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Preview do GP do Japão – Fórmula 1 visita Suzuka em outro momento da temporada

Depois de ser palco de várias decisões de título, Suzuka agora receberá a Fórmula 1 no início da busca pelo título de 2024

A Fórmula 1 voltou ao Japão pouco mais de seis meses após a última corrida ser realizada no país. A prova no Circuito de Suzuka que antes era realizada em setembro / outubro, mudou de data para uma melhor acomodação do calendário.

A categoria optou por um calendário mais regionalizado neste ano, para melhorar a logística e os deslocamentos necessários para a realização das provas. O Japão então passou a ser uma corrida que faz parte do certame do começo de temporada, sendo disputada depois do evento da Austrália e antes da corrida na China.

Um novo capítulo

Geralmente o GP do Japão foi o marco de algumas decisões de campeonatos, tanto de pilotos como de construtores. Em 2022, a pista marcou a conquista do título de Max Verstappen, enquanto no ano passado a Red Bull celebrou mais um mundial de construtores. Doze decisões aconteceram em Suzuka e uma em Fuji.

Por conta da fama de ser o palco do triunfo de pilotos que tem mundiais na carreira, talvez seja por isso que é um dos mais reverenciados pelos competidores. Para vários cabeças de gasolina a pista é muito especial devido às provas de tirar o fôlego protagonizadas por Ayrton Senna nas decisões dos campeonatos de 1988, 1989 e 1990.

Apenas duas pistas receberam o GP do Japão, o autódromo Fuji Speedway foi escolhido para as primeiras provas que ocorreram no Japão nos anos de 1976 e 1977, até ser retirado novamente do calendário por 10 anos. Seu retorno se deu em 1987 no autódromo de Suzuka, hospedando a Fórmula 1 de forma exclusiva e ganhando a reputação de corrida mais desafiadora da temporada.

Nos anos de 1994 e 1995 o país teve duas competições, onde foram nomeadas como Grande Prêmio do Pacífico. Os problemas para formar o calendário da F1 não foram provocados apenas na pandemia, antes a categoria já recorria a títulos honoríficos quando precisava realizar mais uma prova no mesmo país – com isso, as provas recebiam nomes diferentes.

A competição que havia se mudado para Suzuka em 1987, voltou a ocorrer por dois anos seguidos em Fuji (2007-2008), com parte de um acordo entre Toyota e Honda, mas devido à desaceleração da economia global a Toyota acabou deixando o caminho livre para que a corrida fosse disputada em Suzuka.

Neste ano a prova japonesa é disputada em outra ótica, como quarta corrida do calendário, as coisas continuam se desenvolvendo.

Max Verstappen lidou com um abandono na Austrália e embora a Red Bull tenha um dos carros mais dominantes, Sergio Pérez não esteve no pódio com a sua super máquina.

O entretenimento ficou nas mãos da Ferrari, Carlos Sainz venceu a corrida após atacar Verstappen. Cruzou a linha de chegada com uma boa diferença para Charles Leclerc, que completou uma dobradinha para o time italiano. Lando Norris representou a McLaren na terceira posição do pódio, seguido por Oscar Piastri. A McLaren faturou pontos importantes, principalmente em uma etapa que nenhum dos pilotos completaram a prova.

A Red Bull ainda conta com um carro excepcional e capaz de vencer a prova de 2024, mas reviravoltas podem acontecer, pois Suzuka é uma pista muito exigente.

O Circuito e Curva 130R

Dez anos depois da ausência da Fórmula 1 no país, a competição ganhou uma nova casa, com um circuito redesenhado pelo holandês John Hugenholtz e é propriedade da Honda e utilizado como pista de testes pela marca japonesa. Acabou ganhando o coração dos fãs por ser uma pista rápida e exigente e foi palco de vários momentos memoráveis e dramáticos ao longo da sua história.

A famosa curva 130R recebeu esse nome devido ao seu raio de 130 metros, podendo ser feita a mais de 300 km/h em sétima marcha. Os pneus são bem exigidos por todo o circuito, mas é nesta curva que eles precisam entregar o máximo de eficiência.

