Seguindo com o nosso flashback, vamos falar agora da segunda parte da tabela de construtores. As seis equipes da parte de trás do grid enfrentam problemas com punições, quebras, trocas de pilotos e um fraco desempenho que ajudam a explicar porque elas estão onde estão.
Virgin
A Virgin talvez seja a equipe que mais decepcionou antes da interrupção da temporada. Apesar de começar o campeonato com uma vitória arrasadora de Sam Bird em Diriyah, a Virgin não conseguiu manter o ritmo nas etapas seguintes. Bird acumula dois abandonos na temporada, sendo um deles por erro cometido no final do ePrix no México. O ponto extra conquistado pela volta mais rápida em Santiago não foi suficiente para contribuir muito no campeonato até aqui, mas pode ser decisivo em Berlim, quem sabe? Com dois décimos lugares (Santiago e Marrakesh), Bird decidiu deixar a Virgin e ir alçar novos voos na Jaguar, o inglês vai trocar de equipe pela primeira vez na categoria e será companheiro de Mitch Evans a partir da próxima temporada. Que bons ventos o levem!
A situação de Robin Frijns é ainda pior. O holandês conquistou um quinto lugar na etapa de estreia e só. São quatro corridas sem pontuar – ok, na Cidade do México ele foi atropelado por Nyck de Vries – mas a verdade é que Frijns não lembra o piloto que bateu [e venceu] Sam Bird no ano passado. Os resultados na pista são reflexo [ou consequência?] do que acontece fora delas, Frijns anda constantemente emburrado e mais contido. Dizem por aí que ele tem tido conversas nada amigáveis com o RH da equipe. Ano que vem terá Nick Cassidy na garagem ao lado, o novato vem com todo o gás para mostrar serviço, é bom Frijns abrir os olhos.
Venturi
Assim como a Jaguar, a Venturi também pontuou em todas as etapas com pilotos alternados. A diferença para a Jaguar é que um dos pilotos é responsável por apenas dois dos 34 pontos conquistados até então. O nono lugar de Felipe Massa em Santiago foi o melhor resultado atingido pelo brasileiro nesta temporada. Ok, ele poderia ter feito melhor se não tivesse sido abalroado pelo companheiro de equipe no mesmo ePrix, mas mesmo assim, a diferença para Mortara é gritante.
O suíço abandonou a corrida de Santiago, mas pontuou em todas as outras, com destaque para o 4º lugar na segunda corrida em Diriyah. Mortara tem consigo se manter entre os primeiro colocados durante as corridas, seu pior resultado foi o 8º lugar no México, além do abandono. Ele tem dado bastante trabalho a Felipe Massa, resta saber até quando a Venturi vai ser paciente com esses resultados.
Porsche
O ano de estreia da Porsche tem sido bem inconstante, o que pode até ser esperado para um ano de estreia, dada a pouca experiência da equipe na categoria. O começo da temporada foi surpreendente para boa parte do público, o pódio de Andre Lotterer na primeira corrida de Diriyah elevou as expectativas de todos. Após um árduo trabalho para entrar na Fórmula E, a Porsche poderia surpreender. Mas a realidade bateu à porta nas etapas seguintes: duas corridas consecutivas sem pontos e uma pole position no México que virou um abandono no final das contas.
A montanha-russa da Porsche é comandada por Andre Lotterer, são deles todos os pontos conquistados pela equipe. A saída de Neel Jani é dada como certa pela imprensa estrangeira, diversos veículos publicaram que ele será substituído por Pascal Wehrlein assim que a temporada acabar. Aparentemente um bom negócio para a Porsche, já que não dá muito para defender Neel Jani.
Mahindra
Cada vez mais longe do topo da tabela, a Mahindra vive uma situação delicada na Fórmula E. O fraco desempenho da equipe fez com que Pascal Wehrlein deixasse a equipe durante a paralisação, logo após o fim do Race At Home. Mesmo quando conseguem se classificar bem, o carro não consegue manter o ritmo durante as provas e despenca nas posições. A exceção de Santiago, quando Wehrlein largou e chegou em 4º, nas outras provas o carro não rendeu.
Se Pascal está indo rumo à Porsche, D’Ambrosio pode estar de saída da equipe. O belga não conseguiu acompanhar o desempenho do ex-companheiro alemão e é mais um que pode estar com a vaga em risco. A Mahindra aliás vai ter um trabalho dobrado para conseguir uma nova dupla de pilotos. O substituto de Wehrlein é Alex Lynn que passou pela Virgin e pela Jaguar e nunca conseguiu grandes resultados em nenhuma dessas equipes. O team principal Dillbagh Gill terá noites difíceis pela frente.
Dragon
Falar da Dragon é complicado, principalmente porque a equipe teve corridas tão apagadas que não há muito o que dizer. O nono lugar de Brendon Hartley na segunda corrida de Diriyah foi o melhor resultado do time de Jay Penske. Brendon, aliás, foi outro que pulou do barco, vai priorizar sua carreira no WEC – categoria em que é bicampeão. Com a saída de Hartley, quem ganhou um lugar na Fórmula E foi Sérgio Sette Câmara, o brasileiro já foi anunciado pela equipe como novo piloto da equipe para o Festival de Berlim.
Nico Muller segue tentando. Sem pontos, dois abandonos, resultados difíceis. Houve uma brecha para uma promoção na Audi depois da saída de Daniel Abt da equipe, mas não deu para Muller, a equipe alemã preferiu outro piloto DTM para ser companheiro de Lucas di Grassi. Resta saber se a equipe conseguirá evoluir com a nova dupla.
Nio
A equipe chinesa deu sinais de uma possível evolução esse ano. Oliver Turvey até conseguiu se classificar bem em algumas corridas, o ponto alto seria o 7º lugar na segunda corrida na Arábia Saudita. Seria do verbo Turvey-foi-desclassificado-da-prova-por-exceder-a-velocidade-durante-a-full-course-yellow. Uma pena.
Mas o real problema da equipe da equipe se chamava Ma Qinghua, o piloto chinês conseguia andar mais lento que o próprio carro – chegou a ficar três segundos atrás de Turvey. Sem falar nas inúmeras punições acumuladas durante as cinco provas iniciais. Mas para fazer justiça a Ma, ele só tem um abandono até agora. Mas provavelmente o abandono final já tenha acontecido, a Nio anunciou que o chinês não estará em Berlim “por restrições de viagem devido à pandemia” e contratou Daniel Abt como substituto. Será que vai dessa vez?