A introdução do regulamento de 2022, trouxe os carros de efeito solo para a nova geração de carros, mas isso resultou no ‘porpoising’. Durante as primeiras corridas do campeonato, os times acreditavam que o problema seria solucionado rapidamente, a introdução de novas peças e a mudança do assoalho fariam os carros não saltar.
A oitava etapa foi disputada no Azerbaijão, onde as golfinhadas voltaram a aparecer. Obviamente não são todos os carros do grid que sofrem com esse problema. A questão é que vários pilotos no pelotão estão reclamando dos saltos, das dores nas costas e também de lesões provocadas após três dias de atividade e ação repetitiva.
Nitidamente, Mercedes, Ferrari e McLaren são os carros mais afetados, mas os outros times como AlphaTauri, Alpine e Aston Martin também precisam lidar com essa questão, afinal, a cada nova corrida, os times estão tentando compreender o comportamento desses novos carros nos circuitos. Além disso as atualizações também são introduzidas para seguir com o desenvolvimento dos carros, modificando o seu comportamento quando elas são inseridas.
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— Views F1 (@ViewsF1) June 10, 2022
Carlos Sainz foi um dos pilotos a falar mais abertamente sobre os efeitos do porpoising na saúde dos pilotos. Lewis Hamilton deixou o W13 após o GP do Azerbaijão com fortes dores, enquanto Kevin Magnussen falou sobre uma lesão no final da coluna. George Russell disse que nos bastidores estão discutindo uma forma de solucionar o problema, mas isso implica uma mudança no regulamento. Pierre Gasly da AlphaTauri disse que a FIA precisava encontrar uma solução “para nos salvar de acaba com uma bengala aos 30 anos”. Essa é uma das poucas vezes que vários pilotos acabam apoiando a causa.
Obviamente o ponto de vista da Red Bull é bem diferente e sabe que existem soluções, mas as outras equipes não conseguiram chegar nela. O time austriaco é o que está melhor lidando com o porpoising. Os taurinos são os atuais líderes do campeonato, com 80 pontos de vantagem para Ferrari. No ano passado o time teve a oportunidade de lutar pelo título de Construtores, mas essa é a primeira vez desde 2013 que eles têm uma chance palpável de faturar tanto o título de pilotos, como o de Construtores.
Como o apelo de alguns pilotos tem se tornado mais sério, agora existe uma preocupação nítida da Red Bull para que não ocorra uma mudança regulamentar durante o desenvolvimento do campeonato. A verdade é clara, o time não está preocupado com a saúde do restante do pelotão, principalmente quando o seu carro está operando bem, eles já proporcionaram ao RB18 várias modificações.
“O mais fácil é obviamente levantar o carro. Então, você sabe, a equipe tem a opção de fazer isso. Você tem uma escolha, não é? Você nunca deve guiar um carro que não é seguro. Mas acho que isso é mais para os técnicos, porque há alguns carros que tem problemas, e há alguns carros que tem poucos problemas”, disse o chefe de equipe da Red Bull, Christian Horner.
Se a FIA optar por alguma alteração, essas mudanças acabam atingindo todas as equipes do grid, desta forma todos os carros, sem exceção devem passar pela adequação . Quando esses procedimentos são realizados, o time que tinha um carro bom, pode encontrar novos desafios pela frente e até lidar com a perda de desempenho.
Na temporada 2020 a Mercedes tinha um carro dominante, mas com as regras introduzidas em 2021, afetou o seu projeto e impactou diretamente na filosofia do seu carro. Os regulamentos da temporada passada além de reduzir o downforce dos carros, também viu a necessidade de introduzir pneus mais resistentes. A Mercedes enfrentou vários problemas na pré-temporada e no começo do ano, algo que impactou diretamente no restante da temporada. O carro do time alemão enfrentava questões com o aquecimento dos compostos e teve a sua performance prejudicada.
“Então parece injusto penalizar aqueles que fizeram um bom trabalho, contra aqueles que talvez tenham errado um pouco a mira”, seguiu Horner.
Para os pilotos que estão em carros que são afetados com os saltos, tem se tornando cada vez mais desagradável guiar esses carros. Os times tem realmente a opção de levantar um pouco mais os carros, mas isso também acaba afetando diretamente a eficiência do efeito solo, perdendo assim a eficiência e a performance.
— Views F1 (@ViewsF1) June 12, 2022
Os competidores são acompanhados por preparadores físicos e fisioterapeutas, é claro que algumas terapias acabam aliviando as tenções após as atividades, mas a reclamação dos pilotos e suas preocupações estão ligados aos problemas que esses saltos vão acarretar a longo prazo.
“Claro que é. Quero dizer, veja, você pode notar que é desconfortável, mas há soluções para isso. Mas é em detrimento do desempenho do carro. A coisa mais fácil a fazer é reclamar da segurança, mas cada equipe tem uma escolha”, disse Horner.
“Acho que se existir uma preocupação genuína de segurança em todo o grid, então é algo que deveria ser analisado. Mas se estiver afetando apenas pessoas ou equipes isoladas, é algo com o qual essa equipe deve lidar”, afirmou Horner.
O regulamento implementado neste ano surgiu com a ideia de aproximar o pelotão e intensificar as disputas. O problema com os saltos só foi identificado quando os carros estiveram em pista, fugindo das simulações que foram realizadas nos túneis de vento e CFD. Agora as equipes que têm mais problemas, também estão limitadas pelos seus orçamentos, pois neste momento não é possível fornecer várias novas peças e identificar o que funciona ou não para solucionar esse problema.
Essa discussão deve durar por um certo tempo e uma medida só será tomada se os pilotos e suas equipes se unirem cobrando uma mudança da FIA ou até mesmo se algum competidor acabar lesionado e começar a perder eventos. Infelizmente se essas forem apenas reclamações realizadas à mídia, sem nenhum outro tipo de amparo, dificilmente algo mudará neste ano.
Alguns especialistas acreditam que a FIA possa rever o regulamento para a próxima temporada, mas em 2022 as coisas vão seguir da forma que estão.
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