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Copa do Mundo e Fórmula 1: Quando não dá para ser feliz o tempo todo

Dois dos maiores eventos do esporte mundial possuem uma relação bem curiosa, na qual a alegria de uma nação em uma modalidade não se reflete na outra

A Copa do Mundo de futebol, assim como as Olimpíadas, são eventos esportivos que geram uma comoção mundial e atraem a atenção dos povos por todo o globo. Afinal, a cada quatro anos, as pessoas se mobilizam para ver as suas nações representadas por muitos dos melhores jogadores do planeta, defendendo seus respectivos países, em busca de se eternizar na galeria dos campeões do mundo.

Dentro dessa premissa, a Fórmula 1 sempre seguiu à risca se espelhar nessas competições para ser um evento global reconhecido pelas pessoas. Não à toa, Bernie Ecclestone falava que cada grande prêmio era “Uma Copa do Mundo a cada duas semanas”. Ao longo da história, são muitos causos contados unindo os dois eventos dentro e fora das pistas e dos campos, com personagens de ambas as modalidades. Afinal, há um objetivo em comum: Ser o melhor entre os melhores, estar no topo do mundo. 

Com tantas pessoas envolvidas pelas torcidas nos dois eventos, tivemos vários acontecimentos ao longo dos anos que marcaram as trajetórias das duas competições, sendo que algumas delas tiveram suas similaridades. Entretanto, não houve uma torcida que teve uma “alegria plena”, para uma torcida ou uma nação, pois o país que venceu em um campeonato, não repete o êxito em outro.

A seguir vamos mostrar como essas histórias se sucederam ao longo dos anos. Lembrando em conta que estamos considerando a partir de 1950, pois esta foi a primeira vez em que a Fórmula 1 foi organizada como um campeonato mundial de pilotos, de acordo com a FIA.  

1950

Enquanto a seleção uruguaia de futebol tem um desempenho de respeito no futebol, na F1, a presença é mais discreta, com Eitel Cantoni (com três corridas) sendo o participante mais ativo do país sul-americano na década de 1950 – Foto: reprodução

O ano de 1950 foi o ano em que foi organizado o primeiro campeonato mundial de pilotos, mas também foi o ano de retorno do certame internacional de seleções, que não foi realizado durante os anos da Segunda Guerra Mundial.

A Copa realizada no Brasil foi marcada pela grande frustração da torcida brasileira com a derrota da equipe tupiniquim ocorrida no Maracanã, com a derrota de 2 a 1 para a seleção do Uruguai, na partida até hoje chamada pelos uruguaios como “Maracanazzo”.

O Uruguai é o segundo menor país da América do Sul em território e o terceiro menor em população, por isso não tem tanto destaque em outros esportes além do futebol, com as gerações históricas da Celeste Olímpica. No automobilismo, foram poucos nomes a conseguir algum renome. Assim, a participação uruguaia na F1 é bem reduzida.

Apenas quatro pilotos do país participaram de algum fim de semana de GP (Eitel Cantoni, Alberto Uria, Oscar Gonzales e Azdrubal Bayardo), com os três primeiros efetivamente disputando uma corrida. Todos estes correram apenas na década de 1950, após a conquista do esquadrão de Ghiggia, Schiaffino, Obdulio Varela, etc. Assim, nenhum deles chegou minimamente perto de chegar ao caneco da F1.

Na estreia do campeonato mundial de pilotos, a disputa terminou com o título de Giuseppe Farina, que ficou eternizado como o primeiro campeão. O representante italiano trouxe o caneco ao seu país que sua seleção não conquistou nos gramados brasileiros.

A seleção italiana chegou como uma das favoritas, mas, com o baque do acidente do Torino em 1949, a Azurra não foi competitiva o suficiente e caiu na primeira fase, após perder da Suécia. Assim, a alegria tifosi ficou por conta de Farina na temporada de 1950.

1954

Os alemães se consolidaram como força no futebol e no automobilismo. No entanto, poucos pilotos estavam disponíveis para aproveitar a chance. Karl Kling bem que tentou, mas não foi além do quinto lugar – Foto: reprodução

A Copa do Mundo de 1954 foi disputada na Suíça, que ainda recebia corridas de automóvel naquela época (até contava com um GP na F1 naquele ano). Nos gramados, a Alemanha (então Alemanha Ocidental) surpreendeu a famosa e favorita equipe da Hungria e venceu seu primeiro mundial.

