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Preview do GP do Catar – A penúltima etapa pode selar o campeão de 2025

As características do circuito de Lusail e os desafios que aguardam as equipes neste fim de semana

A penúltima etapa da temporada será disputada no Catar, palco da 23ª corrida de 2025. A expectativa pelo anúncio do campeão cresce ainda mais após a desclassificação da dupla da McLaren em Las Vegas, episódio que mexeu diretamente na disputa pelo título.

Lando Norris e Oscar Piastri sofreram um duro golpe nos Estados Unidos: após o fim da prova, seus carros foram reprovados na verificação técnica devido ao desgaste na prancha de madeira — componente responsável por controlar a altura do carro. Mesmo com as explicações apresentadas pela equipe, não havia como evitar a punição.

Apesar do revés, Norris permanece na liderança do campeonato com 390 pontos, seguido de perto por Piastri e Max Verstappen, empatados com 366. A sequência sólida do britânico nesta reta final do campeonato lhe garantiu uma margem importante, e mesmo com a desclassificação, ele ainda leva 24 pontos de vantagem para o Catar.

Norris pode, inclusive, assegurar o título já neste fim de semana. Para isso, precisa deixar Losail com pelo menos 26 pontos de vantagem sobre seus dois principais concorrentes — número que torna matematicamente impossível uma virada em Abu Dhabi, onde apenas 25 pontos estarão em jogo.

Piastri, por sua vez, atravessa uma fase difícil. O australiano não sobe ao pódio desde o GP da Itália e ainda acumulou abandonos nas últimas etapas. Verstappen vive o movimento inverso: embalado por vitórias na Itália, Azerbaijão, no evento Sprint dos EUA e no GP de Las Vegas, o tetracampeão chega ao Catar com força renovada e com uma unidade de potência nova, instalada em São Paulo.

A disputa promete ser intensa. Norris pode optar por uma abordagem mais conservadora, focando nos pontos necessários para fechar o campeonato, enquanto Verstappen e Piastri precisam arriscar para manter vivo o sonho do título.

Resta saber: o que o calor do Catar ainda pode reservar para essa batalha?

O Circuito do Catar

Pela quarta vez, a Fórmula 1 correrá no Circuito de Lusail, pista que estreou no calendário em 2021, a categoria precisou respeitar essa “pausa”, pois o país passou um ano (2022) focados exclusivamente na Copa do Mundo. O retorno da pista se deu em 2023 de forma efetiva.

Esse também é marcado como o terceiro ano consecutivo que o formato do evento Sprint será realizado neste traçado.

Após a primeira visita, o asfalto foi inteiro recapeado, antes da segunda visita da categoria – embora a alteração tenha acontecido, esse é ainda um asfalto muito abrasivo para os pneus. Ganhando também um complexo de boxes e paddock totalmente novo, como parte da reforma para receber a competição. Desta forma, os times agora contam com boxes mais espaçosos, novas instalações para os times e novos túneis de acesso.

A categoria optou por uma nova prova noturna neste traçado, pois em Doha, as temperaturas diurnas beiram os 40 °C. Na corrida disputa em 2023, no início de outubro, as temperaturas e a sensação térmica eram tão elevadas, que vários pilotos passaram mal com as condições.

Depois deste evento, a Fórmula 1 tomou uma medida para evitar novos episódios como esses, implementando um protocolo de calor, onde os carros precisam ser equipados com um sistema de refrigeração; os pilotos contam com coletes especiais, que possuem pequenos caninhos e por onde passa o líquido que faz a refrigeração. O protocolo foi estabelecido em dois momentos da temporada: no GP de Singapura e Estados Unidos.

O circuito de Lusail possui 5.419 km e é composto por 16 curvas — dez para a direita e seis para a esquerda — em sua maioria de alta e média velocidade. O trecho mais técnico fica entre as curvas 12 e 14, uma sequência fluida que lembra a famosa curva 8 de Istambul, na Turquia. A longa reta principal, com mais de um quilômetro, segue como um ponto privilegiado para ultrapassagens antes da aproximação da curva 1.

Circuito de Lusail – Foto: divulgação Fórmula1

Assim como em Las Vegas, a etapa do Catar também acontece à noite, porém o cenário climático é completamente diferente. No deserto catariano, o calor persiste mesmo após o pôr do sol. Em 2023, a prova foi marcada por um forte desconforto térmico devido à alta umidade, situação que costuma ser amenizada com a corrida sendo disputada em novembro.

