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Crônicas de Montreal – Uma gata e as Mariposas no parque

A Emily tem essa mania de ver um programa engraçado, onde os carros ficam fazendo ”zum, zum” e ela vibra por eles. Não entendo muito bem, mas para ela, é como se fosse uma alegria semelhante a que eu sinto, quando ela me deixa brincar com aqueles ratos de borracha. Ela sempre compra os melhores brinquedos.

Confesso que eu gosto desses carrinhos que passam velozes por aquele objeto que ela chama de teve. Eu fico balançando a cabeça quando eles passam e as vezes ela acha muita graça, mas eu faço isso porque ela sabe que eu gosto de ficar com ela e além disso posso usar a minha imaginação e ver eles como pequenas mariposas… É ISSO ELES SÃO BELAS MARIPOSAS VOANDO EM VOLTA DA LUZ!

Não é o momento em que ela mais ficar parada… pelo contrário, ela se mexe, pula e as vezes até me faz correr para longe. Mas dá para perceber o quanto ela está feliz, eu sinto o coração dela disparar e o cheiro peculiar que fica no ar, sempre que ela assiste isso, mexe comigo por dentro e eu também fico feliz.

Quando ela se senta para assistir isso, ela fala: ”Melzi, vai começar, vem meu amor, fica comigo!!!” Em alguns momentos eu me faço de difícil, afinal eu sou um felino fenomenal e as vezes não custa nada elevar a minha autoestima, no entanto pouco tempo depois eu me aninho ao lado dela, onde ela passa os dedos pelo meu pelo macio e eu logo começo a prestar atenção naquele show.

No último final de semana, eu percebi o quanto as emoções dela oscilaram… Ela gritou, torceu, ficou nervosa e em um momento eu precisei consolar ela. Às vezes eu não entendo o porquê dos humanos se apegarem a algo que machuca muito… Bom é melhor não questionar muito né? Afinal as vezes parece que o que ela sente por mim, um dia também pode machucá-la.

Bom, mas enfim… Eu sei o quanto Emily torce para o Sebastian Vettel, desde 2009 ela tem fotos dele pregadas pelas paredes, papel de parede no telefone e outras coisas que ela chama de miniaturas e dá vários berros quando eu penso em passar a minha pata super macia em cima delas. Eu só quero brincar, ué!

A Emily neste domingo acreditou em uma vitória desse Vettel aí, nossa ela não falava de outra coisa, era comigo ou mandando áudio para o pessoal. Ela realmente acreditava.

Ela estava preparada para a batalha, com camiseta e boné, gritando horrores e fazendo preces para que tudo desse certo.

Não entendi muito bem, quando ela colocou as mãos na cabeça e começou a gritar: ”Não, não, não!!! Vettel assim não”. E logo depois veio uma cacofonia de sons em que eu não sou capaz nem de citar, mas parecia que doeu muito, como quando ela bate o dedinho dos pés em algum móvel.

Só sei que ela ficou extremamente chateada com o resultado da prova, eu percebi que o Vettel cruzou aquela coisa que se chama linha de chegada, mas ao que tudo indica ele não venceu não. Esses esportes são muito complicados, eu prefiro só ficar balançando a cabeça de um lado para o outro mesmo e fingindo que entendo tudo.

Bom, foi o Hamilton, aquele outro piloto, que venceu no final das contas. Parece que foi um grande bafafá.

Mas eu ainda pude ver a Emily gritando por algo que o Vettel fez, como mudar as placas. Nossa essa menina gritava como uma louca, até pensei em ir dar uma volta, mas queria saber para onde tudo isso estava se encaminhando e se ela estaria bem para servir o meu café da tarde.

Por fim ela comemorou essa atitude, mas ainda ficou chateada com o resultado. Logo depois ela começou a falar sobre decisão da FIA e olha eu espero que não seja uma nova marca de ração úmida, porque acho que não vai ser muito gostosa!

Eu fiquei prestando atenção em coisas como ”o Hamilton não teve culpa”, ”o Vettel não merecia passar por isso”, ”que situação chata colocaram esses dois”, ”eu teria feito igual a ele”… Até que o sono chegou e eu decidi que era melhor deixar ela falando com aquela tela pequena, já que não estava recebendo carinho na barriga, então era hora de dormir.

Me aconcheguei no canto do sofá e apaguei logo depois de escutar algumas palavras ao longe, ”Daqui quinze dias, tem mais!!!”

lll Art: Bupply.com

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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