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Verstappen e a solidão

Para muitos, Verstappen é o piloto da temporada até aqui, e não Hamilton.

O fato de o inglês liderar o campeonato de uma forma entediante faz com que os fãs tentem contornar a temporada sem graça com opiniões controversas. Um exemplo é a escolha de melhor piloto do GP da França, feita pela internet, que foi dada ao jovem Lando Norris. Ele teve um ótimo qualify, conseguindo o quinto melhor tempo, mas um erro no fim da corrida lhe custou alguns pontos importantes.

O que acontece com Verstappen é mais profundo. Ele tem, de fato, uma temporada que pode lhe render o título de melhor piloto do ano. Sua consistência é impressionante: terminou duas vezes no pódio, cinco vezes na quarta colocação e uma na quinta. Esses resultados fazem com que o holandês brigue pela terceira posição no campeonato com Vettel, que era favorito ao título antes do início da temporada.

Mas o mais impressionante da temporada de Verstappen é o quão só ele está. Seu companheiro de equipe, Pierre Gasly, não consegue manter o ritmo e rumores surgem dizendo que ele pode ser substituído por Kvyat. Até aqui, o francês conseguiu apenas um quinto lugar como melhor colocação na temporada, em Mônaco, tendo duas corridas fora dos pontos – Austrália em 11º e Azerbaijão, quando abandonou -, duas corridas em oitavo – Bahrein e Canadá -,  e duas em sexto – China e Espanha -. O sentimento ao assistir as corridas é de que Gasly, na verdade, faz parte de uma outra equipe, com outro carro e outros estrategistas.

Outro fator que deixa a temporada de Verstappen mais solitária é que ele não consegue brigar com Mercedes e Ferrari. É claro que ele ficou por cinco vezes na quarta colocação e duas no pódio, o que significa que está, quase sempre, à frente de pelo menos uma das Ferrari. Mas isso se dá, em grande parte, pelos erros de estratégia da scuderia italiana, e não por brigas na pista.

Como se não bastasse, a própria RedBull parece estar sozinha no campeonato. Não briga com as duas equipes anteriormente citadas, mas também não sofre pressão das equipes do pelotão do meio, mesmo com Gasly em má fase. São impressionantes 97 pontos de distância para a McLaren no Campeonato de Construtores.

Por fim, sua conduta mais profissional na nova temporada também ajuda a manter a consistência e, consequentemente, a solidão. Verstappen ficou conhecido por manobras arriscadas e frequentes incidentes, o que fazia com que suas corridas fossem mais intensas e disputadas, mas até aqui, em 8 etapas, não sofreu qualquer tipo de danos em seu carro, fator que aumenta o sentimento de solidão.

A próxima corrida é em casa, na Áustria, e deve manter Verstappen longe de disputas, já que as longas retas de Red Bull Ring não favorecem seu carro.

Provavelmente ele continue solitário.

Solitário, no posto de melhor piloto do ano.

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Rubens Gomes Passos Netto

Editor chefe do Boletim do Paddock, me interessei por automobilismo cedo e ao criar este site meu compromisso foi abordar diversas categorias, resgatando a visão nerd que tanto gosto. Como amante de podcasts e audiolivros, passei a comandar o BPCast desde 2017, dando uma visão diferente e não ficando na superfície dos acontecimentos no mundo da velocidade. Nas horas vagas gosto de assistir a filmes e séries de ação, ficção científica e comédia. Atuando como advogado, também gosto de fazer análises e me aprofundar na parte técnica.

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