ColunistasFórmula 1Post

Eficiência dos pneus de chuva prejudica andamento do GP do Japão

A chuva tomou conta do GP da Japão, a prova ficou um período em bandeira vermelha antes da direção de prova optar por reestabelecimento do evento

O GP do Japão não foi disputado em sua totalidade, apenas 28 voltas das 53 previstas foram realizadas. O problema foi gerado por conta da chuva, pouco depois da largada o Safety Car entrou em pista para comboiar os pilotos em decorrência dos acidentes que aconteceram pelo traçado.

A prova ficou em bandeira vermelha até ocorrer uma janela capaz de permitir o seu reestabelecendo, algo que só ocorreu na última hora do evento. Max Verstappen que conquistou a pole no sábado, venceu a prova no domingo e faturou o segundo título da sua carreira.

Como foi indicado pela previsão do tempo, na sexta-feira o circuito foi tomado pela chuva, mas os pilotos ainda realizaram as suas avaliações. No sábado tivemos tempo firme e a classificação foi disputada em pista seca, mas no domingo a chuva voltou a invadir mais uma vez o circuito.

A chuva começou a cair pelo traçado antes de ocorrer a liberação do pit-lane. A direção de prova sabia que seria um domingo complicado, pois não existiria uma brecha muito grande para a realização da prova depois do início da chuva.

Os pneus de chuva eram os únicos que possibilitavam a entrada dos pilotos na pista, porém, os compostos usados nesta situação não são tão eficientes. Ao longo da temporada a Fórmula 1 tenta ao máximo montar um calendário para fugir das chuvas e não ter problemas com os seus eventos.

Os compostos usados em pista seca são usados várias vezes ao ano, mas também existe uma cobrança da própria categoria para que eles sejam mais desenvolvidos e apresentem mais durabilidade. A mesma cobrança não acontece com os pneus para a pista molhada, onde a Pirelli e nem mesmo a categoria se esforçam para o seu desenvolvimento. É necessário que a categoria e os times solicitem uma alteração formal para a mudança dos pneus de chuva e que eles também colaborem para o desenvolvimento deste composto, participando dos testes.

Com os calendários cada vez mais inchados, a Pirelli encontra mais dificuldade para fazer os desenvolvimentos dos pneus. Os times até recebem para participar das sessões, mas tem se tornado cada vez mais difícil convencer as equipes a permanecer por mais dois ou três dias no circuito e disponibilizar uma equipe para acompanhar a sessão, além do carro, justamente pelo número crescente de rodadas duplas e triplas.

O circuito de Paul Ricard é uma pista perfeita para testes até mesmo para dar uma atenção melhor aos pneus de chuva, pois tem um sistema de irrigação eficiente capaz de simular uma pista molhada por conta da chuva, sendo muito mais eficiente que molhar o traçado com caminhões pipa. Mas novamente, é complicado agendar sessões para os testes e colaborar com a ajuda de todos.

A categoria também não organiza mais sessões de testes como antes, além disso, os testes de pré-temporada que aconteciam na Espanha, foram alterados para o Bahrein, prejudicando ainda mais o tempo de testes e desenvolvimento dos times.

E ainda nas raras oportunidades que os pilotos se deparam para andar com a pista molhada, os times têm atitudes mais conservadoras para evitar incidentes que possam danificar os carros.

Os pneus usados no GP do Japão

Apenas os pneus de chuva foram usados no GP do Japão. Sebastian Vettel conseguiu avançar no grid, depois da Aston Martin trabalhar com uma boa estratégia – Foto: reprodução F1

Os compostos de pista seca foram avaliados apenas no sábado, quando os pilotos tiveram contato com a pista seca. O TL3 foi uma sessão para coletar dados em modo de simulação de corrida e destinar os últimos minutos da atividade para algumas voltas de classificação, preparando os carros para a classificação.

Durante o Q1 a Mercedes foi para a pista usando os pneus médios, mas como não conseguiu tempo com eles, retornou aos boxes e usou os pneus macios.

O GP do Japão contou apenas com 28 voltas, os pilotos começaram a corrida com os pneus intermediários (faixa verde) instalados, depois que a direção de prova não forçou as equipes a começar a corrida com os compostos de chuva extrema (faixa azul), deixando a escolha por eles. A atitude resultou na aquaplanagem de Carlos Sainz que rodou e ficou parado em trecho perigoso da pista, onde faltava visibilidade.

Além do incidente com Sainz, Alexander Albon abandonou a corrida depois de um toque com Kevin Magnussen, o impacto gerou um dano no radiador, provocando a perda da pressão da água. Sebastian Vettel foi outro piloto que se envolveu em um incidente e rodou, caindo para o final do pelotão, enquanto Pierre Gasly teve uma placa de pista atingindo o seu carro, danificando então a asa dianteira.

O piloto alemão da Aston Martin conseguiu se recuperar na prova, não porque a pista permitia ultrapassagens, mas pelo momento que escolheram para realizar a parada. Vettel e Latifi seguiram para os boxes na quinta volta da corrida, quando os pneus de chuva extrema estavam rendendo e vários competidores se sentiam inseguros para instalar os pneus intermediários. Com isso Vettel avançou no grid e pode brigar pela sexta posição. Latifi terminou a prova em nono e obteve os primeiros pontos da temporada 2022.

Verstappen venceu a prova depois de realizar a sua parada na volta sete, Sergio Pérez, Charles Leclerc, Esteban Ocon e Lewis Hamilton seguiram a mesma estratégia. Ao longo da corrida a prova ficou marcada pela batalha entre Ocon e Hamilton, com o inglês pressionando o adversário em busca do quarto lugar.

Os pneus intermediários de Charles Leclerc acabaram pouco depois de completar três voltas no circuito, o piloto foi lutando com o carro até o final da prova por conta do alto consumo. Próximo do encerramento da prova Sergio Pérez passou a duelar de forma mais direta com o monegasco, gerando a situação final onde Leclerc escapou da pista e foi punido por ter ganhado vantagem com a manobra. Leclerc perdeu o segundo lugar e por consequência Verstappen foi coroado campeão no Japão.

Os compostos trabalhados no carro da Red Bull costumam ser mais eficientes e apresentam menos desgaste como acontece com os carros da Ferrari, onde a dupla de pilotos precisa trabalhar com mais paradas, para ainda manter um bom desempenho.

A durabilidade dos pneus que foram usados no GP do Japão – Foto: reprodução

“O Grande Prêmio do Japão se resumiu a uma corrida Sprint de 40 minutos depois que as condições molhadas prejudicaram muito a visibilidade para a corrida começar. Começaram com os pneus de chuva extrema, mas logo ficou claro que os intermediários eram os melhores para as circunstâncias e assim tiveram um desempenho forte em condições adversas em um ritmo impressionante. Cuidar dos pneus dianteiros foi fundamental, com os pilotos mostrando suas habilidades no gerenciamento de seus intermediários usados ​​durante as etapas finais da corrida. Um grande obrigado aos incríveis fãs japoneses, que finalmente viram um Sprint cheio de ação depois de esperar tanto, mostrando mais uma vez sua paixão e compromisso com a Fórmula 1, permanecendo parado apesar do clima desafiador. Eles merecem todo o nosso carinho e apoio”, disse Mario Isola.

Mostrar mais

Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo