Max Verstappen venceu o GP da Hungria e chegou à marca de 44 vitórias na Fórmula 1, além da nona conquista na temporada 2023. A pole da etapa foi conquistada por Lewis Hamilton, mas poucos metros após a largada, Verstappen já era o líder da corrida e estabeleceu uma distância segura.
O piloto holandês trabalhou com a estratégia de duas paradas, popular pelo pelotão e aposta inicial da Pirelli, mas a sua escolha foi baseada na utilização de um jogo de pneus médios para a largada, um stint de pneus duros e outra rodada com os compostos médios para o final da prova.
Esse fim de semana a Fórmula 1 e a Pirelli trabalharam com um novo formato de classificação, a alocação alternativa de pneus entrou em vigor, alterando a quantidade disponível de compostos para o fim de semana, além de determinar que o Q1 deveria ser realizado com pneus duros, o Q2 com pneus médios e o Q3 com compostos macios.
Considerações sobre esse formato de Classificação
A Fórmula 1 tem buscado meios mais sustentáveis para lidar com as corridas. Além disso, com a possibilidade de novas equipes entrando no grid da categoria nos próximos anos, é interessante reduzir a quantidade que cada uma das equipes trabalha individualmente, pois fica um pouco mais fácil manejar a fabricação e entrega de compostos.
Seja para a Pirelli ou para outras fornecedoras de compostos, a distribuição dos pneus e a produção podem sofrer alterações com a chega de novos times, já que a produção precisaria ser ampliada para atender os novos competidores. A redução faz sentido, mas a configuração da classificação não foi muito satisfatória.
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No entanto, essa escolha de definir os pneus que são usados em cada fase da classificação, não é algo que aproxima os times, na realidade acaba por punir as equipes menores. Geralmente as equipes que têm os carros mais equilibrados e bem construídos, conseguem trabalhar com os compostos independente do pneu utilizado.
Mesmo com a eliminação de George Russell no Q1 e a de Carlos Sainz no Q2, não foi realmente algo que mexeu com a ordem do grid, no entanto, colaborou Alexander Albon não conseguir chegar com a Williams no Q3 ou faturar uma posição melhor para a largada.
A Alfa Romeo não é uma equipe grande, mas participou do Q3 com os dois carros. A conquista acontece em parte pelas atualizações da equipe funcionarem na Hungria, mas também pela eliminação de competidores que de certa forma participam da última fase da classificação com mais frequência. A Ferrari também tinha o ar meio perdido durante a sessão e colaborou para um resultado apagado, em uma pista que se acreditava em um bom desempenho da equipe italiana.
Esse formato de classificação e alocação diferenciada será trabalhada também no GP da Itália. Pode ser implementado já na próxima temporada.
As mudanças não foram vistas com bons olhos pelos pilotos e gerou alguns comentários, principalmente por ter atrapalhado o trabalho das equipes na sexta-feira, quando estavam focados na coleta de dados. Com menos jogos de pneus disponíveis e precisando pensar na classificação que aconteceria no sábado, eles não ficaram queimando os pneus em verificações e focaram, mas nos stints maiores voltados para a simulação de corrida.
A prova na Hungria e os pneus da rodada
É interessante ressaltar que o GP da Hungria desse fim de semana foi disputado com os times trabalhando com a gama mais macia de pneus. Nos últimos anos as equipes estiveram acostumadas a usar a gama intermediária de pneus e mesmo com a pista não sendo tão abrasiva, geralmente as temperaturas são altas, afetando diretamente o desempenho dos compostos.
Os freios também sofrem nesse traçado e isso também implica na forma como os pilotos vão trabalhar com os pneus.
Olhando para as estratégias que foram trabalhadas na Hungria, grande parte do grid trabalhou principalmente com os pneus duros, por conta da sua durabilidade e performance. Foram nessa zona de segurança para evitar problemas e não precisar partir para uma estratégia com três paradas.
A escolha para Max Verstappen, foi a mesma da McLaren para Lando Norris, embora a combinação escolhida pela equipe britânica foi definida para proteger Norris de um ataque de Lewis Hamilton. O piloto da Mercedes também começou a corrida com os pneus médios, seguiu para um stint de pneus duros após a volta 16 e voltou aos boxes para instalar outro jogo de pneus médios próximo do final da corrida durante o giro 49.
Sergio Pérez que começou a prova ocupando a 9 posição, fez uma ‘prova de recuperação’, chegou ao pódio para faturar o terceiro lugar em uma estratégia um pouco diferente, o piloto mexicano começou a corrida com os pneus duros para permanecer mais tempo na pista, enquanto trabalhou com dois jogos de pneus médios na segunda parte da prova.
