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Aldeia da Serra – AsKarteira: Andar de Kart em família é ”bão” demais

Aldeia da Serra, 06 de Outubro de 2019

Momentos antes de entrar na pista, começou uma movimentação que podemos chamar de preparação… mulheres pedindo discas aos homens de plantão e eles explicavam como era o traçado minuciosamente e todas as dicas de aceleração e frenagem que podiam! Mas minutos depois a mulherada já tinha se esquecido de boa parte delas, porque as preocupações eram das mais variadas e a emoção ganhava todo o espaço no peito.

Andar de Kart não é nada confortável, as mais cheinhas têm que achar um banco que lhes sirva (eu me encaixo nesta categoria) e as magrinhas algumas vezes ficam sambando neles. A altura também ajuda ou atrapalha, alcançar o pedal, por isso não é tão simples correr de kart. Prenderam os mais variados equipamentos de segurança, o protetor de costela parecia um espartilho, a bala clava sufocava, mas o macacão estava dentro do opcional. Utilizar estes equipamentos minimizam os problemas em caso de acidente, então é importante utilizá-los. 

E lá fomos nós, liberadas uma a uma para a classificação, sentir o kart, testar o freio e apertar bem o acelerador.

Foto de Rubens GP Netto – AsKarteira Aldeia da Serra

Eu já tinha chorado tudo o que podia entes de entrar na pista, o medo me tomou de uma forma muito grande… virtude da primeira experiência que não foi nada agradável na Granja Viana ainda no começo do ano. ah sim, o corpo não se esquece daqueles momentos de pânico, a dor física retornou, o suor nas mãos e o aperto no coração, por isso não é simples enfrentar os menos. Eu achava que não terminaria nenhuma volta. No briefing mesmo eu já estava estudando onde poderia parar o kart, com todo o pânico que estava, eu se quer queria deixar os boxes.

Ao ser liberada, minha viseira estava com um dedo aberta, queria sentir o ventinho no rosto e diminuir a sensação que estava presa, mas no ”S” do circuito, ainda na primeira volta, descobri que não era a melhor opção e assim fechei a viseira e por incrível que pareça, parei de sentir a necessidade de mantê-la levantada.

Algumas voltas depois, eu descobri que não queria mais parar de completar os giros, porque era divertido estar na pista e sentir um pouco desta emoção. Conclui as voltas da classificação e me alinhei para o grid de largada, já sabia que sairia da última posição, mas veja isso não era uma derrota em momento algum, até porque para o medo que eu estava sentindo no começo, eu tinha certeza que não chegaria no momento de me alinhar no grid.

Um baita de um calor tomou conta da Aldeia da Serra, os homens estavam com garrafas de água para jogar nas costas da mulherada, pois o calor dos motores dos Karts de 14HP, emanavam fortemente nas costas. 

As luzes verdes se acenderam, a largada começou e eu perdi rapidamente contato com o grid, comecei a correr sozinha e me senti muito bem com isso, porque não havia nenhuma pressão. Lá pela segunda ou terceira volta, as líderes estavam passando por mim, fui jogando o kart para os lados para abrir passagem a elas e isso aconteceu sete vezes, mas isso certamente não foi uma derrota e todas as vezes que elas me viam rolava um aceno, confirmando o ”eu estou bem”.

Algumas destas mulheres estavam usando o capacete e equipamento dos seus esposos e familiares e isso era incrível… ver todo este envolvimento da família e está organização, me deixa arrepiada até agora. Não é atoa que o organizador do Kartódromo pediu para tirar uma foto com nós na sala de briefing, porque nas palavras dele ”- Eu já vi vários campeonatos femininos, mas as esposas se mobilizarem para correr no mesmo dia dos maridos, isso eu nunca vi.”

A prova se seguiu, nenhum incidente ocorreu, pois, todas as ultrapassagens e disputas foram extremamente respeitosas e limpas, cada uma sabia o seu limite e os receios das outras. A primeira que viu a bandeira quadriculada foi a Nara Paro, após disputa expendida com Lina Lira e Andrea Senigalia. Todas terminaram a prova, ou seja os 14 karts em pista.

Eu cruzei a linha de chagada na décima quarta posição, comemorei como uma vitória, porque eu realmente achava que não terminaria se quer a primeira volta. Ao levar o carro para os boxes, eu chorei mais uma vez, recebi abraços do Rubens Netto, Arthur Bodstein, Ellen Mesquita, Andrea Senigalia, Lina Lira, Thiago Rosa, Andriani Giraldello, Andrea Garcez, Ricardo Bunnyman, Rafael Celloni e de outros tantos após a corrida, porque vários deles conheciam os meus medos e receios e estavam felizes com o fato de eu ter chegado até o fim. Eu fico extremamente feliz e realizada de ter concluído a minha primeira bateria com mulheres incríveis e tudo dentro da Família OsKarteiro.

A pessoa que merece meu agradecimento especial, certamente é o Rubens Netto, porque me levou para dar algumas voltas no SP Diversões dois dias antes da prova, me ajudando a perder o medo e me auxiliar neste caminho… Ele me emprestou o capacete, mas além disso me deu total confiança para acreditar que eu chegaria até o final.

Ele ficou rondando a pista com a câmera, porque tinha medo que eu rodasse e queria ser a primeira pessoa a chegar perto se algo desse errado! A única coisa que me fugiu do controle, foi o fato do kart morrer, mas eu consegui levar ele para o canto e esperei calmamente o religamento, com os braços levantados em sinal de que precisava ajuda, mas foi bom ter alguém que eu conhecia perto, porque de fato a tranquilidade veio só de saber que está pessoa que estava ali, se importava comigo e era um ponto de referência.

Foto de Rubens GP Netto – AsKarteira Aldeia da Serra

Não cheguei a rodar e para uma primeira vez isso é ótimo, me senti confiante para reduzir cerca de dez segundos do meu tempo inicial e o mais importante, eu me diverti, gritei dentro do capacete, comemorei as primeiras curvas e as primeiras voltas, gritei um monte ao cruzar a linha de chegada e de fato isso foi uma realização na minha vida. Os medos são importantes para nos manter vivos, mas a superação é o que move a gente a cada dia. E fiquei com o gostinho de quero mais e entrar na pista mais uma vez com estas pessoas tão especiais. Superem os medos, mesmo que leve algum tempo para acontecer, não desista…!

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lllll Fonte: OsKarteiro.com.br/Eetapa-Cardoso-Funilaria-AsKarteira-e-o-OsKarteiro

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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