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Um francês na montanha russa

Série 365: 07 de Fevereiro – Um francês na montanha russa - 02ª Temporada: dia 261 de 365 dias. Por: Carlos Eduardo Valesi

O francês Pierre Gasly nasceu no dia 07 de fevereiro de 1996 em Rouen, capital da Normandia. A cidade já foi uma das mais importantes e prósperas da Europa medieval; fundada pelos gauleses na época do domínio romano, tornou-se católica e logo depois foi tomada pelos vikings, sendo governada por Rollo, irmão de Ragnar Lothbrock. Lá também ocorreu a execução de Joana D’Arc, a invenção da calculadora de Pascal e a publicação de Madame Bovary, de Gustave Flaubert, conterrâneo de Gasly.

Gasly passou os últimos 8 anos tentando se provar. Fonte: Autosport

Mas se nosso Pierre não teve todo o tempo do mundo, como sua cidade natal, pode-se dizer que sua história até aqui condensou os altos e baixos ocorridos naquele chão arcaico. Ele começou a competir no campeonato francês de Fórmula Quatro aos 15 anos de idade (ou seja, apenas 8 anos antes da primeira publicação deste texto), terminando em segundo lugar e logo mudando-se para a Fórmula Renault 2.0.

Seu avanço veio em seu segundo ano de corridas na Fórmula Renault 2.0 Eurocup. Gasly prevaleceu em uma batalha ponto a ponto e às vezes um tanto dura demais com Oliver Rowland. O par colidiu na Rússia e no final da temporada no Circuito da Catalunha. A penalidade de Rowland pela última colisão selou o título para Gasly.

Além de ganhar meio milhão de Euros e um assento para a Fórmula Renault 3.5, Gasly atraiu a atenção da Red Bull. Eles o colocaram em seu programa de jovens pilotos ao lado de Carlos Sainz Jr e Alex Lynn.

No ano de 2014 a Arden foi a casa de Gasly na Fórmula Renault 3.5. Ele terminou com a segunda colocação geral, sendo extremamente competitivo durante todo o ano, porém sem amealhar nenhuma vitória; Sainz foi o campeão.

Pierre também foi verificar a temperatura na GP2 e no ano seguinte mudou para a categoria em tempo integral com a DAMS. Pelo segundo ano consecutivo o Tema da Vitória em ritmo de Marselhesa não tocou e ele ficou em oitavo na classificação geral. Sainz já tinha conseguido sua vaga na Fórmula 1, enquanto o francês parecia que se tornaria uma pepita de ouro de tolo, no entanto a Red Bull manteve sua fé, e Gasly teve seus primeiros testes na categoria mãe.

Em Mônaco, pela GP2: a aposta acertada na PREMA começou a virar novamente o jogo.
Fonte: Youtube

Animado e sabendo que não poderia ter mais um ano ruim, Gasly se juntou à equipe Prema em 2016, em uma aposta que pagou-se já que a estreante logo provou ser o novo poder no campeonato. Apesar disso, a vitória continuou a driblar Pierre quando a temporada começou. O companheiro de equipe Antonio Giovinazzi terminou as duas baterias de Baku em primeiro, com o agravante de ultrapassar Gasly mesmo com o carro danificado. Parecia que outro companheiro de equipe o passaria para trás.

No Red Bull Ring, em pleno quintal dos patrões, uma rodada no piso molhado acabou com suas chances de vitória e manchou um pouquinho mais seu currículo, que já estava na fila do bilhete azul. Sua redenção finalmente chegou em Silverstone, embora o fim de semana tenha começado mal quando ele se envolveu em um acidente de carro a caminho do circuito, no qual sua mãe foi ferida. Uma bandeira vermelha custou-lhe uma provável pole position, mas na corrida ele superou Norman Nato e venceu. Outras vitórias em duas das três corridas seguintes fizeram a chefia ligar para o RH e suspender o aviso prévio. Giovinazzi ainda estava no páreo, no entanto, e em Monza o Safety Car custou a Gasly uma vitória que foi para seu companheiro de equipe.

Eles chegaram no final da temporada com Giovinazzi sete pontos à frente do francês, só que Pierre transferiu a pressão ao vencer a corrida de abertura da pole position, e com Giovinazzi incapaz de chegar além do sexto lugar na corrida final, o título era de Gasly.