Nas pistas, uma montadora alemã também brilhava, com a Mercedes conquistando resultados de relevo na temporada da F1, embora a categoria não tivesse campeonato de construtores naquela época, e forneceu um carro vencedor para Juan Manuel Fangio conquistar o seu segundo título de pilotos, com o argentino iniciando a dinastia de quatro canecos seguidos nos anos seguintes.

Fangio ganhou os títulos em um período atribulado na Argentina, com fortes agitações políticas e com o futebol do país ficando fechado para competições, especialmente com divergências com a CBD (atual CBF) e a FIFA, o que levou a equipe albiceleste a não disputar as eliminatórias para a Copa daquele ano.

Como dito antes, o título daquele mundial foi para a seleção da Alemanha, que tinha a Mercedes como a equipe mais forte do grid da F1, mas isso não se traduziu entre os pilotos alemães. O melhor representante entre os pilotos foi Karl Kling, que terminou em quinto naquele mundial, tendo um segundo lugar na Bélgica como melhor resultado.

1958

Enquanto a seleção inglesa não era páreo no mundial da Suécia, Mike Hawthorn escrevia sua história na F1 – Foto: reprodução

Para o torcedor brasileiro, este foi o ano em que se pôde gritar e cantar: “A Taça do Mundo é nossa!”, com o escrete canarinho iniciando sua fase vitoriosa, com a geração formada por Gilmar, Bellini, Vavá, Didi, Garrincha, Pelé e tantos outros, que levaram à seleção tupiniquim ao seu primeiro título mundial.

Já na F1, não tínhamos um representante verde e amarelo no grid. Após as incursões iniciais de Chico Landi e de Gino Bianco ao longo da década de 1950, a única participação registrada foi a de Fritz D’’Orey em três corridas de 1959. (Também teve Hermano da Silva Ramos, que disputou provas em 1955, mas tinha licença francesa).

Já o piloto campeão de 1958 foi o britânico Mike Hawthorn, que venceu o campeonato pela Ferrari. Hawthorn era inglês e conquistou o título em um ano ruim da seleção inglesa. O English Team caiu na primeira fase, diante do campeão mundial Brasil e da União Soviética.

1962

Novamente a Inglaterra ficava pelo caminho no futebol, mais uma vez cruzando a rota da Seleção Brasileira, mas pelo menos os ingleses tinham Graham Hill na F1 – Foto: reprodução

O cenário é bem parecido com o ocorrido da Copa anterior. O mundial de futebol teve o bicampeonato da seleção brasileira. Sem Pelé, machucado no segundo jogo da campanha, Garrincha se consolidou como o grande nome da campanha vitoriosa no torneio realizado no Chile. A torcida brasileira celebrava o mundial, enquanto a F1 vivia a sua escassez de pilotos tupiniquins.

Nos monopostos, Graham Hill conquistava seu primeiro título de pilotos com bastante regularidade. O patriarca da família Hill foi mais um representante inglês que deu alegria aos seus patrícios enquanto a seleção Three Lions seguia na seca. Novamente o English Team caía diante da seleção brasileira, mas desta vez nas quartas de final.

1966

A Inglaterra finalmente desencantou no futebol, mas John Surtees não repetiu o feito de seus patrícios

Após colecionar reveses nas últimas copas, a Inglaterra finalmente desencantou. No torneio realizado nas suas terras, e com um campeonato cheio de polêmicas, o English Team finalmente ganhava o seu título da Copa do Mundo em 1966.

Naquele ano, o tabu até chegou a ficar ameaçado com John Surtees, que fez provas pela Cooper e pela Ferrari, mas o campeão da F1 em 1964 foi o vice-campeão, sendo o melhor entre os ingleses.

O título ficou com Jack Brabham, que foi o único campeão como piloto e construtor. Apesar da sua escuderia ser britânica (e desafiar este tabu), Jack era australiano, portanto a seca entre os pilotos segue.

