Max Verstappen venceu o GP de Miami, depois de fazer uma escalada no pelotão e munido por uma boa estratégia. A corrida tinha alguns fatores para ser movimentada, como um asfalto novo, a chuva que caiu na noite de sábado lavando o circuito e até mesmo o início do holandês da nona posição, mas seguiu o seu curso sem problemas. O GP de Miami foi bem tranquilo e o Safety Car não apareceu nesta prova.
Assim como no ano passado a Pirelli definiu a gama intermediária de pneus e sabia que a estratégia principal seria construída com a tentativa de concluir a prova com apenas uma parada. Mesmo com a chuva – algo que se repetiu em 2023 – não foi capaz de mudar as estruturas da prova.
Miami recebeu um novo asfalto para essa corrida, depois das diversas reclamações dos pilotos no ano passado. O recapeamento deixou o asfalto mais liso, desta forma vários pilotos cometeram erros ao longo do fim de semana, extravasando os limites de pista e até encontrando a barreira de contenção.
Ao longo do fim de semana as equipes investiram na simulação de corrida, tentando verificar a durabilidade dos pneus e o comportamento dos carros. Com os carros mais pesados e um asfalto que absorvia mais calor por ser mais escuro, ficou claro que o início da corrida seria pautado pelo uso dos pneus médios e duros, enquanto o composto macio poderia aparecer no final da prova, dependendo do grau de otimismo das equipes.
Existiu uma diferença nas escolhas para Max Verstappen e Sergio Pérez, afinal o holandês começou a prova da nona posição, enquanto o mexicano largou da pole. Porém, é necessário lembrar que Pérez passou o fim de semana lutando com a temperatura dos pneus e a sua opção. Existia a esperança do piloto vencer a corrida e sair líder do campeonato, mas a realidade era um pouco mais dura.
No sábado quando a classificação era realizada, Verstappen tinha potencial para começar a corrida da pole ou do segundo lugar. Charles Leclerc estava nessa disputa com o holandês, mas cometeu um erro ao apostar em uma configuração mais agressiva do carro e foi para a barreira de contenção. Como a sua batida aconteceu próximo do encerramento da atividade, a direção de prova levou a classificação para a bandeira vermelha e a sessão não foi reestabelecida.
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“A corrida do Autódromo de Miami foi intensa, com a Red Bull conquistando a quinta vitória consecutiva desde o início da temporada. Os pneus Pirelli tiveram um papel importante no duelo entre Max Verstappen e Sergio Perez desde o início, com escolhas de pneus diferentes dos dois companheiros de equipe: Perez partiu para o médio esperado do pole position enquanto Verstappen, no meio do grid, optou pelas duros. Na bandeira quadriculada, Verstappen levou a vitória de Perez para casa por cinco segundos, destacando como a variedade de compostos trazidos para Miami permitiu diferentes estratégias que, no entanto, foram bastante próximas em termos de tempo geral de corrida”, comentou Mario Isola sobre o GP de Miami.
Foi o suficiente para Charles Leclerc largar da sétima posição, enquanto Verstappen teve que se contentar com o nono lugar para a largada. O holandês tinha cometido um erro em sua primeira volta rápida do Q3, então quando Leclerc bateu, o piloto da Red Bull ficou sem tempo.
Verstappen precisou escalar o pelotão, o piloto não teve um ganho imediato, mas rapidamente estava entre os primeiros colocados. A estratégia de começar a corrida com os pneus duros permitiu Verstappen permanecer mais tempo na pista, ainda que o piloto estivesse reclamando do desempenho dos compostos. Essa estratégia inversa quando comparada com o que foi escolhido para Pérez, permitiu Verstappen vencer a prova.
Os pneus da rodada
No momento que a corrida foi iniciada, Max Verstappen, Lewis Hamilton, Esteban Ocon, Yuki Tsunoda, Lance Stroll, Nico Hülkenberg e Zhou Guanyu começaram a prova com os pneus duros. Apenas a dupla da McLaren começou a corrida com os pneus macios, o restante do pelotão apostou nos pneus médios.
Todas as equipes apostaram na estratégia de apenas uma parada, mas apenas sete delas dividiram os seus pilotos em estratégias diferentes, tentando se valer das posições que eles começaram a corrida. Ferrari e Williams foram nos pneus médios para as suas duplas de pilotos.
C2 (faixa branca – duro): os pneus duros foram escolhidos para fazer aquele stint final após cerca de 17 voltas completadas com os pneus médios. Mesmo com um asfalto tão liso, escorregadio e pouca aderência, os times não descartaram a utilização dos pneus duros, pois apenas eles permitiriam os competidores permanecer mais tempo no traçado sem precisar fazer novas trocas.
