Com a introdução dos pneus de 18 polegadas, a Fórmula 1 começou um processo para a remoção das mantas térmicas. O plano é realizar a redução das temperaturas, mas é esperado que em 2024 a categoria não utilize mais os cobertores.
A ideia era que com a introdução dos pneus de 18 polegadas, os cobertores seriam banidos, mas adiaram o processo para ocorrer em 2024, como uma forma de acostumar os pilotos. Atualmente os times trabalham com os cobertores em 70°C, para 2023 a redução avaliada é operar em 50°C, mas parece que o plano está próximo de ser descartado.
Os pneus de 2023 foram testados em Austin e no México, em um programa super restrito da Pirelli e onde não são permitidos ajustes nos carros. Nos Estados Unidos a Pirelli começou a avaliação da mudança das regras. A previsão é que no próximo ano os pneus sejam pré-aquecidos em 50°C por um período de 3 horas.
Porém, tanto em Austin como no México, vários pilotos foram vistos deslizando pela pista, como se o carro estivesse fazendo um drift. Verstappen foi um dos pilotos que reclamou da falta de aderência dos pneus duros nos Estados Unidos.
Mesmo da forma como os pneus estão sendo trabalhados nesse ano, os pilotos sentem certa dificuldade quando instalam os pneus duros e são enviados para a pista. Eles demoram para atingir a temperatura ideal e vemos alguns pilotos até perdendo o controle dos seus carros nos primeiros instantes com esse composto.
No México a Pirelli tentou algo diferente, o aquecimento dos pneus em 70°C, mas apenas pelo período de duas horas. A alteração aliviou os comentários dos pilotos relacionados a aderência e a sua sensação com o carro, além disso o gasto de energia foi melhor do que deixar os pneus por três horas em 50°C.
Os pneus, sua eficiência e a operação deles sempre gera um atrito entre as equipes e a fornecedora de pneus. Para o próximo ano a Pirelli deve usar os 70°C, mas reduzindo o tempo de utilização dos cobertores de três para duas horas. O feedback parece positivo após avaliação da FIA e Fórmula 1.
A Pirelli ainda acredita que será possível realizar a remoção dos cobertores em 2024. Os pneus usados em 2022, são um resultado das pesquisas realizadas com os carros da Fórmula 2 e com os carros que foram adaptados para emular o efeito solo. Porém, é apenas nesta temporada que a Pirelli consegue um parâmetro melhor da operação dos pneus, pois eles estão sendo usados para os carros que eles foram pensados.
Para a temporada 2023, uma das reclamações principais dos pilotos foi relacionada aos pneus dianteiros, pois os pilotos reclamaram bastante das ‘saídas de frente’, algo que estava dificultando a adaptação aos novos carros e interferindo diretamente na forma como alguns competidores gostam de guiar.
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Max Verstappen que já reclamava das saídas de frente do carro com os pneus de 2022 e após os treinos realizados em Austin, não gostou da sensação que teve com os compostos, após experimentar a redução da temperatura dos cobertores. O holandês ressaltou que com a retirada da manta térmica em 2024 vão enfrentar muitos abandonos, pois fica muito difícil de atingir a temperatura ideal. Quando os pilotos vão para a pista com pouco domínio dos seus carros, esse problema se torna algo relacionado diretamente a segurança.
Em 2022 foi notada a forma diferente como os pneus estão operando, além das escapadas na pista e da dificuldade para atingir a temperatura ideal, o consumo dos compostos também foi alterado. Em alguns casos, quando existe a necessidade de atingir a temperatura ideal rapidamente, o consumo do pneu eleva. Quando os pilotos conseguem um pouco mais de tempo para ‘amadurecer’ a goma, elevando a sua temperatura aos poucos, eles conseguem obter um funcionamento melhor dos pneus e por consequência, isso melhora a durabilidade. No México, Red Bull e Ferrari conseguiram trabalhar um pouco melhor com os seus pneus e nesta corrida foi possível realizar apenas uma parada.
Outro desafio para os pneus, também está na pressão definida para os compostos e da forma como ela influência na durabilidade. Quando estão em uma pressão muito baixa, isso destrói os compostos em algumas curvas.
A Pirelli aproveitará os testes de pós-temporada, para testar a versão final dos pneus de 2023 em Abu Dhabi. A fornecedora de pneus também gostou da oportunidade de testar os compostos durante o TL2, em uma sessão dedicada exclusiva para a avaliação dos compostos.
Acredita-se que essa será uma saída para 2023, principalmente por conta do número de corridas que vão acontecer no próximo ano, se tornando cada vez mais difícil manter as equipes por dois ou três dias adicionais fora de casa.
Para que a retirada dos cobertores aconteça no próximo ano, os times precisam colaborar com os testes e a Pirelli terá que proporcionar mais alterações na composição dos pneus. Se com uma singela mudança os pilotos reclamaram das saídas de frente e de como era fácil perder o controle dos carros, ainda temos um caminho pela frente, principalmente quando os times enfrentarem temperaturas mais frias.
Uma parte essencial para o desenvolvimento dos carros é compreender o comportamento dos pneus e a atuação dele. Porém, um carro de Fórmula 1 tem cargas aerodinâmicas diferente dos carros de Fórmula 2 e Fórmula 3, desta forma é um pouco mais complicado simplesmente fazer a retirada abrupta das mantas térmicas.