Quanto aos aussies, o futebol nunca foi um dos esportes mais fortes por lá e a equipe local não se classificou nas eliminatórias daquela edição. A primeira participação australiana foi apenas em 1974, com a equipe verde-amarela sendo mais assídua apenas nos últimos mundiais.

1970

Enquanto o futebol brasileiro tinha a sua coroação, o esporte a motor do país iniciaria sua fase vitoriosa – Foto: reprodução

O ano é um marco para o esporte brasileio. Na Copa realizada no México, a Seleção teve um dos seus times mais marcantes da história, com um desempenho exuberante, e conquistou a Taça Jules Rimet em definitivo. 

O ano também foi marcante para o automobilismo brasileiro, pois simbolizou o fim do jejum de pilotos do país no grid com a estreia de Emerson Fittipaldi. Correndo pela Lotus, o quarto representante brasileiro foi o responsável pela primeira vitória do país na categoria, terminando o ano em décimo, mesmo correndo apenas metade do certame.

A vitória de Emerson foi importante para o título de pilotos para Jochen Rindt, que morreu em um acidente na classificação da etapa de Monza. O austríaco é o único campeão póstumo da história.

O título de Rindt foi o momento de maior destaque do esporte na Áustria, já que o selecionado do país sequer se classificou para a Copa de 1970, ficando ainda nas eliminatórias.

1974

Enquanto Emerson Fittipaldi chegava ao auge, a seleção começava a fase difícil – Foto: reprodução

Quatro anos após vencer pela primeira vez na F1, Emerson Fittipaldi já havia se consolidado como um dos melhores pilotos do grid, conquistando o seu segundo título mundial.

O bicampeonato de Fittipaldi foi o bálsamo necessário para a torcida brasileira após um desempenho frustrante na Copa do Mundo. A seleção canarinho não tinha o mesmo elenco de quatro anos antes e o nível técnico ficou abaixo do desejado pela galera, com o time brasileiro terminando o campeonato apenas em quarto, após derrotas para Países Baixos e Polônia.

O torneio realizado na Alemanha Ocidental (já que naquela época, ainda havia a divisão do país), terminou com os donos da casa campeões do mundo. Já na F1, o único representante alemão a participar constantemente foi Hans Joachim Stuck, que somou apenas cinco pontos e foi o 16o no campeonato.

1978

Em 1978, a Argentina chegava ao topo no futebol, mas no automobilismo não foi o suficiente – Foto: reprodução

A Argentina recebeu o campeonato mundial de futebol no ano de 1978 confirmou a força do fator casa (dentro e fora de campo, diz a história) e conquistou seu primeiro título diante de seus hinchas. A alegria só não foi completa pois Carlos Reutemann não foi além de um terceiro lugar no campeonato da F1, sem ameaçar na briga pelo título.

Em uma temporada dominada pela Lotus, com seu carro-asa, Mario Andretti conquistou seu título na F1. Representando os Estados Unidos, Mario se consolidou como um dos maiores pilotos de seu país, que historicamente nunca teve uma relação muito feliz com o futebol da bola redonda. Afinal, naquela época, o time dos States atravessava um jejum sem ir para Copas, que começou em 1950 e só encerrou na Copa de 1990.

Se forçarmos a barra e recorrer a origem dos Andretti, podemos falar da Itália, já que a Azurra fez uma campanha decente no mundial da Argentina, mas não conseguiu chegar à final e terminou o campeonato em quarto lugar.

1982

Enquanto a Itália de Paolo Rossi entrava para a história, Michele Alboreto buscava seu espaço -Foto: reprodução

Em um ano tão repleto de emoções nos esportes, as duas competições mundiais tiveram momentos marcantes, com alegrias de uns e tristeza para tantos outros. No futebol, a Copa da Espanha foi bem marcante, terminando com a vitória da Itália, com direito a uma vitória histórica sobre o Brasil nas quartas de final.

Enquanto a Azurra fazia a história em gramados espanhóis, a F1 vivia uma das temporadas mais polêmicas, emocionantes e trágicas em sua história. A Ferrari até deu alegrias ao tifosi com o título de construtores, mas o ano ficou mais marcado pelos acidentes de Gilles Villeneuve e de Didier Pironi. Entre os pilotos, o melhor representante da Bota foi Michele Alboreto, que terminou em oitavo correndo provas por Tyrrell e Ferrari, tendo uma vitória pela escuderia inglesa.

