ColunistasDestaquesFórmula 1Post

Vasseur aposta em abordagem mais conservadora neste início com a Ferrari

Frédéric Vasseur afirma que está analisando a Ferrari e não realizará mudanças bruscas neste começo, pois precisa analisar todos os pontos do time

Em cerca de um mês os times de Fórmula 1 vão se enfrentar pela primeira vez no Bahrein e dar início a uma nova temporada. A expectativa é muito grande, afinal, novos carros estão chegando para mais um confronto, mas alguns times do pelotão também passaram por mudanças internas e os fãs estão curiosos para saber o que realmente mudou – na prática.

Ferrari, McLaren, Alfa Romeo e Williams estão com novos chefes de equipe, mas entre elas o time italiano é o que chama mais atenção, pois contará com Frédéric Vasseur para a temporada de 2023.

Sabemos que a Ferrari está em busca de mais um título, os italianos tentaram ser a equipe que superaria a Mercedes quebrando a hegemonia do time alemão, mas foram surpreendidos com a Red Bull. A Ferrari atualmente lida com mais uma derrota, depois que falharam na conquista do Campeonato Mundial.

A contratação de Vasseur é munida pela esperança de que a Ferrari viverá uma nova fase. Desde a sua chegada à Ferrari, Vasseur tem discutido diariamente o futuro da equipe e compreendendo como poderá realizar as mudanças.

Em um primeiro momento, muitos esperavam que a chegada do novo chefe de equipe, seria o início de uma série de mudanças bruscas, troca de funcionários, mas Vasseur tem apostado em um outro tipo de abordagem. Não serão realizadas mudanças rápidas relacionadas a troca de pessoal, mas Vasseur informa que está revisando a configuração da equipe em várias divisões, pois acredita que os processos geralmente geram mais problemas que as pessoas que estão envolvidas.

Com a chegada de Vasseur à Ferrari, esperava-se grandes mudanças, mas o novo chefe de equipe ainda está avaliando os processos realizados pela equipe. O francês busca conhecer os detalhes do que deu errado no ano passado, para melhorar a performance da Ferrar para 2023 – Foto: reprodução F1,

“Seria arrogante da minha parte fazer qualquer alteração na organização técnica depois de duas semanas no cargo. Estamos discutindo como podemos melhorar o sistema, quais são os pontos fracos que temos e como fazer um trabalho melhor. Mas é mais um processo continuo do que partir para grandes mudanças, que ao meu ver, não fariam sentido”, afirmou Vasseur em entrevista para o site da Fórmula 1.

“Acredito que os caras que estão neste lugar vão tentar fazer o melhor trabalho possível, e cabe a mim fornecer as melhores condições possíveis para fazer o trabalho. Então,depois de algumas semanas ou meses, pode ser a hora de agir se as coisas não estiverem funcionando. Mas eu confio neles”, seguiu Vasseur.

No ano passado a Ferrari perdeu alguns pontos por conta de estratégias ruins. Quando Binotto deixou a equipe, acreditava-se que o próximo passado seria substituir Iñaki Rueda, mas com a fala de Vasseur, fica claro que isso não acontecerá nesta fase inicial.

“Muitas vezes, quando se fala em estratégia, é muito mais uma questão de organização do que do cara do pit-wall. Estou tentando entender exatamente o que aconteceu em cada erro, o que aconteceu no ano passado e tentado saber se é uma questão de decisão ou uma questão de organização, ou de comunicação”, afirma o novo chefe de equipe da Ferrari.

“Muitas vezes, no pit wall, o maior problema é a comunicação e o número de pessoas envolvidas, e não o indivíduo. Se colocar muita gente discutindo sobre a mesma coisa, quando tiver o resultado da decisão, o carro vai para a próxima volta. Você precisa de um fluxo claro de discussão e fluxo claro de comunicação entre as pessoas com as posições certas. É um trabalho em progresso.”

Foram diversos erros estratégicos em 2022 que custaram pontos importantes ao longo da temporada – Foto: reprodução Ferrari

Em algumas etapas do ano passado, Carlos Sainz teve resultados melhores por ter questionado as escolhas da Ferrari. Ao final de diversas corridas, ficou claro que a equipe estava perdida nas questões estratégias e errava com mais frequência.