O formato em ‘8’ do traçado beneficia o desgaste dos pneus, pois ocorreu um certo equilíbrio por conta do desgaste mais uniforme dos cantos dos pneus, que distribuem a carga de forma igual. O traçado é composto por 10 curvas para a direita e 8 para a esquerda.

O traçado é praticamente todo composto por curvas, apenas 1,2 km da volta é composto por retas, dos 5.807 km que formam o traçado. Por conta desta falta de retas o circuito conta com apenas uma zona de ativação do DRS, assim como Mônaco.

O circuito de Suzuka conta com apenas uma zona de DRS – Foto: reprodução F1

Se a 130R é uma das curvas mais rápidas da F1, o circuito também conta com a curva 11, uma das mais lentas, completada em cerca de 60 km/h. A zona de frenagem da curva 11 é uma das mais desafiadoras, para completá-la os pilotos acionar os frios na metade da curva 10, ela é completada perto dos 3,5G. A aceleração é o destaque deste traçado.

O traçado é extremamente técnico, como muitos dos circuitos mais antigos do calendário. Um erro em qualquer parte do traçado prejudica toda o giro neste traçado.

Em termos de ultrapassagem, não é um traçado que oferece muitos pontos com freadas fortes, além de ser um circuito estreito e não conter bons espaços para trocas de posição. No entanto, os competidores ainda tentam buscar alguns espaços para tentar alguma manobra.

Não temos como prever como a prova vai se desenvolver, já que neste ano as corridas não foram tão movimentadas como era o esperado. Mesmo o regulamento, desenvolvido para aproximar os competidores, se mostra falho e não contribuí para os duelos em pista.

Mesmo os times que estão travando alguma batalha no campeonato de construtores e teriam projetos mais próximos, estão tendo dificuldade para se encontrar no traçado.

A primeira curva é um ponto de ultrapassagem, enquanto na Spoon os pilotos têm se arriscado um pouco mais nos últimos anos. A última chicane também é um ponto usado para as trocas de posição.

Os pneus são um fator muito importante para as ultrapassagens neste traçado.

Michael Schumacher é o piloto que conta com mais vitórias no traçado, o alemão venceu 6 vezes em Suzuka. Empatado com 4 vitórias cada, estão Sebastian Vettel e Lewis Hamilton. No número de poles, Michael Schumacher obteve 8, enquanto Vettel obteve 5 poles no traçado e Ayrton Senna e Nico Rosberg ficaram empatados com 3 cada.

Pneus

Por ser um traçado exigente para os pneus e ainda contar com um asfalto abrasivo, a Pirelli mais uma vez escolhe a gama dura de pneus para uma prova no Japão, são eles: C1 (duro – faixa branca), C2 (médio – faixa amarela) e C3 (macio – faixa vermelha).

Pneus escolhidos para o GP do Japão de 2024 – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

Com a corrida disputada em outro momento do ano, são esperadas temperaturas mais baixas para a etapa. A prova, que geralmente é realizada com duas paradas, por conta do nível de exigência do traçado, pode ter a chance de ser concluída com apenas uma troca de pneus, mas isso vai depender muito do gerenciamento dos compostos.

Geralmente para se ter mais eficiência e evitar riscos desnecessários, é melhor trabalhar mesmo com duas trocas de compostos.

Acertar uma boa volta neste traçado é uma tarefa difícil e isso acaba influenciando também na gestão dos pneus, já que os pilotos precisam preservar os seus jogos de pneus para não comprometer a corrida.

As trocas de posição são pautadas pelos pit-stops, sendo um momento onde os competidores acabam se encontram em pista, batalhando por espaço na pista e um resultado melhor.

LEIA MAIS: Motivados pela segurança e o desafio de Suzuka, Pirelli define a gama dura de pneus para o GP do Japão
Estratégias usadas durante o GP do Japão de 2023 – Foto: reprodução Pirelli

O desgaste dos pneus nesta pista, que tem formato de 8, acontece de forma mais uniforme, por conta da mudança de direção. O circuito que conta com 18 curvas, oito delas são realizadas para a esquerda, enquanto 10 são à direita.

A prova é disputada em 53 voltas.

Neste fim de semana a Fórmula 1 não terá auxílio das suas categorias de base.

Programação / Horários do GP do Japão – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock
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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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