A estratégia de Pérez foi bem próxima da escolha que a Mercedes fez para George Russell, mas como o britânico ficou preso no Q1, ele contava com um pneu duro novo e ainda fez dois stints com pneus médios novos. Russell conseguiu superar a dupla da Ferrari, Carlos Sainz aconteceu na pista, enquanto o britânico herdou o sexto lugar de Charles Leclerc, pois o monegasco foi punido no final da prova.
Ao longo da corrida foi possível observar o undercut, ele aconteceu uma vez na McLaren, durante a primeira parada realizada com Lando Norris e Oscar Piastri. O piloto australiano estava à frente do companheiro de equipe, mas Norris teve a prioridade para realizar a parada nos boxes, pois o time estava tentando se defender de Lewis Hamilton.
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A equipe explicou a forma como lidaram com esse undercurt e que a escolha não era para favorecer Lando Norris, embora o piloto britânico tenha apresentado mais ritmo depois que a troca de pneus aconteceu.
Na Ferrari os pilotos também lidaram com o undercut, Carlos Sainz foi devolvido para a pista à frente de Charles Leclerc na primeira parada. A ordem foi invertida na segunda troca de compostos. No entanto, a estratégia da Ferrari foi muito estranha, Sainz começou a corrida de pneus macios, alongou a sua parada e fez a troca de pneus na volta 15, dois giros depois foi a vez de Leclerc entrar nos boxes. O espanhol pressionou o monegasco no primeiro stint, mas a Ferrari achou mais prudente manter um piloto que estava de pneus macios, atrás do competidor que estava de pneus médios.
A corrida da dupla da Ferrari foi equalizada nos outros stints, com Leclerc e Sainz operando dentro da mesma estratégia de pneus duros. O ritmo que já não era bom na classificação, também não foi bom na corrida. Foi inevitável mais uma vez nessa temporada perder posições para a Mercedes. Os pilotos estavam indignados com o resultado depois que a corrida acabou e as escolhas do time em mais uma etapa.
A briga no meio do pelotão foi intensa. Como o Safety Car não apareceu nessa corrida, uma troca adicional ou uma escolha mais ousada não marcou a corrida. Ao final da prova, esperavam uma terceira parada para os últimos colocados, mas com o ritmo das disputas se estabilizou, ninguém foi para os boxes outra vez.
Max Verstappen reclamou um pouco dos pneus ao longo da corrida, mas no encerramento da prova afirmou que o desempenho do seu carro era bom com quaisquer compostos e ele gostaria de ter tentado os pneus macios no final da prova. O holandês terminou a corrida com mais de 33 segundos de vantagem para Lando Norris.
C3 (faixa branca – duros): colaboraram e muito para a estratégia de vários competidores nessa corrida. Resistiram ao calor intenso na Hungria e colaboraram para ter um ritmo mais digno com o andamento da corrida.
Aqueles pilotos que conseguiram completar o Q1 sem usar os seus três ou dois jogos de pneus duros, tiveram um composto novo para usar ao longo da corrida. Verstappen, Pérez, Leclerc, Sainz, Russell, Hamilton, Norris, Piastri, Alonso, Sargeant e Albon salvaram ao menos um jogo desse novo para usar na corrida.
Apenas Russell e Pérez começaram a corrida com os pneus duros, precisaram lidar com adversários que estavam usando principalmente os pneus médios, mas colaborou para permanecer um pouco mais de tempo na pista, antes de fazer a substituição dos compostos por pneus mais rápidos.
C4 (faixa amarela – médio): com a possibilidade pequena de trabalhar com os pneus macios, os compostos médios eram os mais indicados para trabalhar ao longo de toda a corrida. Estiveram presentes na estratégia de vários competidores para o início da corrida, mas também foram protagonistas no final da prova.
Do primeiro ao sexto colocado, todos os pilotos escolheram os pneus médios para realizar o encerramento da prova.
C5 (faixa vermelha – macios): não eram pneus tão populares para o começo da corrida, principalmente por conta das temperaturas em pista, mas foram bem promissores para a largada de Carlos Sainz e ajudou ao piloto espanhol conquistar várias posições depois do início da prova. O espanhol foi beneficiado com a queda da Alfa Romeo, aproveitando para escalar o pelotão rapidamente.
No entanto, Lance Stroll e Tsunoda foram forçados a realizar suas paradas ainda no início da prova, com apenas nove giros. Sainz conseguiu gerenciar os compostos e ir um pouco mais além. Tsunoda trabalhou com todos os pneus disponíveis para o fim de semana.
Na AlphaTauri trabalharam com uma estratégia diferente para Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo. No início da prova o piloto japonês pode se arriscar mais e ganhar posições como Sainz, mas o restante da corrida não aconteceu como esperado. A escolha para Daniel Ricciardo foi mais efetiva, o piloto australiano não terminou na zona de pontuação, mas faturou a décima terceira posição, Tsunoda foi o décimo sexto.
Destaque para a corrida de Ricciardo, já que o piloto completou 40 voltas com os pneus médios.