Toda Pré-Temporada da Fórmula 1 é uma doideira para os fãs, a expectativa com as pinturas fica lá no alto, além de torcer para que o time do coração melhore ou permaneça lá no topo da tabela.
Após assistir Grand Prix Driver, documentário da McLaren, dividido em quatro episódios e que fala sobre a temporada de 2017, alguns pontos começaram a passar pela minha cabeça sobre as dificuldades das equipes no grid.
Todas vivem uma tensão após o meio do ano, pois é quando geralmente começam as negociações e as revisões dos contratos… Basicamente é o quem fica e o quem sai e aquela dança das cadeiras maluca.
Se pensar na dupla de pilotos já mexe com toda uma estrutura de uma equipe, quem dirá no desenvolvimento do carro que está sendo pensado lá na fábrica. A gente vê tudo pronto, crítica ou aplaude, mas no final das contas é bem complicado todo esse processo.
Não é um conjunto técnico apenas, são várias pessoas trabalhando com uma coleta de dados enorme. Peças que foram testadas durante o ano e o que delas precisa ser mais bem trabalhado ou descartado.
O estudo do regulamento é tão importante quanto. Nele constam as medidas e as possibilidades que as equipes podem trabalhar para desenvolver os seus projetos. Alguns projetistas aproveitam normas que não estão tão claras ou que entram em contradição, para se valer das brechas e dar soluções aerodinâmicas para pontos no carro que não estão favoráveis para o time. É nesse ponto que, ao longo dos GPs, as equipes que não tiveram a mesma ideia ou coisa semelhante vão levantar investigações e pedir a revisão de pontos ou ganhos.
Para este ano, com algumas mudanças nas asas e dimensões de alguns componentes, mesmo que estes acabem limitando o desenvolvimento, a Mercedes mostrou algumas soluções aerodinâmicas diferentes das da Red Bull. Dois carros que já foram para a pista em seu dia de filmagens e que pode atestar a eficiência de alguns componentes do carro, ainda que estejam limitados a 100km.
A Mercedes tem um parâmetro do que está dando certo para o time, afinal são cinco anos seguidos com pilotos campeões e faturando o campeonato de construtores. Eles têm uma base nas informações e de como se adaptar para manter o ganho, até agora não tiveram mudanças tão drásticas no regulamento assim como a Red Bull enfrentou de 2013 para 2014, quando teve que lidar com os motores híbridos que foram introduzidos naquela temporada.
Com as novas especificações é possível que eles cometam algum deslize ou que alguma outra equipe consiga um ganho igual ou superior ao deles. Este ano existe uma ameaça grande contra a Mercedes. E se pararmos para analisar, na Fórmula 1 nunca é interessante ter apenas um vencedor ou quem leva tudo. Todas as novas regras são para ajudar nas ultrapassagens e consequentemente em uma imprevisibilidade no grid.
Em 2018 era possível saber quem venceria muitas vezes, pela classificação realizada no sábado. A mudança das gomas dos pneus foi uma tentativa de bagunçar as estratégias, mas mesmo com carros mais pesados e exigentes, as gomas demoravam a se degradar e apenas um pit-stop era mantido como o ideal.
Para este ano além das surpresas da dança das cadeiras que precisam ser olhadas com um cuidado melhor, é interessante para o fã, ficar de olho das espessuras dos pneus. Mesmo com vermelho, amarelo e branco serem as cores de sempre, a goma e a espessura vão sofrer alterações de circuito para circuito. É possível que as regras não façam muita diferença neste início de temporada, mas em alguns traçados onde a proximidade dos pilotos já é maior, são grandes as chances de que mais ultrapassagens aconteçam por conta da diminuição da turbulência.
E por fim a Honda continua com a Toro Rosso e agora passa a habitar os carros da Red Bull. Na temporada passada, a STR sofreu com todos os testes de motor que a fornecedora fez. Mesmo com as soluções aerodinâmicas é necessário saber qual o ganho ou perda a equipe vai ter com está troca de Renault para Honda.
A Red Bull sempre mostrou um crescimento maior no meio da temporada, o que fica no ar é, como será o seu comportamento agora, depois de 12 anos com os franceses.
lll McLaren Vs. Ferrari
A maior rivalidade dentro da Fórmula 1, ainda que não seja neste momento pelo primeiro lugar é entre McLaren e Ferrari. Além da construção dos carros, as esquipes brigam pelo dia de lançamento das suas máquinas.
Neste ano a equipe inglesa mostrou o MCL34, um dia antes da sua rival divulgar o SF90.
A McLaren está na sua fase de colocar os pés no chão e retomar seu crescimento. Não apostaram em soluções aerodinâmicas revolucionárias que trariam mais incertezas ao time. Peter Prodromou trabalhou com Adrian Newey, na Red Bull e ganhou carta branca em 2014 na McLaren para agir.
No entanto, para este ano, o time investiu em decisões coligadas, após os últimos modelos, descartando a unidade motriz, não mostrarem a eficiência necessária. Os diretores técnicos passaram muito tempo estudando o caso e os líderes técnicos, Andrea Stella e Pat Fry impuseram limites a Prodromou.
Em outro momento, a Ferrari busca a confiabilidade do time, principalmente nas estratégias. Olhando o carro da equipe italiana é possível notar que eles foram contra o que foi explorado pelo modelo da Mercedes.
Assim como manda a Fórmula 1, cada equipe deve seguir as suas propriedades e é onde nascem projetos tão distintos. James Allison, líder dos engenheiros da Mercedes, apostou nos apêndices onde era permitido, mas a equipe italiana seguiu o modelo de 2018, simplificando-os. A McLaren lateralmente também lembra a época que ainda carregava os motores Honda, mais ainda se valeram dos apêndices nos lugares em que o regulamento ainda permitia sua utilização.
A pré-temporada é o melhor momento para conhecer um pouco dos carros e apreciar as soluções aerodinâmicas dada por cada um dos times. Nem sempre os componentes mais elaborados são a solução. É nestes primeiros dias que a disparidade começa a dar as primeiras cartas.