Na temporada passada, exatamente no GP da Hungria que foi a terceira corrida do ano, acabei publicando uma Crônica: WeRaceAsOne?
Pouco mais de um ano depois, a resposta para a minha pergunta (que é a mesma de outras pessoas), é não! Mas estamos caminhando, dando um passinho de cada vez, ainda precisando cobrar muito respeito e espaço.
O GP da Hungria acabou trazendo a pauta LGBTQIA+ para a superfície, principalmente após todas as restrições implementadas pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. Em junho o país aprovou medidas como proibir ‘propagandas homossexuais’, além de colocar a homossexualidade no mesmo patamar que a pedofilia, o que causou revolta em parte da população.
Sabendo delas dois pilotos se manifestaram de várias formas durante o fim de semana do GP. Vettel e Hamilton utilizaram a própria visibilidade que a categoria tem, tanto para outros países, como dentro da Hungria para levar a mensagem (o amor é livre, precisamos de respeito). Para alguns um simples arco-íris no capacete estampado em um tênis, em uma camiseta e em uma máscara pode não ser muito. Mas acaba já dando uma visibilidade para uma comunidade que por diversas vezes não é lembrada. Tendo voz dentro e fora da categoria, aos pouquinhos alguns pilotos estão usando o seu espaço para falar sobre o tema, mostrando que este grupo, assim como vários outros precisam de respeito e estão buscando-o. Não podemos mais tolerar qualquer forma de abuso.
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Os protocolos…
Após o encerramento do GP da Hungria, Sebastian Vettel foi repreendido por não seguirem os protocolos pré-corrida. Vettel estava durante o hino com uma camiseta que tinha as cores do arco-íris além de ‘Same Love’ ou ‘Amor Igual’, em tradução livre. O piloto da Aston Martin não foi o único a ser reeprendido pelo mesmo motivo. Carlos Sainz, Veltteri Bottas e Lance Stroll também não tiraram a camiseta oficial da campanha e foram chamados pelos comissários para se explicarem.
Como a Fórmula 1 é formada por protocolos a categoria acaba pautando tudo com normas além do tempo para a execução de todas as coisas antes do início da corrida, mas também depois do seu encerramento. A Fórmula 1 não estava proibindo uma manifestação, já que acaba fornecendo espaço para que os pilotos possam mostrar apoio ao We Race As One, mas durante a execução do hino dos países a categoria cobra que os pilotos estejam com os trajes de corrida (macacão).
Os pilotos repreendidos por não seguir as instruções afirmaram que ficaram com elas por conta da chuva que acabou chegando ao circuito instantes antes do início da prova. Mas Vettel estava aproveitando todos os momentos para dar espaço e visibilidade para uma causa.
“Eu mantive a camisa durante o hino nacional para apoiar as pessoas que sofrem nesse país. Eles fazem leis que, ao invés de proteger crianças, provavelmente ameaçam e comprometem o crescimento”, comentou Vettel. E quando perguntado sobre a repreensão, o piloto da Aston Martin foi taxativo: “Eles podem fazer o que quiserem comigo, eu não me importo. Farei de novo.”
Bom, o questionamento sobre ‘Corremos como Um’ e as mudanças internas, além da cobrança pela diversidade são válidas, pois ainda vemos que o preconceito, assim como a falta de representatividade no esporte é algo que precisa ser falado e pautado.
A categoria não fez muito por essa comunidade e só agora algumas iniciativas começaram a surgir, principalmente atrelados a diversidade, mas eles ainda estão aprendendo com o seu público, que vai se renovando com o começo de uma nova temporada.
Mas só quando pilotos importantes (um heptacampeão mundial, além de um tetracampeão) tocaram no tema e mostraram que medidas podem ser tomadas, a transformação e os questionamentos começaram a ser feitos. Algo que até pouco tempo atrás sequer era falado.
Ainda não ‘Corremos como Um’, mas estamos dando passos, para correr e defender os direitos.
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