O mundo das corridas está se reinventado neste período de quarentena. Com todos os calendários suspensos e bastante gente no backstage trabalhando para que, talvez, ainda em 2020, tenha corridas no mundo real, o mundo virtual se agitou e levou os amantes do automobilismo a se atentarem mais para os calendários dos simuladores. A partir do dia 2 de Maio, a Porsche TAG Heuer Esports Supercup vai ligar os motores, e tem brasileiro no grid. Jeff Giassi, campeão da Porsche Esports Carrera Cup Brasil, será o único a carregar as cores verde amarelo e disputará com grandes nomes, como Max Verstappen, representante da Holanda na F1. Confira na íntegra o papo que o Boletim do Paddock bateu com o piloto de corridas virtuais:
lll BOLETIM DO PADDOCK: Como a trajetória nas corridas virtuais começou?
lll JEFF GIASSI: Quando eu comecei a minha trajetória nos simuladores, eu corria de kart. Eu tive o meu primeiro contato com simulador, simulador mesmo, sem ser jogo de corrida ou sem levar muito a sério, quando eu me interessei em ter um simulador de kart. Claro, tudo era muito robusto, mas eu já sentia que tinha alguma coisa ali que eu poderia converter depois para o mundo real e poderia usufruir daquilo de alguma forma. Fiz amigos que levo até hoje e que me apresentaram as corridas que tinham e me convidavam para participar de alguns eventos, e vi que tudo era muito levado a sério. Foi assim que eu iniciei. Conheci as pessoas certas que me levaram para o mundo virtual.
lll B.P.: Por que você escolheu o mundo dos Esports?
lll JEFF: Eu escolhi o mundo do Esports para que eu pudesse me desenvolver mais como piloto, independente de ser piloto real ou virtual. Eu queria desenvolver a minha pilotagem e a minha tocada… Eu sempre vi o automobilismo virtual como algo que me traria coisas boas. Não coisas concretas… Pelo menos até onde eu imaginava… Mas eu sabia que ia aprender muito. Então eu escolhi na intenção de tirar o melhor disso e se tiver alguma forma que eu possa continuar dando o meu melhor, seja em uma pista real ou no circuito virtual, essa sempre vai ser a minha opção. Evoluir como piloto sempre vai ser meu objetivo.
lll B.P.: Você já dirigiu carros em autódromos?
lll JEFF: Já pilotei carros em autódromos. Já pilotei em Interlagos, Piracicaba e Silverstone. Nos autódromos de Interlagos e Piracicaba foram os locais onde eu consegui todas as minhas vitórias até hoje. Na época eu corria pela Fórmula-Vee, em 2018. Logo em seguida, fui para Silverstone participei de uma competição para conseguir uma bolsa para correr na Fórmula Ford britânica, e passei perto de conseguir essa bolsa. Mas foi uma boa experiência. Eu pude conhecer o autódromo, pude pilotar carros lá – não pilotei o Fórmula Ford – mas pilotei carros em Silverstone, então a experiência foi muito boa. E, claro, a melhor experiência da minha vida como piloto, sem sombra de dúvidas alguma, foi no final do ano passado, após vencer o campeonato da Porsche Esports Carrera Cup Brasil. O prêmio foi eu poder pilotar um Porsche Carrera 911 de verdade e pilotá-lo em Interlagos. Então esse foi o melhor momento da minha carreira, sem sombra de dúvidas.
lll B.P.: Você pretende deixar os simuladores para se dedicar integralmente a uma carreira fora deles?
lll JEFF: A minha intenção vai ser continuar durante toda a minha carreira com os simuladores, sem sombra de dúvidas. Porém, meu sonho sempre foi e vai continuar sendo um piloto real. Inclusive, depois que eu venci esse campeonato da Porsche Esports Carrera Cup Brasil, depois de vencer a classificatória para o Mundial em Interlagos, a Porsche entrou em contato e já temos uma corrida marcada no mundo real, que serão os 500km de Interlagos. Então, não só pretendo ir para o automobilismo real, como já tenho uma corrida de Porsche marcada (risos). Então eu fico muito feliz com isso. É um sonho que está se realizando e vou continuar nos simuladores. Pretendo que após esta corrida, venham mais e mais etapas.