A areia carregada pelo vento continua sendo um desafio constante, ainda que haja barreiras e procedimentos para reduzir sua presença no traçado. Com o passar das sessões, a própria movimentação da Fórmula 1 e da categoria de apoio — Fórmula 2 — ajuda a limpar o asfalto e aumentar a aderência.

O layout é fluido e favorece mais o estilo das provas de moto, com poucas zonas de freada forte — a curva 6 é a única em que a velocidade cai abaixo dos 100 km/h. Outro detalhe importante é o pit-lane: Lusail possui o terceiro mais longo de todo o calendário, atrás apenas de Ímola e Silverstone.

Os Pneus e a Estratégia Definida

Por ser um dos circuitos mais exigentes do calendário nesse aspecto, a Pirelli adotou uma medida excepcional: cada conjunto de pneus só poderá completar 25 voltas ao longo de todo o fim de semana. A contagem inclui as voltas em todas as sessões de pista, até mesmo sob Safety Car, o que obrigará os pilotos a realizar ao menos duas paradas obrigatórias durante as 57 voltas do GP.

Por outro lado, não entram na contagem:

  • voltas até o grid,
  • voltas de formação,
  • voltas pós-bandeirada em Sprint e GP.

A Pirelli fornecerá a gama dura de pneus, composta por: C1 (duro – faixa branca), C2 (médio – faixa amarela) e C3 (macio – faixa vermelha), sendo a escolha utilizada em Suzuka, Bahrein e Espanha neste ano.

Pneus do GP do Catar – Foto: divulgação Pirelli

A maior parte das curvas da pista em Lusail são de alta velocidade, o que significa que os pneus têm pouco espaço para se recuperar; o trecho de desgaste mais elevado acontece entre as curvas 12 e 14. A pista é um tanto lisa, mas costuma provocar a granulação dos pneus, o que contribui para um alto índice de desgaste dos compostos.

O histórico recente mostra como o Catar costuma castigar a borracha. No ano passado, a estratégia predominante foi de uma parada, iniciando com pneus médios; porém, com bandeiras vermelhas e Safety Cars, alguns pilotos arriscaram macios no final, sem sucesso, devido à queda brusca de desempenho.

Além dos fatores climáticos e do desgaste extremo, a localização de Lusail adiciona mais uma variável: a necessidade de controle rigoroso do número de voltas por conjunto, monitorado pela FIA e pela Pirelli, para impedir que o cenário de desgaste excessivo de 2023 se repita.

Mesmo com a corrida realizada à noite, o calor acumulado durante o dia e a umidade intensa transformam o cockpit em um ambiente extremo. Não é raro que pilotos terminem exaustos e relatem mal-estar após a bandeirada.

Com tantas limitações e variáveis, estratégia será palavra-chave e, quem conseguir controlar melhor a vida útil dos pneus, pode assumir um papel decisivo na luta pelo título.

A Sprint

Novamente a Fórmula 1 mantém o Catar com o evento Sprint, essa também será o último evento Sprint no Catar – ao menos para o calendário de 2026, que também se despediu de São Paulo para o próximo ano.

As equipes vão enfrentar duas classificações e duas corridas, mas em sessões combinadas.

A ideia é que os times possam trabalhar alterando a configuração dos carros, por conta de o evento contar com dois sistemas de parque fechado.

  • Na sexta-feira o dia começará com um TL1 (de 60 minutos), está será a única atividade avaliativa e preparatória para os competidores;
  • No final do primeiro dia será definido o grid de largada da prova Sprint;
  • O sábado por sua vez começa com a Sprint (prova de 100 km) – na Bélgica são 15 voltas;
  • Com a conclusão da primeira fase do fim de semana, os pilotos vão retornar ao traçado mais uma vez no sábado, agora para definir o grid de largada da corrida principal;
  • O domingo fica com a prova principal como tem acontecido desde a implementação deste formato.

Classificação Sprint

Na classificação para a prova Sprint, volta a obrigatoriedade do uso dos pneus.

  • SQ1 e SQ2, os competidores são obrigados a usar um conjunto de pneus médios novos – C3;
  • SQ3 pneus macios – C4;
Programação do GP do Catar – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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