No campeonato de pilotos foi conquistado por Keke Rosberg, que venceu apenas uma vez no ano, foi consistente e aproveitou os azares alheios. Foi o primeiro título de F1 da Finlândia, um país que vinha se consolidando na tradição do esporte a motor, já no futebol, o país ´nórdico nunca chegou nem perto de disputar uma Copa do Mundo, pois o futebol no país ainda segue menos desenvolvido em relação ao nível europeu.

1986

A França teve um bom time na Copa de 1986, mas que não ganhou. Entretanto, os franceses também tinham Alain Prost – Foto: reprodução

Outro ano bem marcante e cheio de emoções para fãs de futebol e automobilismo.Em mais uma edição do mundial de futebol no México, quem brilhou foi a Argentina, comandada por Diego Maradona, que guiado pela sua “Mão de Deus” levou a seleção portenha ao seu segundo título da sua trajetória em Copas do Mundo.

A conquista vem em um período no qual o automobilismo argentino não tinha mais representantes na F1 desde a aposentadoria de Reutemann, em 1982. O país sul-americano até teve alguns participantes nos anos 80, 90 e 2000, mas nenhum que tenha se afirmado no grid.

A temporada de 1986 teve grandes emoções também na F1, em disputas marcantes, que culminaram no bicampeonato de Alain Prost. O título veio para dar uma alegria aos franceses, já que os Bleus, apesar do bom futebol e da boa campanha, acabaram ficando nas semifinais, contra a Alemanha Ocidental.

1990

Ayrton Senna era a válvula de escape da torcida brasileira na fase ruim da Seleção Brasileira – Foto: reprodução

A Alemanha Ocidental (embora o país já estivesse já unificado um ano antes) foi a melhor equipe na Copa de 1990, realizada na Itália  A Nazionaelf deu o troco  na Argentina vencendo pela terceira vez o mundial em um certame não tão marcante como as edições anteriores.

Naquele ano, o país vivia uma entressafra de representantes no automobilismo internacional, tendo apenas Bernd Schneider como único alemão no grid. No entanto, Schneider disputou apenas uma corrida pela Arrows naquele ano, terminando em 12o.

Já o campeonato de pilotos teve muitas emoções e um desfecho polêmico, terminando com o bicampeonato de Ayrton Senna. A conquista do piloto brasileiro foi o único alívio ao torcedor brasileiro, em um ano complicado em vários aspectos do país e que o futebol não correspondeu. O time tupiniquim fez uma campanha decepcionante no mundial da Itália e caiu nas oitavas de final para a Argentina, mantendo o jejum de mais de vinte anos sem título.

1994

Foram 77 dias entre o acidente da Tamburello e a final no Rose Bowl, logo, as lembranças não poderiam estar mais fortes – Foto: reprodução

Este, talvez, seja o ano mais marcante na dicotomia entre F1 e futebol. São muitos os relatos de que havia o compromisso entre Ayrton Senna e os jogadores da Seleção Brasileira em ambos buscarem o tetracampeonato em suas respectivas competições mundiais.

Todos sabemos como a história terminou: o Brasil saiu do luto ao frenesi em um intervalo de 77 dias, desde o acidente que ceifou a vida de Senna na Curva Tamburello até o chute de Roberto Baggio sair por cima da trave do gol defendido por Taffarel na disputa de pênaltis entre a seleção canarinho e a Itália.

Diante de todos os acontecimentos naquele ano, os atletas da equipe brasileira que conquistou o tetracampeonato não esqueceram da promessa e levaram faixas saudando o antigo campeão, lhe dedicando o campeonato conquistado.

Sem Senna, o representante brasileiro que conseguiu o melhor desempenho foi Rubens Barrichello, com o piloto da Jordan conquistando um pódio e uma pole, terminando a temporada em sexto.

O polêmico campeonato da F1 de 1994 foi  o primeiro conquistado por Michael Schumacher, que iniciava a nova era da categoria. O título de Schumi representou o brilho para o esporte alemão em um ano apagado da seleção alemã, que caiu nas quartas de final da Copa para a surpreendente seleção da Bulgária.

