Os testes de pré-temporada no Bahrein tiveram duração de três dias, as atividades foram bem movimentadas. O que mais surpreendeu foi realmente a confiabilidade dos carros, várias equipes conseguiram obter uma boa quilometragem no Circuito do Sakhir.
Confiabilidade
Os problemas sempre marcaram a pré-temporada, pois é o momento que o carro está sendo exigido ao máximo. Em anos que o motor também era aperfeiçoado, a dor de cabeça era bem maior, com várias falhas acontecendo ao longo das sessões.
As interrupções faziam parte das atividades, principalmente nos dois últimos dias de atividade, mas desta vez, apesar de alguns erros, em nenhum momento o regime de bandeira vermelha foi aplicado pois um carro ficou parado na pista.
Obviamente quebras aconteceram, a Williams foi o time que enfrentou mais problemas ao longo dos três dias de atividade. A quilometragem obtida pela equipe foi melhor no segundo e no terceiro dia, mas a situação na quarta-feira chamou a atenção. Enquanto a Red Bull teve um primeiro dia tranquilo com Max Verstappen, Sergio Pérez também lidou com alguns problemas e para não ser prejudicado, o time deixou o RB20 disponível ao longo de toda quinta-feira para o mexicano.
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Nota-se que ao longo das atividades a grande preocupação das equipes foi realmente com o ritmo de corrida e verificar possíveis acertos dos carros. A compreensão de como lidar com os equipamentos, projetar para quais pistas o carro vai desempenhar melhor foi essencial nesta avaliação tão curta dos equipamentos.
Em números, juntos, os dez times do grid percorreram cerca de 20.000 km. Os próximos dias, até a primeira corrida – que já será disputada neste fim de semana – serão marcados pela análise dos dados. Eles precisam chegar se aquilo que foi visto na fábrica bate com os dados coletados em pista. Sem dúvidas era melhor quando a pré-temporada era realizada cerca de 15 ou 20 dias antes da primeira prova, mas a realidade que a categoria enfrenta agora é completamente diferente.
O flow-vis e os aero rakes marcaram presença durante os três dias, afinal, os times precisavam realmente verificar a eficiência aerodinâmica dos carros. No Bahrein as equipes enfrentaram momentos que as rajadas de vento deixavam mais complicado de guiar os carros, mas novamente a Red Bull merece pontos, pois mostrou uma boa estabilidade.
As voltas rápidas não eram o real foco, mas alguns times tentaram algum giro rápido, principalmente no último dia de atividades. Os cinco pneus da gama da Pirelli estavam disponíveis para as equipes, mas muitos desistiram de avaliar os compostos macios (C4 e C5), dando preferência para trabalhar com os pneus que realmente serão usados ao longo do GP do Bahrein.
The #Bahraintesting comes to an end. It’s a #Ferrari driver who was quickest overall, with @Carlossainz55 heading the field with the time he set yesterday. Over the whole three days, the total distance covered by all the drivers was 19,954.044 km 😯 #F1Testing #Formula1 #Fit4F1 pic.twitter.com/y8Z4sfLkdD
— Pirelli Motorsport (@pirellisport) February 23, 2024
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A Haas é a equipe que mais completou voltas nestes três dias de atividade, o time norte-americano chegou à marca de 411 giros no circuito barenita. O foco principal da equipe esteve no gerenciamento dos pneus, pois em 2023 eles sofreram com a degradação dos compostos, algo que prejudicou a possibilidade de obter mais pontos.
É importante reconhecer esse desempenho da Haas, afinal, nas últimas pré-temporadas, eles sofreram com várias quebras, assim como aconteceu com a Alfa Romeo. Ao longo dos campeonatos isso também se traduziu em problemas que prejudicavam treinos livres e as sessões mais importantes do final de semana – classificação e corrida.
TOTAL LAPS COMPLETED 📊@HaasF1Team take the honours for most laps completed in our pre-season test! 👌#F1Testing #F1 pic.twitter.com/WD2lOR81N9
— Formula 1 (@F1) February 24, 2024
A Red Bull também é um destaque da pré-temporada, apesar dos problemas enfrentados com Pérez no segundo dia de atividades, o carro do time austríaco mostra que está extremamente afinado e não tinha ninguém para dizer o contrário. A maior preocupação é bater a Red Bull em 2024, mas parece que todos os avanços que foram realizados nos outros projetos não serão suficientes para superá-los.
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A Ferrari foi a segunda equipe a ter mais quilometragem, enquanto Carlos Sainz o foi o piloto com o melhor tempo estabelecido durante os três dias de atividade. A equipe italiana parecia satisfeita com o que foi obtido em dados, além de várias vezes Fréderic Vasseur, afirmar que o posicionamento de Sainz e Charles Leclerc com relação ao SF-24 estavam bem alinhadas e os competidores se sentiam confiantes guiando o novo equipamento.