Outro grande problema da Ferrari foi a falta de confiabilidade do seu motor. Ciente do congelamento dos motores, optaram por melhorar a potência dos motores, para ficar mais próximos da Mercedes e a Red Bull, mas várias quebras aconteceram. O regulamento tinha uma previsão para o caso de problemas de confiabilidade, algo que a Ferrari esperou para explorar depois.

“Eu entrei há pouco mais de duas semanas e como você pode imaginar, em alguns tópicos é um processo muito longo. Estou falando principalmente sobre o motor, mas acho e espero que esteja tudo sob controle hoje, que eles fizeram o que parece ser um bom trabalho nos últimos meses.”

Com a Alfa Romeo, Vasseur também lidou com vários problemas de confiabilidade, que comprometiam o andamento do fim de semana. Lidar com a dificuldade para coletar dados, principalmente em um ano que estavam trabalhando com um novo equipamento é bem complicado. Os abandonos geram a perda de pontos e por consequência posições no Mundial de Construtores.

Outro ponto que gerou diversas críticas está atrelado ao movimento da Ferrari de não realizar tantas atualizações em seu carro. Por outro lado, a Red Bull apostou em uma abordagem mais agressiva, pois precisava reduzir o peso do seu carro e melhorar a performance. Ao final da temporada, a Ferrari que já tinha perdido o Campeonato para a Red Bull, foi também desafiada pela Mercedes, justamente pelas alterações realizadas tentando tornar o W13 mais competitivo.

“O desenvolvimento é muitas vezes uma escolha estratégia agora com o limite de custo, para decidir se você quer estar mais focado no carro para o ano seguinte ou para o atual. Mas eu não estava lá e não quero fazer nenhum julgamento sobre o que aconteceu no passado, mas veremos durante a temporada”, afirma Vasseur.

Mesmo sabendo das críticas realizadas, Vasseur novamente aposta em uma análise conforme a temporada for se desenvolvendo, pois eles primeiramente precisam saber como a Ferrari chegará às pistas quando a competição for iniciada.

Sobre os Pilotos

Muitas equipes deixam claro desde o início da temporada quem será o primeiro ou o segundo piloto, mas a Ferrari tem dado preferência por uma abordagem diferente. Vasseur segue com a política de que dará condições iguais para Charles Leclerc e Carlos Sainz, mesmo após ter trabalhado com o monegasco anteriormente.

“Temos dois pilotos muito bons e ambos são capazes de fazer o trabalho. Teremos a capacidade de fornecer a eles exatamente o mesmo carro, a mesma estrutura e mesmo suporte. O que está claro é que o objetivo é vencer com a Ferrari e para a Ferrari. Não haverá número um e número dois, mas em algum momento eu se eu tiver que agir, agirei. Não importe se é para um ou outro.”

Vasseur afirma que neste início de temporada não determinará o piloto número um da equipe, pois os dos pilotos da Ferrari terão condições iguais de brigar pelo Campeonato – Foto: reprodução

De certa forma Sainz e Leclerc são pilotos complementares e são uma grande dupla, o espanhol esbanja conhecimento técnico e tem um controle melhor nas questões estratégicas, enquanto o monegasco é rápido. Porém, para chegar ao nível de ganhar um Campeonato, competidor e equipe precisam de uma abordagem mais regular.

O ano da Ferrari é gerado por grandes expectativas. O carro do ano passado não era uma máquina ruim, impressionou no início do Campeonato e revelou fortes chances da Ferrari conquistar um título, mas nos detalhes a equipe falhou e são eles que podem fazer a diferença.

Vasseur é visto como uma pessoa que pode auxiliar a Ferrari neste caminho, mas o time também espera resultados. A Alfa Romeo, compartilha com a Ferrari alguns dos mesmos problemas, a diferença é que a equipe que Vasseur gerenciava, estava sendo guiada para brigar pelo meio do pelotão, a Ferrari tem por objetivo ganhar títulos e voltar ao topo, a pressão se torna muito maior.

“Quando você está em um time de ponta, não pode ter outro objetivo que não seja a vitória no final do dia. Você não pode começar a temporada dizendo ‘ok, eu fico feliz com o segundo lugar’, isso seria realmente falta de ambição. Acho que temos tudo para fazer um bom trabalho e o objetivo tem que ser vencer, com certeza”, finaliza Vasseur.

Mostrar mais

Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo