Com o GP da Espanha realizado, podemos comentar alguns pontos sobre as estratégias que foram trabalhadas ao longo da prova.
A sexta-feira foi marcada pelo tempo firme, embora as nuvens carregadas tenham surgido no horizonte do Circuito da Catalunha. Os pilotos trabalharam com os pneus duros, médios e macios definidos para a etapa, além dos compostos de teste que os competidores realizaram uma última avaliação, antes deles serem introduzidos no GP da Inglaterra.
O TL3 que era esperado para ser o momento da ‘verdade’ foi atrapalhado pela chuva fina que caiu pelo traçado. Ela não era suficiente para lavar a pista e usar os pneus intermediários, mas deixou a situação perigosa para quem queria se aventurar com os compostos de pista seca. Próximo do final da sessão, os pilotos foram retornando ao traçado, podendo usar um jogo extra de pneus intermediários, antes de completar a sessão se aventurando com um jogo de pneus macios.
Como era esperado, o GP da Espanha foi concluído com duas paradas sendo a estratégia principal; mas neste ano o pneu duro também foi trabalhado nas estratégias das equipes. Max Verstappen venceu a prova com folga, largou com os pneus médios, passou para os duros e instalou os pneus macios para completar a prova. A estratégia trabalhada pela Red Bull se baseou em responder o trabalho que a Mercedes estava realizando com Lewis Hamilton.
O desempenho da Red Bull com Max Verstappen era inatingível na Espanha, mesmo com a melhora da Mercedes, a equipe não conseguiria atingir o piloto holandês. A precaução da Red Bull em realizar as paradas era mais voltada para manter uma distância confortável para o segundo colocado. Max forçou o RB19 ao longo da prova isso fez com que ele fosse alertado pelos comissários em três momentos, por ter extravasado os limites de pista.
Verstappen fez uma corrida tão redonda, que além de conquistar a pole, liderou todas as voltas da corrida – não perdendo a dianteira nem mesmo quando realizou as paradas nos boxes – e ainda completou a prova como o dono da melhor volta. Pouco depois de conseguir a marca, seu engenheiro pediu para o piloto manter o carro na pista, evitando romper os limites do traçado outra vez para não receber uma punição. Por conta da condução de Verstappen neste fim de semana o piloto obteve o seu terceiro Grand Slam da carreira.
A dupla da Mercedes superou Carlos Sainz da Ferrari. Fernando Alonso não se classificou tão bem para almejar o pódio na corrida de casa, enquanto Sergio Pérez foi eliminado no Q2 e fez uma prova de recuperação. Se não fosse o erro de Pérez ao comprometer a sua última volta rápida do Q2, provavelmente a Red Bull teria faturado uma dobradinha.
Apenas Verstappen, Pérez e Logan Sargeant começaram a corrida com os pneus médios. O restante do pelotão optou pelos pneus macios, enquanto Charles Leclerc foi o único piloto que largou com os pneus duros. Lando Norris se envolveu em um incidente com Lewis Hamilton no começo da prova e precisou seguir para os boxes para arrumar a asa dianteira e aproveitou o momento para instalar os pneus duros. Tanto Leclerc, como Norris fizeram um stint relativamente curto para quem começou com os pneus de maior duração.
Leclerc e Sargeant começaram a corrida do pit-lane depois que algumas modificações foram realizadas em seus carros. Ao longo da prova tivemos a falsa sensação que Leclerc estava rendendo mais com os pneus duros, pois realizou uma porção de ultrapassagens no primeiro stint, mas substituiu os pneus muito cedo. O piloto da Ferrari fez um stint mais longo com os pneus macios e tinha solicitado para a Ferrari para terminar a prova com os pneus de faixa amarela, mas o time optou por retornar aos brancos. Diferente de Pérez, Leclerc terminou a prova fora da zona de pontuação e herdou o 11º lugar pois Yuki Tsunoda foi penalizado.
Foi difícil prever as estratégias para o GP da Espanha, pois em um momento as equipes identificaram que os pneus macios e médios estavam praticamente operando de forma semelhante. Além disso, existia uma ameaça de chuva que perdurou ao longo da prova, mas os pilotos usaram os compostos de pista seca exclusivamente na prova.
Os quatro primeiros colocados cruzaram a linha de chegada usando os pneus macios. A Mercedes não usou os pneus duros na sua estratégia, enquanto a Red Bull incluiu esse tipo de composto. A Aston Martin optou por trabalhar com dois stints de pneus macios, antes de instalar os compostos duros – os três compostos não eram novos, pois já estavam preparados pelos seus pilotos.
A Haas que ainda lidando com uma degradação acentuada dos pneus, muito mais que a Ferrari, precisou realizar três paradas nos boxes. Começaram com os pneus macios, mudando para os médios e depois aos compostos duros, antes de retornar aos pneus médios outra vez. Com a corrida comprometida, Lando Norris foi outro piloto que realizou uma corrida com três trocas de pneus.
Para cumprir as 66 voltas da prova, os stins foram relativamente curtos, mas era esperada uma permanência maior com os pneus duros. O C1 usado nesta corrida, era um composto diferente do C1 usado no ano passado. O pneu de 2022 tinha um gap muito grande para o C2, desta forma a Pirelli precisou introduzir um novo composto na gama, aproximando-o do C2. Era esperado que Leclerc realizasse um stint maior com os pneus duros do começo da prova, mas o piloto foi chamado aos boxes na volta 16, quando tinha chegado à zona de pontuação.
Every tyre was the primary tyre at the #SpanishGP 💪🇪🇸 #Fit4F1 pic.twitter.com/Xx8LEXExki
— Pirelli Motorsport (@pirellisport) June 6, 2023
Carlos Sainz completou apenas 15 giros com os pneus macios, diferente da Mercedes que alongou a sua permanência até a volta 24/25. Foi inevitável para a Ferrari perder o pódio, pois infelizmente o seu carro opera melhor em voltas rápidas, do que no ritmo de classificação. Com as novas atualizações é esperado que eles consigam melhorar um pouco o desempenho do carro.
A temperatura caiu um pouco durante a realização da prova, colaborando para que o carro da Mercedes operasse um pouco melhor.