Outro aspecto importante dos testes realizados pela Ferrari tem relação direta com a degradação dos compostos, uma situação que aparenta ter evoluído. Pelas simulações que foram analisadas, a Ferrari também estaria mais próxima da Red Bull neste ano, mas está é uma área que os italianos estão pedindo um pouco mais de cautela e a verdade será revelada nas primeiras corridas do ano.
Mercedes e seu novo conceito
Digamos que a Mercedes está atrasada dois anos, depois que insistiu no conceito do zeropode. Agora a equipe está lidando com tudo de novo, investindo em um projeto mais semelhante as apostas do restando do pelotão, mas ainda é cedo para dizer que os alemães acertaram.
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Lewis Hamilton e George Russell demostraram mais otimismo com o W15. No ano passado a novela era diferente, logo nas primeiras avaliações os pilotos já demonstravam insatisfação com o equipamento. Na nova temporada de Drive to Survive, que relata os acontecimentos de 2023, Hamilton tinha mostrado que a equipe estava realizando uma aposta ruim para a temporada e logo os problemas foram confirmados pela Mercedes. Basicamente não tinha adiantado de nada passar 2022 coletando dados por grande parte do campeonato.
Enquanto o cenário aponta ainda uma Red Bull isolada, a Mercedes neste ano deve brigar novamente com Ferrari e McLaren, aqueles que vão brigar por pódios e aguardar um deslize da Red Bull para tentar uma vitória. A Mercedes manteve o seu foco na pré-temporada no ritmo de corrida e deve experimentar um duelo acirrado com a Ferrari durante as provas, mas ainda estaria devendo em classificação.
Outros pontos da pré-temporada
A McLaren não passou ilesa pelos testes, alguns poucos problemas surgiram, mas nada como nos últimos dois anos. Um problema com a embreagem surgiu no terceiro dia de testes, limitando o tempo de pista de Lando Norris, mas a solução foi encontrada e Oscar Piastri conseguiu dar continuidade as avaliações. Tudo indica que a McLaren vai começar esse ano já podendo almejar pódios no começo do campeonato.
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A Aston Martin é uma grande incógnita, os britânicos acreditam que o carro está mais bem preparado para 2024 e com isso eles conseguiriam lidar melhor com as atualizações que estão por vir. Novamente nos testes de pré-temporada Fernando Alonso estava mais seguro com o equipamento, enquanto Lance Stroll não correspondeu com o ritmo que era esperado.
Sabemos que essa briga pelos cinco primeiros colocados no campeonato será intensa, mas o que faz a diferença no final é a capacidade que a dupla de pilotos tem de pontuar juntos. A Aston Martin em 2023 poderia ter salvado mais pontos no começo da temporada, se não fosse o desempenho de Stroll e todo o caos envolvido em sua recuperação depois que o piloto fraturou os punhos.
A Racing Bulls chamou a atenção nestes três dias de avaliação realizados no Bahrein. Tanto Yuki Tsunoda como Daniel Ricciardo estavam felizes com a coleta de dados. No entanto, essa foi uma equipe que teve um atraso em desenvolvimento e assim como a Mercedes está correndo atrás do tempo perdido.
Observando a Williams nestes três dias de testes, é o time que desperta mais preocupação. O crescimento em 2023 e a chegada de James Vowles merece um destaque e é nesse ritmo de progresso que a equipe de Grove encara 2024. No entanto, os testes foram difícieis, com vários problemas no carro, especialmente no primeiro dia de avalição.
A Williams tem buscado contar com um carro mais versátil, podendo ter um desempenho melhor em mais circuitos. O time ainda vai tomar um tempo para aprender a lidar com esse equipamento. Quebras na Williams podem ser especialmente dolorosas, principalmente em etapas que eles têm potencial para pontuar.
Podemos dizer que a situação da Sauber se assemelha a Haas, já que conseguiram evitar uma chuva de problemas. O carro passou por uma boa mudança para 2024, em busca de torná-lo mais eficiente em competitivo. Um problema acometeu a equipe no último dia de testes, mas a quilometragem obtida foi bem significativa.
Alpine – colhendo o que plantaram nos últimos anos
As últimas informações que relatam a realidade da Alpine, demonstram que a equipe está com um carro bem problemático para 2024. O equipamento estaria acima do peso, contando com uma aerodinâmica ineficiente e o ritmo de corrida não é dos melhores.
E se isso realmente for a realidade do time, será mais um ano brigando para obter pontos, lutando para terminar entre os dez primeiros. Porém, essa não é uma completa surpresa. Após anos realizando trocas repentinas e ineficientes, além do plano de voltar a vencer em 100 corridas, a Alpine se perdeu completamente.
Os dois pódios que a Alpine conquistou em 2023 mascaram a realidade do time, pois aqueles pontos colaboraram na tabela do campeonato. Porém, já tem tempos que a Alpine está dando sinais de alerta, que as coisas não vão bem. A debandada de funcionários também aponta um momento complicado para o time, onde será difícil ter bons resultados.