1998

A França se consolidava como força no futebol, enquanto as vitórias na F1 ficavam cada vez mais escassas – Foto: reprodução
Belgian Grand Prix – 30.8.98
Jean Alesi on his way to third place at the Belgian Grand Prix.
Pic Etherington/Reck.

No mundial sediado na França, a seleção local conseguiu seu primeiro título com a esquadra liderada por Zidane, vencendo o Brasil com autoridade no jogo final. Os franceses, acostumados com as glórias em outras modalidades, agora via o futebol como um motivo de orgulho.

Já na F1, o período mais vitorioso já havia ficado no passado. O melhor representante francês no grid foi Jean Alesi, que já estava na curva descendente da carreira, a bordo da Sauber. O ex-Ferrari e Benetton teve um pódio e somou apenas nove pontinhos ao todo, terminando o ano em 11o.

Naquele ano, a McLaren voltava aos dias de glória, com o título de Mika Hakkinen, sendo o segundo finlandês campeão mundial de pilotos. Como já citado neste texto, convém ressaltar novamente que a Finlândia ainda segue longe de ser uma participante de Copa do Mundo, pelo menos até a publicação deste texto.

2002

As mesmas nações envolvidas em momentos antagônicos – Foto: reprodução

Chegamos ao único ano da lista em que campeão e vice (Tanto da Copa, como da F1) foram dos mesmos países, com dois pentacampeonatos se definindo. Porém o contexto da forma como as contendas se desenvolveram foram bem diferentes.

Na F1, Michael Schumacher e Rubens Barrichello configuraram a dobradinha ferrarista naquela temporada, mas o campeonato não teve uma disputa, já que a escuderia italiana claramente deu preferência ao alemão, como no infame GP da Áustria.

Passados 48 dias daquela corrida, brasileiros e alemães se enfrentaram na disputa pelo título da primeira Copa realizada em duas sedes simultaneamente (Coreia do Sul e Japão). Na decisão, o time comandado por Ronaldo e Rivaldo superou a defesa alemã e levou a seleção canarinho a conquistar pela quinta vez a Taça do Mundo.

2006

Enquanto a Espanha ainda desapontava no futebol, era Fernando Alonso quem trazia alegria ao seu povo – Foto: reprodução

O futebol espanhol sempre foi uma potência entre os clubes, mas sua seleção ainda não correspondia nos grandes campeonatos. No esporte a motor, a tradição espanhola nas motos é incontestável, mas nas quatro rodas, não havia muitos nomes. Mas o cenário começou a mudar nos meados dos anos 2000. Entretanto, nem todo mundo capitalizou o momento.

Na F1, Fernando Alonso se consolidava como o grande nome do grid com o ocaso da era Schumacher e derrotou o alemão em uma temporada bem equilibrada. O asturiano faturava seu segundo título seguido e se afirmava como um dos grandes na F1.

Por outro lado, a Fúria Espanhola não conseguiu repetir o mesmo êxito e caiu logo nas oitavas de final do mundial da Alemanha, com derrota de 3 a 1 para a seleção francesa. O caneco foi para a Itália, que conquistou seu quarto título mundial.

Enquanto a Azurra faturava seu título nos campos, na pista, o desempenho dos pilotos da bota ainda seguiam discretos. O melhor representante foi justamente o companheiro de Alonso, Giancarlo Fisichella, que terminou em quarto na temporada.

2010

Quatro anos depois, a Espanha conseguiu desencantar no futebol, mas Alonso não teve um final feliz na temporada – Foto: reprodução

Este foi um dos anos em que o tabu de piloto-seleção esteve mais perto de cair. A seleção espanhola finalmente havia se tornado uma força respeitável no mundial e conquistou seu primeiro título na Copa da África do Sul.

A festa espanhola poderia ter sido completa caso Fernando Alonso conquistasse seu terceiro título na F1. O piloto das Astúrias chegou à última corrida da temporada na liderança, mas a estratégia ruim da Ferrari e a dificuldade em passar Vitaly Petrov lhe custaram o título.

