Com o GP da Bélgica, a Fórmula 1 recebeu uma enxurrada de críticas depois das decisões que foram tomadas no domingo para a execução daquela corrida. Por conta das fortes chuvas que tomaram a região, a corrida teve o seu início atrasado e depois aquelas fatídicas voltas atrás do Safety Car após mais de 3 horas de evento.
A atitude tomada neste último fim de semana, foi apoiada pelo atual regulamento esportivo da categoria, o Artigo 6.5 menciona que se o líder completar ao menos duas voltas – não mencionando em quais condições – a metade da pontuação é válida.
“Se uma sessão da Sprint Qualifying ou corrida for suspensa de acordo com o Artigo 50, e não puder ser realizada, nenhum ponto será concedido se o líder tiver completado duas voltas ou menos, metade da pontuação será concedida se o líder completou mais de duas voltas, mas menos de 75% do Sprint Qualifying ou distância da corrida e a pontuação total será concedida se o líder tiver concluído 75% ou mais da sessão de qualificação de sprint original ou distância da corrida.”
O fato é, que duas voltas não deveriam ser consideradas uma corrida, portando o resultado da prova foi alvo de críticas. Se levar em consideração, o Safety Car presente na pista, também deixou as voltas neutralizadas, impedindo qualquer ultrapassagem.
LEIA MAIS: Raio-X: considerações sobre o não-GP da Bélgica
O CEO da McLaren que costuma comentar sobre esses ocorridos, através de vídeo falou com o público da categoria. A gente queria correr, os pilotos queriam correr, vocês queriam ver uma corrida. Não foi o que vimos. É uma situação muito difícil, e que exige algumas explicações. Acho que a FIA fez tudo que podia para ter uma corrida, e é óbvio que não é possível controlar o clima. A segurança dos pilotos vem em primeiro lugar e não dava para correr. O regulamento determina que dá para considerar uma corrida após algumas voltas, e isso precisa ser revisado.”
O GP da Bélgica conta com 44 voltas, um dos traçados mais longos que a categoria tem em seu calendário. Duas voltas não representam nada perto de uma da quilometragem necessária para se realizar uma prova, portanto a necessidade da mudança do regulamento está mais do que certa.
A segurança tem que ser preservada, mas também é necessário pensar no evento. Como atualmente a categoria não consegue adiar uma corrida por conta do calendário extenso, em uma situação como essa, é necessário ter outras coordenadas que permitam agir.
“Ninguém afirmaria que era seguro correr nesse clima, mas precisamos de uma solução melhor quando esse tipo de situação acontecer. O resultado não pode ser de uma corrida após três voltas atrás de um Safety Car. É isso que o regulamento diz, mas acho que isso precisa ser revisado por todos nós”, afirmou Brown.
Por meio de um comunicado no Twitter, o presidente da FIA Jean Todt, disse que o assunto será debatido na próxima reunião da Comissão da Fórmula 1: “O Grande Prêmio da Bélgica deste ano apresentou desafios extraordinários para o Campeonato Mundial de Fórmula Um da FIA. As janelas meteorológicas previstas pelos meteorologistas não apareceram ao longo do dia e, embora uma pequena janela tenha aparecido no final do dia durante a qual houve uma tentativa de iniciar a corrida, as condições pioraram rapidamente de novo.”
“Portanto, devido à falta de visibilidade criada pelo spray atrás dos carros, não pudemos toda a corrida em condições seguras para os pilotos, comissários, bem como para os bravos espectadores que esperaram muitas horas na chuva, por quem sinto muito”, seguiu Todt.
“Os comissários da FIA, com base nas disposições do código esportivo internacional, pararam a competição para ganhar mais tempo e, portanto, aumentar as chances, para dar aos fãs uma corrida de F1. Apesar desses esforços, a corrida não pôde ser iniciada após as voltas do Safety Car, e os regulamentos existentes foram corretamente aplicados.”
“A FIA, junto com a Fórmula 1 e as equipes, revisará cuidadosamente os regulamentos para ver o que pode ser aprendido e aprimorado no futuro. As conclusões, incluindo o tópico de distribuição de pontos, serão discutidos na próxima reunião da Comissão F1 em 5 de outubro”, concluiu Todt.
Com tudo o que vimos no domingo, a corrida de certa forma não teve um início, pois aquelas primeiras voltas foram dadas como formação do grid e pouco depois o regime de bandeira vermelha foi instaurado.
Na história da Fórmula 1, outros eventos já sofreram interrupções dando metade dos pontos, mas este é um dos casos em que não pareceu muito justo, ainda que tenham feito uma manobra para usar a regra do atual regulamento.
O GP da Austrália de 1991 é a prova mais curta considerada na Fórmula 1, Ayrton Senna venceu a corrida com 14 voltas que também foi paralisada em decorrência da chuva.
Não sobram dúvidas que apenas a única volta válida do GP da Hungria, pode ser considerada uma corrida e estão todos certos em cobrar mudanças. No entanto, acredito que a regra só deve ser alterada para o próximo ano, quando um novo ciclo da Fórmula 1 terá início.
Escute o nosso podcast!
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!