lll B.P.: Como tudo começou na Porsche? Por que escolheu a categoria?
lll JEFF: Começou no início do ano passado, quando foi inaugurado o campeonato Mundial da Porsche no iRacing. Eu acompanhei tudo e achei muito interessante. Achei até mais legal que os campeonatos mundiais anteriores que não tinham essa marca, e, de repente surgiu o campeonato brasileiro, o Porsche Esports Carrera Cup Brasil. Comecei bem, conquistando o terceiro lugar e foram surgindo cada vez mais oportunidades, inclusive de trabalho. Fui trabalhar na cronometragem e pude conhecer as coisas por dentro e ver como tudo funcionava, e, tudo superando as minhas expectativas de forma disparada. Não foi pouco, não, foi muito qualquer expectativa que eu tinha. Saí de lá muito feliz. Eu pude conhecer as pessoas e saber como o evento funciona. Voltei para o campeonato brasileiro no iRacing e fui ter o meu dia pilotando o Porsche na pista de verdade e fiquei somente 6 décimos do instrutor. Eu fiquei muito feliz com aquilo e vi o quanto eu consegui extrair do simulador para o real. E continuei na luta, indo atrás. E surgiu a classificatória para o campeonato mundial, onde depois de ter levado o título brasileiro, me perguntei se eu conseguiria uma vaga. E fui para a classificatória, venci a etapa de Interlagos, e recebi uma ligação do Guilherme. Ele é da Porsche e perguntou se eu tinha algum tipo de interesse de levar a ideia adiante, tentar me inserir no meio para eu ser um piloto Porsche. E eu falei que não havia dúvidas! Eu disse que ele poderia sim e me sentia muito honrado. As coisas foram andando e foi aí que a proposta veio, que era levar o carro deles no campeonato mundial. E isso foi assim que eu consegui a minha vaga. Eu vou levar o carro deles no Mundial e em troca, eles me fariam preparações o ano inteiro para eu ser um dos pilotos no grid dos 500km no final do ano. Parece que eu estou sonhando até hoje. Com o pouco de experiência que eu obtive no automobilismo real e a experiência que eu tenho no automobilismo virtual, eu pude ver a coisa como um todo, digamos assim. E é nítido, no mundo inteiro, o apoio concedido pela Porsche Cup Brasil e pela Porsche Mundial. É gritante a diferença de suporte vindo da Porsche e vindo fora dali. O que todos fazem não chega perto do que a Porsche tá fazendo. Então, para mim, esse foi o motivo de eu ter escolhido a categoria. É onde 90% das oportunidades estão.
lll B.P.: Como você se sente em saber que será o único brasileiro no Porsche TAG Heuer Esports Supercup, onde teremos pilotos como Max Verstappen compondo o grid?
lll JEFF: Para mim, sem dúvidas, é a pergunta mais difícil de responder. É uma grande honra estar no campeonato. Pessoas que eu admirava e usava como referência, vibrava e torcia, estão alinhadas comigo e correndo atrás do mesmo objetivo, que é participar do Mundial. Você vê essas pessoas do seu lado, na sua frente e no seu retrovisor, é uma sensação incrível. Você estar no meio de pessoas que você sempre admirou é incrível. Levar a bandeira do Brasil neste campeonato é uma grande responsabilidade que eu sinto. Se você pegar todos os campeonatos, não só de Esports, que o Brasil participou, a bandeira brasileira sempre foi muito bem vista. Então eu me sinto nessa obrigação de continuar com essa imagem e mostrar o porque a gente veio.