C4 (faixa vermelha) como o macio.

No ano passado, Austin seguiu a sequência habitual C2–C3–C4, mas a fornecedora italiana decidiu contar com um gap para o evento deste ano, fazendo a mesma manobra do GP da Bélgica, com o intuito de ampliar as estratégias em um evento Sprint. No entanto, o mau tempo em Spa, não deu os dados esperados, já que foi necessário trabalhar com o composto intermediário de chuva na largada.

Pneus do GP dos Estados Unidos – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

Essa estratégia remete a uma prática antiga da Pirelli, usada para ampliar o intervalo de desempenho entre os compostos e, consequentemente, estimular corridas com duas paradas. Com a redução de variáveis nas estratégias e provas mais lineares nesta temporada, a marca decidiu reintroduzir esse ajuste na gama, tentando melhorar a dinâmica de alguns eventos.

Com a ausência do C2, o pneu duro (C1) deve oferecer maior durabilidade e consistência, permitindo que os pilotos completem a corrida com apenas uma parada — combinando o C3 e o C1. No entanto, aqueles que apostarem em C3 e C4 terão de se planejar para duas trocas, buscando maior ritmo e eficiência, especialmente nas fases decisivas da corrida.

Repetindo a escolha do ano passado, por conta do formato Sprint, as equipes vão receber 12 jogos de pneus, diferente dos 13 jogos de pneus slick que os times estão acostumados em receber durante um fim de semana regular.

Com apenas um treino livre, a tática de muitos times é avaliar apenas dois tipos de pneus antes da classificação que define o grid de largada da corrida principal. Essa é uma forma de tentar poupar os compostos, principalmente para as duas corridas que estão por vir.

Formato Sprint

Neste fim de semana nos Estados Unidos, a F1 encara o próximo evento Sprint, o 4° da temporada. Saiba o formato:

As equipes vão enfrentar duas classificações e duas corridas, mas em sessões combinadas.

A ideia é que os times possam trabalhar alterando a configuração dos carros, por conta de o evento contar com dois sistemas de parque fechado.

  • Na sexta-feira o dia começará com um TL1 (de 60 minutos), está será a única atividade avaliativa e preparatória para os competidores;
  • No final do primeiro dia será definido o grid de largada da prova Sprint;
  • O sábado por sua vez começa com a Sprint (prova de 100 km) – na Bélgica são 15 voltas;
  • Com a conclusão da primeira fase do fim de semana, os pilotos vão retornar ao traçado mais uma vez no sábado, agora para definir o grid de largada da corrida principal;
  • O domingo fica com a prova principal como tem acontecido desde a implementação deste formato.

Classificação Sprint

Na classificação para a prova Sprint, volta a obrigatoriedade do uso dos pneus.

  • SQ1 e SQ2, os competidores são obrigados a usar um conjunto de pneus médios novos – C3;
  • SQ3 pneus macios – C4;
Horários do GP dos Estados Unidos – Programação – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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