Sérgio Sette Câmara foi anunciado há dois dias como piloto de testes da McLaren para a próxima temporada. O mineiro está no GP do Brasil para aprender mais com a equipe. Hoje (08) em entrevista concedida na própria McLaren, Câmara e Gil de Ferran falaram um pouco sobre as mudanças e o que esperam para o próximo ano.
Câmara realizou o seu primeiro teste com o simulador da equipe inglesa dias atrás e foi o que determinou a sua entrada na equipe, pois foi considerado apto para trazer as informações para o time e auxiliar no seu crescimento.
Câmara agora busca a superlicença que pode auxilia-lo no futuro da categoria, então no próximo ano ele vai continuar buscando os pontos de que precisa para obtê-la, mas principalmente ajudando no desenvolvimento do time.
Qual vai ser a sua programação para o próximo ano?
SC – Então agora Fórmula 1 acaba de vir de três finais de semana seguidos, desde que a gente confirmou, não tivemos tempo de passar isso tudo, foi anunciado agora. Então eu já fiz uma sessão de simulador lá, mas foi uma sessão de simulador onde era mais para eles verem se eu tinha condição de fazer essa função de estar lá por de trás do simulador. Não foi vendo com que tipo de coisa que eu vou trabalhar no ano que vem. Então é uma coisa que eu vou ver ainda, vou estar trabalhando a partir do ano que vem.
P – Gil sobre o ano que vem. Obviamente a McLaren é uma das últimas esse ano, trocaram o motor esperando que seria um avanço, mas o problema é o carro mesmo. Como você vê a situação para o ano que vem e o que vocês estão apostando para melhorar?
Trabalhando (risos). Apostando no trabalho, a gente está reformulando, desde o começo do ano nós estamos falando muito em reformular a equipe, melhorar a organização, melhorar a comunicação e uma coisa eu posso dizer é que existem muitos talentos hoje, mesmo hoje dentro da McLaren, então eu acho que hoje está em como fazer com que todo esse pessoal possa trabalhar melhor juntos. Isso é uma coisa que eu pessoalmente estou me concentrando muito mas eu diria que todos da equipe enxergam isso da mesma maneira. E não da para especular com relação ao ano que vem, a única coisa que eu posso te dizer é que nós estamos muito focados, muito concentrados, a equipe está super energizada e vamos para o trabalho.
Vocês trabalham com alguma meta de nos próximos anos estarem brigando por vitórias?
Olha, o bom de corrida é que a meta é simples, é o número um (risos). Acho que em qualquer esporte é simples, agora como você chega lá é a questão maior, e nas minhas experiências é se preocupando com as coisas do dia-a-dia. E tentar tomar uma decisão hoje e outra amanhã e trabalhar bem na reunião é assim que a gente trabalha.
P – Gil você fez parte da época em que existia vários pilotos brasileiros talentosos na Fórmula 1, na Fórmula Indy e em várias categorias. Hoje o Sérgio está se juntando a equipe, mas ainda existe uma seca de talentos, ao que você credita isso?
GF – Olha me perguntaram sobre isso outro dia, eu acho que são vários fatores que tem a ver com o que está acontecendo, com o automobilismo nacional, ou o que está acontecendo com o cenário do automobilismo nacional, mudança estruturais dentro do automobilismo do Brasil. Mas a gente precisa de muito mais que está conferência de imprensa para a gente conversar.
P – Como você definiria as principais características do Sérgio como piloto? Se você pudesse resumir isso.
GF – Primeiro muito simpático! Uma das coisas que mais me impressionou no Sérgio, foi uma coisa meio que sem querer. Eu estava assistindo a televisão, e eu sou o primeiro a admitir, eu não conhecia a história dele, nem no automobilismo brasileiro, nem no exterior, mas estava vendo um tape de Macau e quem anda bem em Macau anda bem. Porque é a pista mais difícil, mas encardida que eu já vi na minha vida. E ele estava disputando a primeira colocação e isso me acendeu aquela lâmpada de curiosidade e eu fui procurar um pouco mais sobre o Sérgio. E esse ano observando-o, mesmo com as dificuldades, o Sérgio falou fui um ano difícil para a Fórmula 2 como um todo, muitos problemas nos carros, e eu acho que ele lidou bem emocionalmente com todas essas dificuldades.
P – Sérgio você vai ter esse final de temporada para ter um tempinho para trocar ideias com Fernando Alonso. Que tipo de dica você pode pegar com um bicampeão mundial? E Gil como você pode interceder nessa troca de informações entre o Sérgio e o Fernando?
GF – Eu esqueci de dizer uma coisa, mas o fato dele se dar bem com o Lando, isso pra mim pesa bastante, porque mostra uma atitude de colaboração, não de egoísmo. Então a única coisa que eu posso fazer é incentivar, a colaboração a abertura entre os pilotos e engenheiros, porque sem essa colaboração a gente não consegue trazer o conhecimento de cada um para o todo e não anda para a frente.
SC – O Fernando é uma pessoa muito ocupada, e está ai nas corridas, eu estou aqui um final de semana e é de corrida e ele está trabalhando e eu sei como é que é, no final de semana. Mas ontem a gente fez uma produção de conteúdo aqui e uma das perguntas era um conselho que eu poderia pedir a ele. E apesar de ser filmado ele respondeu com sinceridade e de uma forma legal e é muito legal escutar uma coisa de uma pessoa que eu respeito tanto e que teve uma carreira de sucesso.
E qual foi a pergunta?
SC – A pergunta foi como estar a tantos anos como um piloto de ponta? Como sendo considerado por muitos na Fórmula 1. Como fazer isso tantos anos seguidos sem cansar? 20 viagens só para as corridas, fora o simulador, coisas que a gente nem vê, coisas que tem com empresas, é muito cansativo. E como ele mantém isso todos os anos. E ele falou que ele está sempre cansado, falou que é mais a força de mesmo assim fazer o seu trabalho, seguir trabalhando e também a parte de relacionamento, tentar ter um bom relacionamento com a equipe. E eu achei importante.
Eu não conheço a Fórmula 1 ainda, mas a Fórmula 2, tem 12 pessoas em uma equipe, é um número bem reduzido, mas acredito que faz muito sentido, aqui na Fórmula 1 tem um número de pessoas maior, então o relacionamento é muito importante aqui.
P – Falando em relacionamento, a McLaren tem uma relação com o Brasil de longa data e agora está cheio de brasileiro, com a Petrobras. Facilita a sua entra na Fórmula 1 e a sua convivência? Sabe o que a pessoa está falando, conhece a cultura.
SC – Olha eu acho que aqui é um ambiente muito profissional, ajuda no sentido do ambiente ser mais confortável, poder fazer uma pergunta em português é mais confortável, ter uma empresa brasileira no time. Até no meu subconsciente trás uma sensação que o meu país está envolvido com isso, é interessante. Mas é aqui as decisões são feitas baseadas no profissionalismo e tudo isso que o Gil falou no começo da entrevista. Eu não pretendo me beneficiar, e não acho que vai ter nenhum tipo de ajuda por conta disso, mas o ambiente fica mais confortável na minha opinião.
Gil vê de outra forma, que mesmo tendo brasileiros na equipe, o que importa é o profissionalismo. Porque dentro da empresa existem várias nacionalidades e no dia-a-dia não é algo que vem à tona para ele e não está na sua cabeça.
Câmara, ainda não sabe se vai participar de treinos livres ou testes com o carro na próxima temporada a McLaren não deu esse tipo de informação a ele ainda, mas ele sabe que tem um trabalho duro e com muito aprendizado pela frente.
Foto de capa: Pirelli