A Fórmula 1 virou de cabeça para baixo após o anúncio de Lewis Hamilton guiando pela Ferrari em 2025. O britânico optou por utilizar a cláusula do seu contrato que permitia a quebra de contrato com a Mercedes, encerrando a sua parceria de onze anos com time ao final da temporada 2024.
No novo contrato estabelecido entre Hamilton e a Mercedes, o piloto tinha se comprometido com a equipe até o final de 2025 no verão de 2023. Algumas coisas mudaram em poucos meses após a assinatura do contrato.
No momento do anúncio, o time alemão esclareceu que Hamilton estava deixando a equipe, enquanto na sequência a Ferrari confirmou a contratação do inglês, mas os detalhes não foram especificados. O time italiano tentou cobrir o que a Mercedes não podia oferecer para Hamilton, garantindo a chance de ter um piloto com tanta experiência na equipe, principalmente neste momento que os novos regulamentos de motores vão entrar em vigor.
Agora com a pré-temporada sendo realizada no Bahrein, foi possível a imprensa conversar com Hamilton e tentar entender o que tinha acontecido em poucos meses e o motivo desta mudança repentina, quando o inglês tinha indicado que gostaria de se aposentar guiando pela Mercedes.
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“No verão assinamos e obviamente eu, naquela época vi o meu futuro com a Mercedes. Mas surgiu uma oportunidade no ano novo e decidi aproveitá-la”, confirmou o heptacampeão mundial.
“Eu sinto que foi obviamente a decisão mais difícil que eu tive que tomar. Obviamente estou na Mercedes há 26 anos, acho que eles me apoiariam e tivemos uma jornada absolutamente incrível juntos. Criamos histórias dentro do esporte e é algo de que tenho muito orgulho e estou muito orgulhoso do que alcançamos. Mas acho que no final das contas, estou escrevendo minha história e senti que era hora de começar um novo capítulo”, seguiu Hamilton.
Em outros momentos da carreira Hamilton já tinha abordado a possibilidade de guiar pelo time italiano, mas muitas perguntas eram desenhadas apenas com o sonho de uma hora o inglês defender a Ferrari.
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“Claro, acho que para cada piloto que cresceu, assistindo a história, assistindo Michael Schumacher em seu auge, provavelmente todos nos sentamos em nossas garagens e vimos o piloto no cockpit vermelho, imaginando como seria estar cercado assim pelo vermelho. Você vai ao GP da Itália e vê o mar de fãs da Ferrari de vermelho e não tem como não ficar admirado. É uma equipe que não tem tido muito sucesso ultimamente, desde 2007, e eu vi isso como um grande desafio. Sem dúvida, mesmo quando criança, eu costumava jogar [nos jogos] como Michael naquele carro, então definitivamente é um sonho e estou muito animado com isso”, comentou Hamilton.
Em sua ida para o time italiano, Hamilton trabalhará mais uma vez com Frédéric Vasseur, chefe de equipe da Ferrari há um ano. A dupla trabalhou junta durante a ascensão de Hamilton na base e mantiveram contato desde então. O inglês reconhece que o relacionamento deles foi um fator importante para aceitar o convite do time italiano.
“Tenho um ótimo relacionamento com Fred. Obviamente corri com ele na Fórmula 3 e tivemos um sucesso incrível na Fórmula 3 e também na GP2 e foi aí que começou a base do nosso relacionamento. Nós sempre mantivemos contato. Achei que ele seria um chefe de equipe incrível em algum momento e progrediria para a Fórmula 1, mas na época ele não estava interessado nisso”, disse.
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“Foi muito legal vê-lo entrar na equipe Alfa [Romeo] e quando ele conseguiu o emprego na Ferrari fiquei muito feliz por ele, acho que as estrelas se alinharam. Acho que isso realmente não teria acontecido sem ele, então estou muito grato e muito animado com o trabalho que ele está fazendo lá”, afirmou o inglês.
Hamilton segue para a Ferrari no próximo ano, mas também está pensando em seus projetos e no quanto o esporte precisa progredir com relação a diversidade. Ainda existe um caminho longo e o inglês sabe que as equipes podem fazer mais por essa transformação.
“Em primeiro lugar, estou imensamente orgulhoso do trabalho que realizamos na Mercedes. Desde 2020, fizemos grandes avanços para melhorar a diversidade dentro da equipe. Por exemplo, dentro do RH, temos um grupo diversificado e isso continuará além de mim, o que é algo que estou muito orgulhoso e como disse, tenho orgulho de a equipe ter avançado tanto”, confirmou Hamilton.
“Acho que estamos à frente de todas as outras equipes nesse aspecto, e ainda há muito trabalho em todo o esporte, sobre o qual estou falando constantemente com Stefano [Domenicali, CEO da Fórmula 1] e procurando trabalhar mais com a Fórmula 1. E, claro, você olha para a Ferrari, eles têm muito trabalho a fazer, então já priorizei isso ao falar com John [Elkann, presidente executivo da Ferrari] e eles estão superanimados para continuar a trabalhar nisso também.”
A Ferrari precisa melhorar em diversos aspectos, principalmente na questão da diversidade, mas o time foi um dos primeiros a engajar na causa das mulheres no automobilismo. No nível de competição a equipe não vence um campeonato de construtores desde 2008, quando o brasileiro Felipe Massa conquistou o vice-campeonato ao ser superado por Hamilton. O último título de pilotos conquistado pelo time italiano desde 2007, quando Kimi Raikkonen celebrou a sua conquista na Fórmula 1 à frente da Ferrari.
Perguntado se aprenderá italiano nesta sua passagem pela Ferrari, Hamilton mencionou as suas habilidades linguísticas – ou falta delas: “Em todos esses anos não consegui aprender nenhuma outra língua, mas é claro que com certeza irei. tentar. Lembro-me de quando estava andando de kart na Itália e consegui acertar algumas linhas, e espero que isso volte para mim rapidamente.”