Com Gabriel Bortoleto confirmado para correr na Sauber/Audi no próximo ano, o interesse dos brasileiros pela equipe tem aumentado. Muitos querem saber do que o time é capaz, além de depositar a fé em uma temporada 2025 melhor que a de 2024.
Neste ano a Sauber terminou o campeonato na última posição, obtendo apenas 4 pontos, conquistados por Zhou Guanyu no GP do Catar.
Em julho a Sauber comunicou uma grande mudança no time, Mattia Binotto foi contatado para ocupar os cargos de diretor de operações e diretor técnico (COO e CTO), por conta da saída de Andreas Seidl do projeto, assim como de Oliver Hoffmann, pois um estava atrapalhando o outro na tomada de decisões para a equipe.
Seidl que era chefe de equipe da McLaren, foi contatado para atuar nos bastidores como CEO, para viabilizar a entrada da Audi e a transição da Sauber. Como a configuração não deu certo, optaram por ter Binotto, que estava disponível no mercado após deixar a Ferrari.
Em entrevista ao Autosport, Binotto contou um pouco sobre a situação da Sauber, quando assumiu os cargos em agosto: “Quando entrei, não havia apenas zero pontos, mas realmente nenhum plano ou desenvolvimento. E isso é o que mais me preocupou. Tudo estava focado apenas em 2026, mas isso não foi um problema para mim, porque acho que uma equipe precisa sempre lutar na pista”, comentou.
Na mudança de regulamento, a Sauber, que ainda era vista em pista como Alfa Romeo, terminou o campeonato na sexta posição. Em 2023, foram apenas o nono colocado no Mundial de Construtores. Com a saída da Alfa Romeo, para a chegada da Audi, o time começou 2024 com um péssimo desempenho, enfrentando vários problemas na pista, principalmente de pit-stop.
Quase terminaram o campeonato zerados, mas no final da campanha, algumas peças foram introduzidas para melhorar o desempenho do carro, viabilizando que Zhou Guanyu pontuasse no Catar e a equipe descolasse um pouco do final do pelotão, conseguindo se misturar com Haas, Alpine e Racing Bulls.
“É somente lutando, competindo na pista, que você consegue entender o quão bem está se saindo e se o que está fazendo está indo na direção certa. Você precisa entender o desempenho. Você precisa entender as fraquezas e os pontos fortes, e você precisa também lidar com eles. Esse é o verdadeiro know-how de uma equipe”, afirmou Binotto ao Autosport.
Com a saída da Alfa Romeo, ficou claro que a Sauber pouparia os recursos para a entrada da Audi, priorizando o trabalho de 2026. O que é um pouco frustrante, já que em 2024 basicamente a equipe só adequou o carro para o regulamento, para estar em pista, pois não foram nada competitivos.
Com o time focado completamente no próximo regulamento, era realmente passar pelos próximos anos.
“Quando entrei em agosto, realmente, era como um time que estava quase congelado”, falou Binotto. “Então, enquanto nos certificávamos de que tínhamos os planos adequados em nossa jornada para nos tornarmos um time de ponta no futuro, realmente precisávamos impulsionar o time para melhorias e possivelmente já durante a temporada atual.”
“A importância da temporada atual não se deve apenas a não terminar zerado, porque terminar em 10º com zero ou 10º com quatro pontos não muda muita coisa. Mas era mais para nós garantirmos que definimos a direção correta do desenvolvimento para a próxima temporada também – e estarmos revigorados durante o inverno.”
Com pouco tempo no time, Binotto atestou que era necessário melhorar a infraestrutura, as instalações precisavam de melhorias e era necessário começar a realizar contratações – algo que ficou travado com Seidl e Holffman.
“Acho que a Sauber tem sido uma equipe com mentalidade de sobrevivência nos últimos 10 anos, sem mais investimentos e sem gastos reais”, disse ele. “Então, o que quer que você tenha, você mantém, mas nunca desenvolve mais. Se olhar para túnel de vento em si. É um ótimo túnel de vento, ainda hoje, acho que está atualizado em termos de facilidade e estrutura. Mas o que não foi desenvolvido é a metodologia interna de testes. E um bom túnel não é apenas ter o fluxo adequado, é a maneira como você mede seus dados e características de desempenho aerodinâmico”.
Vindo de uma equipe como a Ferrari, Binotto pode não ser visto como o melhor chefe de equipe, mas da parte técnica ele entende muito bem, algo que estava claramente em déficit na Sauber e ele tem trabalhado para aprimorar.
Binotto também mencionou que a Sauber precisa melhorar a parte de simulação, já que atualmente com o teto orçamentário, não é possível testar todas as ideias e identificar o que é melhor. O mais importante é ter um filtro, antes de levar as coisas para o túnel de vento.
Além disso, Binotto também estima que é necessário expandir o número de pessoas para 350, algo que será realizado aos poucos.
“É muita gente. É muita mesmo. Então acreditamos que o número de pessoas que precisamos para crescer para sermos comparáveis a uma equipe de ponta é 350. E isso não é só engenharia; é manufatura, finanças, RH. A jornada da Audi é de longo prazo e tenho certeza de que, em alguns anos, os jovens formados hoje, nos darão o melhor retorno sobre o investimento.”
Com tudo o que precisa ser arrumado, vai levar tempo para a Audi lutar por vitórias e almejar um título.
“Então, podemos ter sucesso na próxima temporada? De jeito nenhum. Podemos ter em alguns anos? De jeito nenhum, porque não teremos as pessoas no lugar, não teremos as instalações no lugar e todas as ferramentas necessárias. Então, qual pode ser [a meta] nesse meio tempo? É melhorar, melhorar a cada temporada, simples assim.”
“Você não pode simplesmente esperar até 2030 para ser o melhor ou ser uma referência. Você precisa ir passo a passo, para escalar a montanha até estar no topo do ranking.”
“Para nós, será importante, eu acho, no próximo ano, fazer melhor do que fizemos em 2024, e no ano seguinte também.”
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