O caneco foi para as mãos de Sebastian Vettel, que iniciava sua era dominante na F1. A conquista teve sabor de revanche para os alemães, pois a equipe germânica havia caído nas semifinais do mundial de futebol justamente para a Espanha. Mais uma vez, o tabu era mantido.

2014

Nico Rosberg celebrou o título da seleção alemã, mas não conseguiu celebrar o título da F1 naquele ano – Foto: reprodução

O ano foi marcado por um domínio das equipes alemãs. No futebol, a Nazionaelf teve uma atuação excepcional na Copa realizada no Brasil, com direito ao histórico 7 a 1 nos anfitriões. Já na F1, o passeio foi proporcionado pela Mercedes, que aproveitou as mudanças de regulamento para dominar a temporada.

Quem tentou capitalizar com a vitória foi Nico Rosberg. O filho de Keke celebrou bastante a vitória alemã nos campos do Brasil e até chegou a homenagear no capacete (embora teve que retirar parte da homenagem por solicitação da FIFA). Mas a sua alegria não durou até o fim do ano, pois o alemão não conseguiu derrotar Lewis Hamilton no confronto direto pelo título.

O segundo caneco conquistado por Hamilton serviu para levantar o ânimo da torcida inglesa (e até de alguns dos brasileiros), já que a campanha do English Team no mundial foi vergonhoso, com a seleção da Inglaterra caindo ainda na primeira fase em um grupo com Uruguai, Itália e a surpreendente Costa Rica., sendo a lanterna da chave.

2018

A seleção inglesa bem que tentou, mas não conseguiu repetir o feito de Lewis Hamilton em 2018 – Foto: reprodução

Lewis Hamilton igualou Michael Schumacher em uma marca curiosa: os dois maiores vencedores da F1 são os recordistas também em títulos conquistados em anos de Copa do Mundo, com duas conquistas cada. O segundo título em quadriênio conquistado por Hamilton veio em 2018, em uma temporada na qual assumiu o controle na segunda parte do ano, aproveitando a eficiência do conjunto da Mercedes e demonstrando poder de reação no momento decisivo.

Hamilton ainda teve a expectativa de que poderia ver o tabu ir abaixo, com o bom desempenho da seleção inglesa no mundial da Rússia. Todavia, o English Team caiu nas semifinais e a tradição continuou.

O troféu da Copa foi para a França, com a equipe de Mbappé e cia dominando as ações na final contra a Croácia. Naquele ano, os franceses do grid foram bem discretos. O melhor representante do país na F1 em 2018 foi Esteban Ocon, que se classificou em 12o no campeonato de pilotos.

E 2022? Como será?

No momento em que se escreve e edita este texto, estamos no meio da Copa do Mundo do Catar, realizada excepcionalmente no final do ano. Esta foi a primeira Copa realizada após a conclusão de uma temporada de F1.

Assim, a seleção que vai pressionada para encerrar o tabu é a dos Países Baixos. Afinal, a temporada da F1 coroou Max Verstappen como bicampeão da categoria e o neerlandês fez a sua parte em uma conquista com autoridade.

Agora a missão é dos patrícios neerlandeses, que já tem o jejum da sua própria seleção, que não venceu nenhuma Copa, tendo três derrotas em finais e, agora, tem mais um desafio pela frente. 

Sendo assim, será que o tabu do campeão da F1 ser de uma nação não vitoriosa em Copas do Mundo ficará de pé? As chances maiores estão com a Inglaterra de Hamilton, Russell e Norris; a França de Ocon e Gasly; a Espanha de Sainz e Alonso; ou de países que não tem representantes oficiais, como Brasil, Argentina e Bélgica.

E aí? A sina continua?

 

 

Fonte: DUARTE, Orlando; Todas as Copas do Mundo; Editora McGraw Hill, Votorantim/SP, 1987 

UOL, História das Copas do Mundo, acessado em 22/11/2022 

Fifa.com – Taffarel “Tenho muito orgulho de ter vencido a Copa para Senna”, acessado em 22/11/2022, 

UOL, Em 1994, seleção em Paris teve último aplauso a Senna e promessa de tetra – Veja mais em – Acessado em 22/11/2022

Stats F1

F1 Mania – Saiba Curiosidades e dados e competições ao longo dos últimos anosAcessado em 22/11/2022

 

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