A possibilidade de uma promoção antecipada para a Fórmula 1 tinha sido uma distração para Gasly nos últimos estágios de 2016. Em um ponto ele até sugeriu a um jornalista francês que ele estava sendo promovido à Toro Rosso no lugar do problemático Daniil Kvyat. No entanto, a equipe suspendeu as ambições de Gasly, renovou o contrato com Kvyat por mais um ano e enviou o novo campeão da GP2 ao campeonato de Super Fórmula do Japão.

Pagando a língua, mas aproveitando a oportunidade: bom ano na Super Fórmula Japonesa.
Fonte: GrandPrix 247

Gasly rapidamente entendeu as pistas orientais e os carros de alto desempenho. Ele levou apenas cinco corridas para conquistar sua primeira vitória, em Motegi, e acrescentou outra em Autópolis, graças em parte a uma estratégia de pneus bem avaliada. O segundo lugar em Sugo o deixou a meio ponto da liderança do campeonato, com apenas a corrida dupla final da temporada à frente.

Neste mesmo ano Gasly também apareceu como piloto substituto na Fórmula E, substituindo o líder do campeonato Sebastien Buemi na Renault. Ele terminou as duas corridas em Nova York à frente do piloto regular da equipe, Nicolas Prost, e marcou como melhor resultado um quarto lugar.

Enquanto isso, a roda da fortuna continuava a girar, e enquanto o francês subia Kvyat continuava a lutar na Toro Rosso. Em Cingapura, a equipe confirmou que Sainz se juntaria à Renault no ano seguinte, e na corrida Kvyat acertou um muro. De olho em seus planos para 2018, a Toro Rosso anunciou que Gasly faria sua estreia na F1 ao lado de Sainz na Malásia.

Ele classificou-se atrás do espanhol na corrida de estreia e na seguinte, no Japão, e terminou ambas fora dos pontos, porém com Sainz abandonando as duas o resultado não foi tão ruim. Gasly até correria a prova seguinte em Austin, mas tinha o último compromisso na Terra do Sol Nascente. Mesmo não conseguindo descontar a pequena diferença do líder, com o vice-campeonato pode-se dizer que saiu vitorioso da aventura nipônica.

No México, um tropeço: não conseguiu o tempo mínimo para se classificar no grid, e precisou de uma permissão especial para largar da última posição (o que seria seu lugar de direito naquela prova, uma vez que havia tomado uma punição de 20 posições por troca de motor). Na corrida, um modesto 13º lugar, desempenho parecido com o da última prova do ano, no Brasil.

Titular da temporada de 2018, sua primeira completa, Gasly alternou momentos excelentes, como o sexto lugar no grid do Bahrain, terminando a prova na quarta colocação, seu melhor resultado até agora, com momentos Os Trapalhões quando, na corrida seguinte, bateu no companheiro de equipe Brendon Hartley.

Seguindo as condições normais de conduta da Red Bull, esperaríamos que o francês tivesse mais uma chance de se provar na equipe satélite, mas a dança das cadeiras provocou uma decolagem forçada: com Ricciardo abandonando a turma dos energéticos para tentar a vida na Renault, Gasly foi promovido e será companheiro de Max Verstappen na equipe principal agora em 2019.

Com apenas 23 anos, ao lado de um piloto que terá todas as atenções da equipe e com um equipamento capaz de leva-lo ao pódio, veremos agora de que realmente é feito Pierre Gasly. Sua cidade natal sofreu invasões, cercos e períodos de trevas, mas sempre tornou a florescer e mostrar ao mundo que era uma vencedora. Agora é a vez de Pierre.

Para onde apontará o futuro de Gasly?
Fonte: PierreGasly.com

lll FORA DAS PISTAS

Gasly precisa fugir da fogueira das vaidades. O termo surgiu em 07 de fevereiro de 1497, quando os discípulos do padre profeta Girolamo Savonarola queimaram cosméticos, livros e obras de arte em Florença. Hoje significa um estado de espírito onde a falta de humildade pode acabar com uma carreira.

Hoje também comemoramos os nascimentos do escritor britânico Charles Dickens, do cantor brasileiro Pepeu Gomes e do ator americano James Spader (que está ótimo em The Blacklist, recomendo). Também faz aniversário o cantor country Garth Brooks, que, incorporando elementos de rock and roll ao ritmo típico do interior dos Estados Unidos estourou nas paradas de lá. Abstraiam a técnica vocal característica e digam se essa música não poderia ter sido gravada pelo Led Zeppelin, ou algo do The Animals.

lll A Série 365 Dias Mais Importantes do Automobilismo, recordaremos corridas inesquecíveis, títulos emocionantes, acidentes trágicos, recordes e feitos inéditos através dos 365 dias mais importantes do automobilismo.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.

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