Neste fim de semana a Fórmula 1 estará em Singapura para a realização da 15ª etapa da temporada 2023. O circuito de rua de Marina Bay será palco de mais uma edição da corrida noturna.
O primeiro GP de Singapura foi disputado em 2008, entrando para a história da F1 como a primeira corrida noturna presente no calendário. A prova foi organizada depois das negociações realizadas entre Bernie Ecclestone e o Singapura Tourism Board – as empresas de telecomunicações na época também entraram no acordo para viabilizar o evento.
Hoje vemos a categoria focar muito no espetáculo, em formas de deixar o público mais entretido e quando Singapura entrou no calendário, criaram o Amber Lounge Fashion Show, sendo um evento que reúne o mundo da moda e do automobilismo. Singapura também se tornou atrativa para a organização de shows, como um festival. Realmente um grande evento e o modelo pode ser explorando em outras provas.
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Para muitos que não conhecem esse circuito, nem passa pela cabeça os desafios que são para realizar essa prova. O traçado precisa de cerca de 1600 refletores para iluminar toda a sua extensão.
Mesmo sendo uma corrida noturna, as temperaturas seguem extremamente altas. Com a aproximação do evento, os pilotos trabalham ainda mais a sua forma física, treinando em ambientes com salas climatizadas, para simular as temperaturas elevadas de Singapura. Ao correr neste traçado, é como se os pilotos enfrentassem uma sensação térmica de cerca de 60°C no cockpit, é como estar correndo dentro de uma sauna. Os pilotos chegam a perder cerca de 3kg ao realizar uma prova completa em Singapura.
Os mecânicos também precisam se preparar, pois a sensação de fadiga, atrapalha o desempenho do trabalho, atenção e os times ficam mais suscetíveis a cometer erros.
Uma parte importante que também entra na preparação física, é que o GP de Singapura é realizado como se os pilotos e equipes ainda estivessem na Europa. Os hotéis se preparam para mudar o horário de servir o café da manhã, além do almoço ser servido por volta das 18h, as janelas recebem blackout para viabilizar o momento de descanso. Essa é uma forma de permitir que as pessoas não sintam muito a mudança da Europa para Singapura e ainda realizar uma corrida noturna.
A Pista e os Pneus
A pista precisou de alguns ajustes desde a sua estreia no calendário e para a prova que será disputada em 2023, uma nova alteração foi realizada.
Por conta de obras que estão sendo realizadas na cidade, inviabilizou a utilização do trecho que era trabalhado entre as curvas 16 e 19. Em outubro do ano passado a mudança já era mencionada, desta forma, após aprovação da FIA, foi estabelecida uma alteração no setor 3 do circuito.
A última parte do circuito ganha uma reta de 397,9 m que deve contribuir para as ultrapassagens. Além disso, essa alteração deve também modificar a duração da prova que antes beirava às 2h, mas que neste ano provavelmente será disputada em 1h30.
Pela modificação no último setor a pista que antes tinha 5.063 km de extensão foi reduzida para 4.928 km, sendo suficiente para adicionar mais uma volta durante a corrida – que agora terá 62 giros (antes 61).
Espera-se que o tempo de volta seja reduzido em 10 segundos, por conta dessas alterações. O novo layout também deve beneficiar os pneus, nas outras edições era observado o superaquecimento dos compostos ao final da volta, mas a remoção de quatro curvas em 90° deve ajudar os competidores na manutenção dos pneus, proporcionando uma janela operacional melhor.
A evolução da pista é algo observada ao longo do fim de semana; natural em circuitos de rua, pois em dias normais as vias são usadas para o tráfego de carros e outros transportes. A superfície geralmente é mais lisa no TL1 e a evolução é sentida rapidamente conforme o emborrachamento do traçado é realizado.
Ao longo de todo o fim de semana os pilotos precisam prestar um pouco de atenção aos bueiros, pois eles podem danificar os carros, além disso, as faixas pintadas no chão também modificam a aderência dos pneus em contato com o traçado. Parte da pista também foi recapeada, alterando um pouco as propriedades do asfalto.
A pista favorece carros mais desenvolvidos, além da downforce. Ao longo desses últimos anos a categoria adicionou mais circuitos de rua, porém, Singapura é uma das pistas que cobra muito a parte técnica dos competidores, principalmente por conta das mudanças rápidas de direção.
A Pirelli selecionou os pneus mais macios para a etapa, desta forma fornecerá as equipes os pneus nesta configuração: C3 (duro – faixa branca), C4 (médio – faixa amarela) e C5 (macio – faixa vermelha).
Por ser um traçado de rua, a possibilidade de surgir um Safety Car está sempre à espreita, nas 13 edições do GP de Singapura, o Safety Car entrou ao menos uma vez na pista. Os times precisam prestar muita atenção e isso pode determinar o momento das paradas, dependendo da ocasião que ele entrar no traçado. É nesta ocasião que as estrategistas precisas ser mais flexíveis.
Essa é uma corrida que geralmente as equipes acabam optando por realizar apenas uma parada, pois o pit-lane é um tanto lento e por perder tempo durante a troca de pneus, se o restante do pelotão não optar por uma segunda troca, o competidor acaba perdendo diversas posições. Esse é um circuito de difícil ultrapassagem, as estratégias contam muito, bem como realizar uma boa classificação no sábado.
O traçado é desafiador por conta das suas – agora 19 curvas – antes 23, cobram muito a atenção dos pilotos. Os muros próximos como em Mônaco, não deixam brechas para que os competidores cometam algum erro. Os carros e suas suspensões são preparados para circuitos de rua, pensando principalmente nos solavancos que os carros vão enfrentar por conta das oscilações e desníveis do traçado.
Os freios também são um ponto de atenção para as equipes neste fim de semana, pois eles são muito utilizados ao longo da volta, além disso, não existe uma janela muito grande entre as curvas para que os pilotos consigam realizar o resfriamento. Essa também é a pista com o mais alto consumo de combustível no ano, por conta acelera-freia que acontece ao longo das 62 voltas.
Sebastian Vettel é o piloto com mais vitórias em Singapura, o piloto cruzou a linha de chegada na dianteira em cinco provas. Nestas doze edições, apenas Lewis Hamilton (4 vitórias), Fernando Alonso (2 vitórias), Nico Rosberg (1 vitória) e Sergio Pérez, venceram em Singapura. Por outro lado, Vettel e Hamilton estão empatados com 4 poles cada neste traçado.
Temperaturas extremas sempre são ruins para os carros e seus componentes eletrônicos, as equipes tentam se preparar ao máximo para Singapura, evitando quebras ao longo do fim de semana, mas principalmente na corrida. Mas não é possível descartar falhas, principalmente panes provocadas pelo superaquecimento.
No ano passado a largada da corrida foi adiada em uma hora por conta de uma tempestade que atingiu Marina Bay antes do início da prova. Quando a corrida começou a pista estava molhada, os competidores largaram com os pneus intermediários (faixa verde). Permaneceram com eles até a volta 33, quando as paradas começaram. George Russell realizou a sua troca de pneus na volta 21, sendo um parâmetro para os outros competidores do melhor momento para seguir aos boxes.
Max Verstappen estava próximo de conquistar o título da temporada 2022 em Singapura, mas o piloto holandês não fez uma boa classificação, durante a sessão a Red Bull se deu conta que ele não tinha combustível suficiente para completar mais uma volta rápida no traçado. Com uma classificação ruim e a dificuldade para ultrapassar em Singapura, Verstappen não conseguiu realizar uma prova de recuperação. Sergio Pérez teve a oportunidade de demonstrar mais um bom desempenho em circuitos de rua e vencer a corrida.
Um escândalo em Singapura que foi revivido
A primeira corrida em Singapura foi marcada por uma fraude e acarretou um grande problema para Felipe Massa, que perdeu o seu título no GP do Brasil tempos depois – a vitória de Alonso na corrida de estreia do circuito foi armada por Flávio Briatore e Pat Symonds, onde Nelson Piquet bateu de proposito para auxiliar o seu companheiro de equipe.
Na época o campeonato era disputado por Lewis Hamilton e Felipe Massa, com o britânico liderando o campeonato, mas com apenas um ponto de diferença. O brasileiro tinha conquistado a pole e se vencesse a prova, assumiria a dianteira do campeonato.
Fernando Alonso por sua vez, não tinha se classificado bem, depois de um Q2 ruim. Desta forma Briatore e Symonds combinaram com o Nelson Piquet Jr deveria bater, escolheram a curva 17 que era de difícil remoção do carro. Quando a corrida aconteceu, a Fórmula1 ainda tinha o esquema de parada com o reabastecimento e no GP da Alemanha, Piquet foi beneficiado por ter trabalhado com a estratégia de uma parada, que funcionou após a batida de Glock.
Alonso antecipou a sua parada na volta 12, enquanto Piquet bateu na volta 14. Felipe Massa era o líder e permaneceu em pista, fazendo a sua parada na volta 18. Porém, neste momento da prova a Ferrari cometeu um erro, o mecânico liberou Massa antes da conclusão do reabastecimento e o brasileiro ficou com a mangueira acoplada em seu carro. Como demoraram para fazer a remoção e a liberação do carro, o brasileiro caiu para a última posição, essa prova fez diferença na sua luta pelo título.
O espanhol se tornou então líder da prova, cruzando a linha de chegada na primeira posição. O escândalo de Singapura foi revelado durante o GP da Bélgica de 2009, pelo jornalista Reginaldo Leme.
O assunto voltou a ser debatido nos últimos meses, com Felipe Massa se sentindo lesado, principalmente por ter pedido o título de 2008 por apenas um ponto para Lewis Hamilton. O brasileiro com auxílio dos seus advogados entrou em contato com a Ferrari, além do ex-diretor da equipe Renault, Flavio Briatore, o ex-diretor técnico da equipe Pat Symonds e o ex-gerente esportivo Steve Nielsen. A manobra é para obter documentos daquela época que possam auxiliar Massa com uma possível ação judicial, solicitando a preservação de tais documentos.
Massa foi motivado após fala de Bernie Ecclestone ao site F1-Insider, na qual o britânico revelou que ele e o então presidente da FIA, Max Mosley sabiam ainda em 2008 sobre a batida proposital de Nelsinho Piquet durante a prova – como uma forma de beneficiar Fernando Alonso na prova.
Alonso venceu a primeira corrida noturna em Singapura, enquanto Massa foi apenas o 13 colocado, pois a Ferrari liberou o brasileiro para a pista com a mangueira de combustível ainda engatada no carro, prejudicando a prova do piloto que disputava o título.
Massa está em busca de ser reconhecido como o campeão da temporada 2008 e buscando ume reparação após 15 anos daquela prova. Depois de identificarem os problemas naquela corrida, esperava-se que quando pessoas que lidavam diretamente com a categoria descobriram a armação, anulassem o resultado da prova, sem o resultado desta corrida, Massa seria intitulado o campeão da temporada mesmo após os diversos erros da Ferrari e do próprio competidor. Naquela ocasião, Lewis Hamilton foi ao pódio obtendo a terceira posição. O brasileiro espera contar com o auxílio do heptacampeão mundial de F1.
Após Massa começar a movimentar as coisas para tentar obter o título, a F1 solicitou que o brasileiro não participasse do GP da Itália, corrida que foi realizada em Monza. Neste evento alguns fãs da Ferrari aproveitaram o momento para exibir uma faixa afirmando que Massa é o campeão de 2008 – ela precisou ser removida.