A escolha de largar com os pneus duros colaborou para Max Verstappen vencer a corrida, mas de qualquer forma o piloto holandês tinha um desempenho superior neste traçado. Pérez tentou se defender dos ataques do companheiro de equipe depois que Verstappen instalou os pneus médios cumprindo a sua parada obrigatória. Mas o mexicano estava com pneus duros velhos, conta pneus médios novos.
Uma estratégia semelhante foi trabalhada para Hamilton, o piloto que começou a corrida da décima terceira posição, conseguiu o sexto lugar. O inglês não teve como segurar Russell e Sainz, mas pode ultrapassar Charles Leclerc e conquistar o sexto lugar, além de se livrar de outros competidores. Lewis fez a sua parada na volta 37, enquanto Max substituiu os pneus na volta 47.
Esteban Ocon também trabalhou com a estratégia de começar a corrida com os pneus duros e avançar para os médios, o piloto da Alpine era o oitavo colocado, mas terminou a corrida em nono lugar, atrás de Pierre Gasly que apostou na escolha de largar com os pneus médios e concluir a corrida com os compostos duros.
Os pneus duros se mostraram eficientes e com uma boa durabilidade, mesmo para aqueles competidores que sofreram com um consumo maior dos compostos no começo da prova. Os compostos de Max Verstappen tinham sinais claros de degradação, mas o piloto precisava permanecer em pista para não completar muitas voltas com os pneus médios.
Logan Sargeant foi o piloto que completou o maior número de voltas com os pneus duros, o piloto fez a sua troca na segunda volta e manteve os compostos até o final da corrida.
A McLaren errou quando começou a prova com os pneus macios. No quarto giro Lando Norris já estava nos boxes substituindo os pneus macios por pneus duros. Oscar Piastri depois de uma boa escalada inicial, perdeu tudo com a parada antecipada. A McLaren não teve ganhos na corrida, sua performance ruim na classificação se repetiu na corrida.
C3 (faixa amarela – médio): ao longo do fim de semana os pneus médios passaram por muitas verificações das equipes para identificar a durabilidade deles. Esses compostos eram a peça-chave para o início da corrida ou até mesmo para aqueles que deram preferência por mais velocidade, aderência e performance no final da prova.
Os pneus médios operaram bem quando os carros estavam mais pesados, também foram importantes para garantir que os pilotos tivessem mais aderência, mesmo com o asfalto quente. Afinal, a chuva tinha lavado o emborrachamento construído durante todo o fim de semana. A maior dificuldade era gerenciar a temperatura dos compostos, evitar cometer erros para não fritar os compostos e garantir um tempo maior de operação. Embora as trocas tenham começado na volta catorze, as paradas foram se intensificando depois da volta 17 – eliminando o uso dos pneus de faixa amarela, para realizar a instalar dos compostos de faixa branca.
Os pneus médios permitiram que Fernando Alonso conquistasse o quarto pódio em cinco corridas. O espanhol trabalhou com pneus usados na corrida, apostando em uma preparação pré-largada, para não sofrer tanto com a necessidade de controlar a temperatura para não perder os compostos. Alonso superou Sainz e nesse duelo de espanhóis o piloto da Aston Martin levou a melhor.
Charles Leclerc e Carlos Sainz tiveram a mesma estratégia, mas a corrida do monegasco ficou um tanto prejudicada por permanecer por diversas voltas atrás de Kevin Magnussen. Leclerc não conseguia fazer a ultrapassagem para aliviar um pouco o trabalho dos seus pneus. Sainz lidava com a degradação e não pode fugir das investidas de Alonso e George Russell.
C4 (faixa vermelha – macios): mesmo com o TL3 praticamente dedicado para a verificação dos pneus macios, era difícil acreditar que alguém utilizaria esses compostos no começo da corrida. Durante o treino livre os pilotos avaliaram os pneus macios ao longo de algumas voltas em simulação de corrida, o tempo não era tão ruim, mas a questão principal fica por conta do desgaste. Infelizmente se as equipes têm a possibilidade de permanecer mais tempo em pista antes de fazer uma parada, é melhor do que ser forçado a antecipar uma troca por uma escolha ruim.
A McLaren apostou nesses pneus para a largada, mas o seu carro já não estava performando bem na corrida. Mesmo com esses compostos possibilitando um ataque na largada, pois a dupla de pilotos contaria com mais aderência, por conta da parada antecipada os pilotos perderam tudo. Como o desempenho dos pneus duros vai caindo de forma gradativa, não tinha muito o que ser feito no final da corrida.
Com as temperaturas altas, a McLaren sabia que não seria competitiva. Além disso, a McLaren esperava que as outras equipes tivessem problemas na prova para ganhar algumas posições, mas o GP de Miami foi marcado por nenhum abandono ou atuação do Safety Car.